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domingo, 8 de maio de 2016

Se Jesus fosse católico...

...A última ceia com os apóstolos teria sido diferente. Ele não teria partido o pão, mas distribuiria pequenos biscoitos redondos de massa finíssima e teria dito para os apóstolos não morderem, mas deixarem derreter na boca. E depois pegaria o cálice de vinho e beberia sozinho, sem dar nada para ninguém, estragando todo o simbolismo da cerimônia. (Lucas 22:17-20; I Coríntios 11:23-25)
Se Jesus fosse católico, não teria dito ao ladrão na cruz ao lado que estaria com ele no Paraíso naquele mesmo dia. Pelo contrário, teria afirmado que, por não ter sido batizado e portanto ser um pagão, o ladrão teria que cumprir uma longa jornada no purgatório, para só então pode ser purificado – pelo fogo, não pelo sangue que estava sendo derramado naquela mesma hora – e então, talvez, ser admitido no céu. (Lucas 23:43; I João 1:7)
Se Jesus fosse católico, teria dito também que, para garantir a entrada no céu, a família do ladrão deveria mandar rezar uma missa de corpo presente, antes do seu sepultamento. Depois de uma semana, mandariam rezar uma missa de sétimo-dia. O mesmo procedimento deveria ser feito após um mês e após um ano da morte do coitado. E todos os anos, no dia de finados, eles deveriam ir rezar pela alma do condenado. Assim talvez ele entrasse no céu.
Se Jesus fosse católico, nunca teria afirmado que tudo que pedíssemos em Seu Nome receberíamos, mas sim que deveriam esperar que todos os apóstolos morressem, e só então, os devotos poderiam começar a rezar para os falecidos apóstolos para que eles, mesmo mortos, recolhessem as preces e as levassem a Jesus. Talvez, alguns pedidos mais simples fossem atendidos pelos próprios apóstolos defuntos, outros seriam distribuídos aos santos - igualmente finados - como numa repartição pública; e os casos mais complicados seriam atendidos só mesmo depois de levados à sua santa mãe. Jesus mesmo só em último caso, pois Ele estaria sempre muito ocupado. (João 14: 13, 14; 16:23)
Se Jesus fosse católico, de forma alguma teria entrado em Jerusalém montado num jumento, mas sim numa carruagem moderna,  toda pintada de branco, com uma cabine de vidro à prova de flechas, doada pelo melhor fabricante de carruagens de todo o império romano. (Mateus 21:1-15)
Se Jesus fosse católico, não teria repreendido Pedro dizendo “para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens”; ele teria seguido à risca o palpite do apóstolo e não teria ido a Jerusalém morrer por todos nós. Ele teria dito a Pedro: “sim, santo padre, perdoai minha fraqueza”. (Mateus 16:23)
Se Jesus fosse católico, Ele diria claramente que a pedra de esquina sobre a qual se ergueria a Igreja era Pedro. (Mateus 16:16-18). Aliás, se Jesus fosse católico, Ele teria se ajoelhado diante de Pedro e beijado os seus pés.
Se Jesus fosse católico, não existiria Cristianismo, porque Ele teria obedecido todos os ditames do antigo Judaísmo, para não causar nenhum cisma na religião de seus pais. Afinal, o Judaísmo era mais antigo, mais tradicional e mais conhecido. Ele nascera no Judaísmo tradicional e portanto, morreria no Judaísmo tradicional, ensinando o Judaísmo tradicional. Ele não poderia se sujeitar a ser chamado de cismático. (Mateus 5:22, 28, 32, 34, 39, 44 etc.)
Se Jesus fosse católico, não diria que o maior deve servir ao menor. Mas ao contrário, Ele estabeleceria uma escala entre os apóstolos, sendo Pedro o chefe e os demais seus subordinados, numa espécie de colégio apostólico de rígida hierarquia. (Marcos 10:42-45)
Se Jesus fosse católico, nunca teria confrontado os escribas e fariseus, porque eles seriam os guardiões da Palavra escrita, e graças a eles as Escrituras eram preservadas através dos séculos. Quem era aquele simples carpinteiro para questionar o Sagrado Magistério, a quem cabia ler e interpretar a Lei e os Profetas? (Mateus 5:22, 28, 32, 34, 39, 44 etc.)
Se Jesus fosse católico, jamais diria que os fariseus pecavam por darem mais valor às tradições humanas do que às Escrituras. Pelo contrário, ele os exaltaria como exemplo de manutenção de usos e costumes sem nenhuma relação com a Palavra de Deus. (Mateus 15:1-9; Marcos 7:1-13)
Se Jesus fosse católico, nunca teria dito a Maria “que tenho eu contigo?”, mas pediria a ela orientação de como agir naquela situação. E Maria nunca teria dito às pessoas “fazei tudo o que Ele vos disser”, mas teria ela mesma dado instruções para que o milagre fosse concretizado. (João 2:4, 5)
Se Jesus fosse católico, Ele não teria irmãos e irmãs, mas sim primos e primas. (Marcos 6:3)
Se Jesus fosse católico, não afirmaria que “o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai” (Mateus 15:11; Marcos 7:15, 18-20). Ele teria dito que deveríamos observar dias em que não deveríamos comer carne, apenas peixe. (Lucas 5:33-34)
Se Jesus fosse católico, Ele teria dado o exemplo e seria o primeiro a chamar Pedro de “nosso papa”, e jamais teria afirmado que não deveríamos chamar ninguém de “pai”, a não ser Deus, que está nos céus. (Mateus 23:9)
Se Jesus fosse católico, ele teria sim onde recostar sua cabeça. Ele moraria num palácio bem ao lado do seu grande templo, com apartamentos privativos e uma sacada de onde falaria às multidões nos dias santos. Além disso, teria um castelo de verão para passar as férias, num local mais afastado e tranquilo. (Mateus 8:20)
Se Jesus fosse católico, Zaqueu não teria distribuído aos pobres o que roubara, mas teria doado tudo à santa e una igreja de Jesus como prova de submissão e penitência, e depois de raspar a cabeça, se tornaria um monge descalço que sobreviveria de esmolas. (Lucas 19:1-10)
Se Jesus fosse católico, nunca diria aos discípulos que eles seriam perseguidos, açoitados e levados a interrogatório diante dos reis e governantes deste mundo, mas profetizaria que eles seriam honrados pelos homens, levantados como líderes mundiais, como atalaias de nações e conselheiros de reis, para governar em nome de Deus. Diria que eles seriam os representantes de Deus na Terra, e como tais, teriam o direito divino de coroar e destronar reis e presidentes. (Marcos 13:9)
Se Jesus fosse católico, não pregaria nas sinagogas, nas praias e debaixo de árvores, mas sim no púlpito de bronze da recém-inaugurada sede mundial da “Igreja Una, Apostólica e Ecumênica”, ricamente decorada em mármore e pedras preciosas, construída com as ofertas dos fiéis e bens saqueados dos infiéis, incluindo ouro e prata das colônias e obras de arte de todos os cantos da Terra, sem falar nas doações dos governantes que quisessem ficar de boa com Ele.
Se Jesus fosse católico, nunca diria que não devemos nos assemelhar aos gentios (Mateus 6:8), nem que devemos ser sal da terra e luz do mundo (Mateus 5:13-16). Pelo contrário, ele diria que poderíamos continuar festejando aos deuses das nações idólatras, apenas mudando o nome deles para o nome dos mártires cristãos. Com isso teríamos um ano inteiro de dias santos e um calendário litúrgico com instruções especiais para cada festa.
Se Jesus fosse católico, ele defenderia a isenção de impostos para os líderes religiosos e seus templos (afinal, “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”). Com isso teria direito a um terreno no melhor lugar de cada cidade destinado à construção de um templo, nem que fosse ocupando o lugar de culto das outras religiões.
Se Jesus fosse católico, teria abençoado as galés romanas em suas missões de invasão em outros territórios, com a garantia de que os povos e países dominados fossem submetidos à fé cristã, e Roma deveria ter ciência de que era apenas beneficiária da terra que seria, de fato, posse de Cristo.
Agora, cá pra nós, se Jesus fosse católico, com toda certeza Ele reivindicaria a participação dos cristãos no Senado imperial. Ele diria no palanque, sob aplausos, que “a voz do povo é a voz de Deus”, e que um país só pode prosperar se for governado por pessoas justas e tementes a Deus.

Certamente, se Jesus fosse católico, não sofreria tanto.
Se Jesus fosse católico, ele não morreria por mim e por você. Em vez disso, Ele nos mandaria fazer milhares de penitências para pagarmos o nosso débito com Deus.

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

As 7 igrejas de Apocalipse (III)

Pois bem, agora que já sabemos quem foi a Jezabel histórica, temos condições de analisar melhor a Jezabel profética, que aparece em Apocalipse como sendo “profetisa” na igreja de Tiatira.
Apocalipse capítulo 2:
18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente:
19 Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras.
20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos;
21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras dela;
23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas obras.
24 Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei;
25 mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28 também lhe darei a estrela da manhã.
29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dia às igrejas.
Contextualização - Tiatira não era rica como Éfeso nem importante quanto Pérgamo. Mas sua produção de tecidos, principalmente o índigo, tornou-a famosa. Havia ali várias associações profissionais, uma espécie de sindicatos. Na carta que Jesus manda João escrever para aquela igreja, primeiro há um elogio às suas qualidades.
O amor de Tiatira (v. 19), ao contrário de Éfeso, aumentara. Também era rica em obras: evangelizava e socorria os necessitados e com isso mostrava sua fé (cf. Tiago 2:14). Mas apesar dessas boas qualidades, a igreja foi reprovada por estar tolerando uma mulher que, dizendo-se profetisa, desencaminhava os fiéis à idolatria e à prostituição (v. 20), e que já teria tido tempo para se arrepender (v. 21). Seu castigo atingiria os seus seguidores (22, 23), mas os que a repelissem seriam recompensados (24-28).
Podemos fazer várias analogias, mas a que eu considero mais importante é a seguinte: Tiatira identifica muito claramente a igreja católica medieval. Na perspectiva cronológica, como vimos aqui, ela sucede Pérgamo, o paraíso dos nicolaítas (a igreja da hierarquia e do domínio do clero sobre os leigos), e antecede Sardes, (a Igreja da Reforma, que logo se tornou estagnada e fria). Outras características que parecem ligar Tiatira ao catolicismo:
Suas obras, mais numerosas do que as primeiras (v. 19): muitos orfanatos, escolas, universidades, sanatórios, hospitais e muitíssimas outras obras de caridade foram construídos, financiados, mantidos e visitados somente pela igreja, que apesar de idólatra e já corrupta, era o que havia na época. Jesus reconhece esse esforço como sendo o amor que muitos cristãos demonstravam pelos necessitados. Apesar de tudo (idolatria, corrupção da igreja etc.), muitos cristãos ainda assim serviam fielmente ao Senhor.
Sua fé e perseverança (v. 19): mesmo com a grande infiltração de doutrinas pagãs, muitos cristãos tinham fé unicamente em Jesus Cristo. É preciso recordar que mesmo na época de maiores trevas espirituais havia grupos que buscavam estudar e entender a então rara Palavra de Deus, como por exemplo, os valdenses, os lolardos e outros remanescentes, apesar da pesada perseguição ordenada pela religião oficial encastelada em Roma.
Mas ela abriga Jezabel. A principal religião em Tiatira, antes do cristianismo (provavelmente com Lídia, cf. Atos 16:14 e 19:10), era a adoração de Apolo, o deus sol. Acreditava-se que ele comunicava o conhecimento do futuro por meio de profetas e oráculos. Em Tiatira, este rito era conduzido por uma profetisa, que entrava em transe e entregava as mensagens. O domínio desta religião era notável. Além do inegável fascínio do mistério, ninguém podia pertencer aos sindicatos profissionais a menos que participasse da adoração aos deuses locais. Qualquer um que recusasse a participar das festas – e conseqüentemente, das práticas sexuais que as envolviam – era impedido de entrar nestas associações. Para fazer parte da vida social e comercial o indivíduo tinha que ser praticante da idolatria pagã.
A antiga Jezabel do tempo de Elias regia o culto a Baal, que, como vimos, incluía adoração a ídolos, comida sacrificada a esses ídolos e a promiscuidade sexual, além do sacrifício de crianças. A Jezabel profética de Apocalipse é quase um clone da esposa de Acabe:
- “se diz profetisa”: como a sacerdotisa pagã de Baal, é por meio dela que vem a instrução do deus espúrio, só que na igreja de Tiatira ela está no meio da congregação cristã, trazendo falsos ensinos. Não é que verificamos na igreja católica, com as aparições de Maria? Fátima, Lourdes, Merdjugorje, em todas elas há a figura que se crê ser “a virgem”, mas que traz instruções que em nada se assemelham à Palavra de Deus – aliás, quase sempre são “segredos” ou “mistérios”. Ora, a Palavra de Deus é uma só e não pode se contradizer. Como pode Deus dizer que abomina a idolatria e depois, por meio da “virgem”, determinar que se ergam estátuas para serem, num eufemismo, “honradas”? Como se pode dizer que “é de Deus” a instrução para “participação na Santa Missa, confissão mensal... a reza diária do rosário e o jejum a pão e água”? É de Deus uma “aparição” que diz que “precisamos orar pelas almas do purgatório, porque assim ganhamos novos intercessores”, e uma vidente que diz receber diariamente as almas do purgatório? Link, link.
- “ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos”: talvez a igreja católica não incentive a prostituição no sentido direto da palavra, mas a Bíblia é clara ao comparar o culto a qualquer outra criatura com a prostituição. Só o culto a Deus é permitido, o resto é prostituição: “Para que não faças pacto com os habitantes da terra, a fim de que quando se prostituírem após os seus deuses, e sacrificarem a eles, tu não sejas convidado por eles, e não comas do seu sacrifício, e não tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, para que quando suas filhas se prostituírem após os seus deuses, não façam que também teus filhos se prostituam após os seus deuses” (Êxodo 34:15, 16). Ver ainda Oséias 3,  Deuteronômio 31:16; Juízes 2:17 e 8:33; Ezequiel 23:30.
É fácil deduzir que qualquer doutrina que permita adoração, ou como queiram, “honra”, que não a Deus, é prostituição, doa a quem doer. E a Jezabel profética de Apocalipse ensina isto. E a igreja que tolera essa falsa profetisa se assemelha a Tiatira. Aqueles cristãos devem ter se lembrado imediatamente das profetisas de Apolo e das sacerdotisas pagãs! Devem ter feito a associação imediata com os ritos sexuais dedicados aos deuses pagãos, não apenas os greco-romanos de seu tempo, mas também do antigo casal Baal e Astarote, de quem Jezabel era devota!
Como Jezabel perseguiu os profetas de Deus, a falsa profetisa de Tiatira também perseguiu a quem rejeitava sua autoridade e queria servir somente ao Senhor: não preciso listar as barbaridades que a igreja de Roma engendrou para silenciar os servos do Altíssimo. Se quiser saber mais, leia aqui. Como Elias, o povo de Deus teve que fugir para o deserto. Como os valdenses, isolados nas montanhas. Sob a imperatriz Teodora, entre 842 e 867 d.C., mais de 100.000 crentes foram mortos porque rejeitaram as imagens. Mais tarde, Wicleff e Huss foram apenas dois dos muitos mártires assassinados por não aceitar as heresias católicas (veja Apocalipse 13:7 e 17:6). A igreja de Roma chegou a ser tão pagã e malvada quanto Jezabel e Atalia;  mas Deus preservou um pequeno rebanho nessa longa noite de trevas.
A igreja dominada por Jezabel se desviou: tentou destruir a Bíblia, impedindo a sua leitura e até mesmo a sua posse. Do alto de seu trono dourado, ela se apoderou de nações inteiras. Prostituiu-se com os reis da Terra (Apocalipse 18:3, 9). Insiste que é o verdadeiro Corpo de Cristo e que seus “papas” são os vigários de Deus. Ensinos falsos, heresias. Completamente seduzida pelo Diabo, por sua vez tornou-se a sedutora de outros (Apocalipse 2:20), produzindo filhos bastardos.
Jezabel representa a igreja desviada, que mantém o poder religioso, enquanto Acabe representa o poder político. Ao casamento desses dois (união político-religiosa), segue-se rapidamente a apostasia e a perseguição de Elias, que representa o povo de Deus. No texto bíblico, vemos que governava Jezabel, e não Acabe. As ordens da rainha pagã eram prontamente atendidas pelo líder político. Da mesma forma, quando os reis da Terra fazem acordo com a igreja romana, quem passa a controlar o Estado é Roma: todas as suas imposições são seguidas à risca (Apocalipse 17:18). Isso permanece até hoje, quando os chefes de Estado vão a Roma pedir a bênção do “papa”; e este influencia pesadamente os governos locais (Apocalipse 13:7). Você duvida?
Jezabel é uma figura muito apropriada do que a instituição católico-romana se tornou. Ela se cobre de jóias e enfeites (II Reis 9:30; Apocalipse 17:4), embora às vezes um ou outro chefe queira passar uma imagem de simplicidade. Ela introduziu um paganismo que resultou em idolatria (prostituição espiritual) e um sistema religioso que nada tinha a ver com as igrejas apostólicas! Ela introduziu novas doutrinas como justificação pelas obras, regeneração pelo batismo, adoração a anjos, “santos”, imagens, celibato para o “clero”, confissão auricular, purgatório, a transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue de Cristo, indulgências, penitência, adoração de Maria, ritualismo pagão, sinal da cruz, água benta, óleo sagrado, rosário, etc. Veja você se isto é ensino bíblico ou não. Veja você se isto é a verdadeira igreja. Veja você se foi isto que Jesus instituiu. Esse sistema se parece mais com uma Noiva ou com uma prostituta?
Aos poucos percebemos também que muitos jesuítas hoje estão se infiltrando nas igrejas evangélicas para disseminar falsas doutrinas e a ensinar-lhes que a igreja católica é a igreja mãe, e deve ser respeitada! Evitam falar do catolicismo, e até elogiam seus líderes e os chamam de “irmãos”. Copiam suas vestes, sua organização e suas nomenclaturas! No próximo artigo, você verá que os ensinos de Jezabel, tão claros na Tiatira católica, já contaminaram a Tiatira evangélica. Infiltração? Cópia descarada da estrutura romana? Ou falta de sabedoria?
Continua...
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Curiosidades:
O nome Tiatira é de significado incerto: para alguns intérpretes significa “domínio feminino”, outros dizem que é “torre alta, fortificada”; para outros, “sacrifício de perfume”, isto é, “repleta de muitos sacrifícios”, e ainda “sacrifício de trabalhos”(?). Todos procuram algum sentido subjacente, mas eu mesmo não me convenci de que algum deles tem razão. De modo que não sei se isto é de fato importante. Ela é a moderna cidade turca de Akhisar (“castelo branco”, devido às muitas pedreiras de mármore que brilham das montanhas próximas). A cidade nasceu de um posto militar de Seleuco I Nicator, general de Alexandre, o Grande, em 280 a.C. Foi destruída por um grande terremoto durante o governo de Augusto (27 a.C. a 14 d.C.); depois de reconstruída, dizia-se “fraca tornada forte”. A cidade era conhecida pelas suas muitas associações comerciais, sendo que, para poder trabalhar, era necessário pertencer a alguma delas. Assim, cristãos se viram obrigados a participar de festas dedicadas às divindades pagãs. Tiatira tornou-se famosa por sua produção de tecidos, e é provável que o Evangelho tenha chegado lá através de Lídia. Evangelizada por Paulo em Filipos, retornou à cidade natal como portadora das Boas Novas de Salvação (Atos 16:14). O apóstolo haveria de confirmar o trabalho ali estabelecido em sua terceira viagem missionária (Atos 19:10).

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Roupa nova para velhas heresias (parte 3 e meio): mais nicolaítas!

Como dizem sempre, uma imagem vale mais do que mil palavras. Quanto valem então umas doze imagens? Geralmente essas coisas que escrevo giram em torno de 1500 palavras, o que daria uma imagem e meia; portanto, acho que essas imagens correspondem a uns dez artigos, o que me permite férias do blog até o 2014...
A explicação: as fotos abaixo são imagens feitas dentro de uma igreja dita “evangélica”, numa cerimônia a que chamaram “consagração de pastor”. Tampei os rostos das pessoas para não expô-las (ainda mais) ao ridículo... Vai que daqui a um tempo elas percebam o mico em que se meteram e se arrependam... Para mim, essa instituição é ex-evangélica, ex-batista, ex-igreja, pois toda essa fanfarronice, essa encenação, está mais para a Maçonaria do que para o Evangelho – veja só esses panos roxos nos ombros. São a plena confirmação do que eu escrevi anteriormente, sobre os nicolaítas. Gente que adora uma cerimônia, uma diferenciação entre “o clero”, “o sacerdócio”, e o povo, os leigos, os não-qualificados para o ensino e ministração da Palavra. E bota diferenciação nisso: quem em sã consciência usaria uma fantasia dessas? Obviamente, estou falando de gente que se diz “evangélica”, porque entre os católicos, budistas, muçulmanos etc., é comum usar fardamento especial e diferenciado. Quanto mais papagaiado, mais alta a posição, como na foto que ilustra o título desta postagem, ali acima. Veja o absurdo:





Finalizando, peço que me mostrem onde na Bíblia se diz que “consagração de pastor” tem que ter toda essa pompa e circunstância. Até onde entendo, a consagração ao ministério pastoral ocorre “com a imposição de mãos do presbitério” (I Timóteo 4:14). Que foi o que aconteceu quando a Igreja separou Paulo e Barnabé para pregar a Palavra: “Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram” (Atos 13:1-3). Oração, jejum, busca da orientação do Espírito Santo, e imposição de mãos. Essa tem sido a prática das igrejas evangélicas desde sempre... nada mais. No máximo, um sermão pregado pelo pastor recém-consagrado. Nada que dê a entender que seja necessária uma encenação teatral, uma pantomima de gosto duvidoso, parecendo mais um desfile a fantasia, daqueles que ocorrem no carnaval, não raro com alegorias saídas de mentes doentias de desviados comportamentais. Eu hein... a que ponto chegou a “cristandade”...

“Sei onde habitas... entretanto, algumas coisas tenho contra ti...  tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas” (Apocalipse 2:13-15).

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Dia de "são" João, "são" Pedro, "santo" Antonio...

24 de junho é o dia que os católicos dedicam a “são” João. Um dos “santos” mais festejados em diversos países, especialmente os de fala latina, em sua “honra” fazem festas, soltam fogos de artifício, sobem em troncos lubrificados, preparam comidas típicas, pulam fogueiras, cantam e dançam em roda até cair... e evidentemente, seguem procissões atrás da imagem do dito cujo, antes e depois de celebrarem suas missas.  É uma festa já tão tradicional que se torna extremamente difícil separar o que é cultural do religioso. Uma vez que a religião  muitas vezes molda a cultura, não se pode falar em uma celebração de cunho meramente “folclórico”.
Por exemplo – o aspecto cultural pode ser explicado pelo vasto processo de miscigenação que formou o povo brasileiro, ao longo dos séculos. A “dança da quadrilha”, tão popular nessa época do ano, herdou o nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a “quadrille”, em voga na França entre o início do século XIX e a I Guerra Mundial. A “quadrille”, por sua vez, já era um desenvolvimento da “contredanse”, popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII, a qual veio de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa. A “quadrille” veio para o Brasil seguindo o interesse por tudo que fosse a última moda de Paris (da criação da academia de letras ao uso do cavanhaque, tudo que era francês era “chic”).
Depois disso, como sempre, veio a mistura e a dança se fundiu com outras danças e se modificou, com o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses. Em contato com diferentes danças, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes: “Quadrilha Caipira” (São Paulo, Minas Gerais), “Saruê” (corruptela do termo francês “soirée”, no Brasil Central), “Baile Sifilítico” (é isso mesmo! Na Bahia), “Mana-Chica” (Rio de Janeiro), etc.
Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário “caipira”). O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais tanto no Brasil como na Europa, entre os começos do Romantismo e a II Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças, foi sistematizada e divulgada por igrejas e clubes, sendo defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas como expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufanista explica de certo modo o aspecto “matuto” (mas artificial) da quadrilha.
Outro aspecto interessante é composto pelas comidas típicas, consumidas por uma razão muito simples: o meio do ano é a época da colheita do milho, daí as comidas como pipoca, pamonha, e semelhantes (canjica etc.).
Já sabemos que o mito da fogueira se originou de uma mentira católica. Para “cristianizar” um costume pagão, a igreja de Roma inventou que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito por Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de seu filho João, e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte. Pura bobagem. Quando João nasceu, Maria já havia ficado em companhia de Isabel por três meses, mas já havia voltado para casa logo antes de o menino nascer (ver Lucas 1:56-58). Maria então já estava grávida de Jesus e precisava ir cuidar de si e do bebê que nasceria em breve. Pelo relato bíblico, quando João nasceu, não houve nenhuma fogueira. Esse negócio de fogueiras foi herdado das religiões pagãs da Europa medieval, que celebravam essa ocasião acendendo fogueiras e dançando ao redor delas, exatamente como nas “quadrilhas”. Não foi o contrário, isto é, a origem das fogueiras seriam cristãs. Não: são pagãs, doa a quem doer.
A festa pagã do solstício de verão na Europa (ou do inverno, no hemisfério sul), era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano). Leia mais aqui.
Outro mito extremamente sem cabeça é “são” João nascendo em junho, um tremendo chute. Como foi convencionado que Jesus teria nascido em 25 de dezembro, a lógica exige que João Batista tenha vindo ao mundo em 24 de junho. Na verdade é um erro em conseqüência de outro. Já vimos aqui que Jesus dificilmente teria nascido em dezembro. Se olharmos bem o que diz a Bíblia, a única fonte de informações confiável, veremos que Jesus nasceu de fato entre setembro e outubro (no mês de etanim), o que coloca o nascimento de João Batista em março (mês de abibe). Assim cai por terra a data de 24 de junho, ficando provado, mais uma vez, que o único motivo da festa é a adoção de uma celebração pagã.
Aliás, há outros “santos” populares celebrados nesta mesma época: “santo” Antônio (no dia 13) e “são” Pedro e “são” Paulo (no dia 29, supostamente data da execução dos dois apóstolos). Essas celebrações são particularmente importantes no norte da Europa - Dinamarca, Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Lituânia, Noruega e Suécia - mas são encontrados também na Irlanda, na Galícia (norte da Espanha e Portugal), partes do Reino Unido (especialmente na Cornualha), França, Itália, Malta, Ucrânia, e em outros lugares como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e até na Austrália.
Especialmente na “festa de santo Antônio”, multiplicam-se as chamadas “simpatias”, uma forma “light” de bruxaria, como por exemplo enterrar a imagem de cabeça para baixo até que o pedido de arranjar marido seja atendido (claramente uma forma de macumba). E também pendurar fitas em certas partes da imagem, lembrando rituais pagãos em honra a Príapo, também “suavizados” ou, se preferir, “cristianizados”... Quem quiser que pesquise depois.
Ficam duas advertências. A primeira, àqueles que ainda se apegam às tradições de “santos”, religiosidade e festas “folclóricas” juninas.
É  impossível participar de uma “festa junina” sem estar “honrando o santo padroeiro”, que é o principal motivo dessas ocasiões. Fazer celebração a “santos” é idolatria, pois a Bíblia proíbe até mesmo fazer qualquer tipo de imagem, quanto mais festa em honra delas ou do que elas supostamente representam. Muitos já disseram que uma imagem esconde demônios que recebem as homenagens, orações e oferendas, e assim o que as homenageiam longe de agradar a Deus ou ao “santo”, presta um culto ao demônio. Doa a quem doer.
E querer misturar lendas, mitos, contos da carochinha de várias origens com a fé cristã, é o cúmulo do absurdo - até jacaré de asa a cristandade já tem agora. Acho que a única regra de fé e prática para quem diz acreditar em Deus tinha que ser a própria Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada e mais nada, que deveria ser lida e ensinada nos templos que se pretendem cristãos. Repito o que já escrevi acerca de outros “santos”.
A Bíblia é clara. É simples: a oração é uma forma de culto. E foi o Senhor Jesus quem disse: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto” (Mateus 4:10). Se prestamos “homenagem” a qualquer entidade que não Cristo ressurreto, seja com orações, procissões, festas “juninas” e coisas do tipo, cometemos idolatria, que Deus abomina e rejeita:
- Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Êxodo 20:4);
- Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Levítico 19:4);
- Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vos­so Deus (Levítico 26:1);
- Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ído­los inúteis. (Salmo 97:7);
- Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não fa­lam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua gar­ganta; Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam (Salmo 115:4-9 e 135:15-18).
E finalmente, deixemos que outro “são” João - o apóstolo - fale: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (I João 5:25).
E também erram os evangélicos que tentam adaptar a suas igrejas, congregações e denominações esses costumes mundanos. Hoje é tristemente comum nas igrejas ditas evangélicas a realização de festas “jesuínas” e outras aberrações do tipo. Procure no Google e ficará abismado(a) - ou não... Mas lembre-se de que Israel pecou muito, no passado, por se misturar aos povos pagãos que o cercavam. Os israelitas adotaram festas e costumes dos filisteus, dos amonitas e outros povos, sendo duramente castigados por Deus, que de antemão os advertira: veja Deuteronômio 12:29-31.
E decida se apóia ou não “festa junina”.

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A lavagem do Bonfim

Sincretismo, tô fora.
A Festa do Bonfim é uma celebração religiosa que acontece na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, Brasil. É no segundo domingo depois do “Dia de Reis”, no mês de janeiro; mas na quinta-feira imediatamente anterior ocorre a “Lavagem do Bonfim”, celebração de cultura eminentemente africana, com grande participação do povo, carroças enfeitadas puxadas por animais e as tradicionais baianas com seus vasos com água perfumada (ou “água de cheiro”). Diz-se que  em 1745 Teodósio Rodrigues de Farias, oficial da Armada Portuguesa, trouxe de Lisboa uma imagem de Cristo, com grande pompa, para a igreja da Penha, em Itapagipe. Em 1754 a imagem foi transferida em procissão para a sua própria igreja, na Colina Sagrada, onde a atribuição de milagres tornou o “Senhor do Bonfim” objeto de devoção popular e centro de peregrinação mística e sincrética. Foram então introduzidos motivos profanos e supersticiosos no culto.
A tal lavagem é um desses desdobramentos. Ela acontece na manhã da quinta-feira, com o tradicional cortejo de baianas indo da igreja de “nossa senhora” da Conceição da Praia até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e “água de cheiro” as escadarias e o átrio da igreja. Todos se vestem de branco, a cor de Oxalá”. O ponto alto da festa ocorre quando cerca de 200 baianas despejam a água ao som de palmas, batuques e cânticos de origem africana. Depois a festa continua com mais batucadas, danças, bebidas e comidas típicas.
O interessante disso tudo é que não se trata de uma atividade original. Na Roma antiga, havia um festival semelhante, em honra da deusa Vesta, cujo templo, hoje arruinado, pode ser visto perto do Fórum. As sacerdotisas (as “Vestais”) também faziam um ritual de lavagem do templo, chamado “Vestália”, quando o templo (aedes Vestae) era aberto para as mulheres de Roma - o acesso era proibido aos homens. Normalmente só quem entrava eram as Vestais e o pontifex maximus (o chefe supremo da religião de Roma, que, não por acaso, ainda usa o mesmo título...). Mas ele não podia entrar no penus Vestae, o recinto secreto da deusa, localizado no podium do templo, em uma cavidade onde se guardavam os objetos sagrados que asseguravam a grandeza de Roma, e que não podiam ser vistos por ninguém além das sacerdotisas.
Nos dias da Vestália as mulheres casadas entravam no templo descalças e com os cabelos soltos para orar e pedir pelo bem de sua casa e sua família. Em épocas de seca, vinham a Júpiter pedir por chuva. Elas costumavam levar para o templo pratos com várias iguarias e as Vestais lhe ofereciam a mola salsa (farinha de trigo moída, torrada e salgada pelas virgens vestais para serem utilizadas em todos os sacrifícios oficiais). As Vestais também realizam rituais de limpeza em conexão com a Vestália. Ovídio conta que os eventos religiosos começavam com a faxina. O lixo era posto fora da cidade ou na encosta do monte Capitólio, ou jogado no rio Tibre. Este era um dia “nefasto” (proibia todas as atividades menos as religiosas) e, depois de um ato religioso concreto, passava a ser “fasto” (permitiam-se atividades). Esse dia se chama D.S.D.F. (em latim, “dies stercus delatum fas”), que é quando se poderia carregar a sujeira para fora do templo.
Eu não sei como esses costumes da antiguidade romana passaram a fazer parte do calendário afro-brasileiro. O que eu sei é que o catolicismo, em sua ânsia de abraçar o mundo, acolheu muitas dessas “festividades” entre as suas datas litúrgicas. Muito já se discutiu sobre essa miscigenação, e muitos são a favor dela, enquanto outro tanto é contra.  
Intelectualóides, celebridades e globais procuram justificar tudo isso sob o prisma cultural: um dos grandes feitos do cinema brasileiro versa justamente sobre isso, o filme “O Pagador de Promessas”, de 1962, dirigido por Anselmo Duarte e baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes. Ganhador da Palma de Ouro (melhor filme) no Festival de Cannes (França), vencedor como melhor filme do ano no Festival de Cartagena (Colômbia) e no San Francisco International Film Festival, como melhor filme e melhor trilha sonora (Gabriel Migliori), e indicado ao Oscar de 1963 na categoria de melhor filme estrangeiro. Esse currículo mostra o quanto a “intelligentsia” aprecia o sincretismo cultural e adora malhar a igreja católica... mas pelos motivos errados. No filme, o protagonista Zé do Burro é o dono de um pequeno pedaço de terra no Nordeste do Brasil. Quando seu animal de carga adoece, Zé faz uma promessa a uma “mãe-de-santo”: se o burro se recuperar, ele dividirá sua terra igualmente entre os mais pobres e carregará uma cruz até a igreja de Santa Bárbara em Salvador, onde a oferecerá ao padre local. O burro se recupera, e Zé dá início à sua jornada.
Ele chega à catedral de madrugada com a esposa Rosa. O padre o rejeita após ouvir as circunstâncias em que a promessa foi feita. A noticia se espalha e aproveitadores tentam tirar vantagem do ingênuo Zé. Umbandistas querem usá-lo como líder contra a discriminação que sofrem da igreja católica, os jornais transformam a promessa de terra aos pobres em slogan revolucionário. A polícia é chamada para prevenir a entrada de Zé na Igreja, e ele acaba morto no confronto entre policiais e manifestantes. Na última cena, populares colocam o corpo de Zé na cruz e entram à força na catedral.
Tudo isto soa muito bonito e nobre: luta contra o preconceito, reforma agrária, lutas populares, um “Cristo do povo” bem ao gosto dos teólogos da libertação. Deixamos isso de lado, pois já foi debatido ad nauseam. Dias Gomes escreveu montes de coisas no mesmo tom. Como “Roque Santeiro”, expondo a manipulação do povo pela igreja católica em conluio com o meio político e empresarial, e o duelo entre padres progressistas e conservadores. Ou “Mandala”, onde “atualiza” o mito de Édipo, com a profecia sobre o infeliz monarca (agora uma figura do high society carioca) vindo não do oráculo de Delfos, mas - pasme - de uma “mãe-de-santo” (!).
O que eu gostaria de dizer aqui é que, doa a quem doer, o padre da história original do “Pagador” até que estava certo. Na sua ortodoxia, embora ignorante das coisas do Evangelho, raciocinou corretamente: disse a Zé do Burro como diria Vanderley Luxemburgo, “cada qual com seu cada qual” – a bem da verdade, não faz sentido o sujeito fazer uma promessa no terreiro de macumba e cumpri-la no altar da igreja. De um ponto de vista neo-pentecostal e no contexto de batalha espiritual, a diferença entre os “santos” católicos e os do candomblé são muito tênues, se é que as há. Leia sobre isso aqui e aqui. Mas no ponto de vista da manifestação religiosa enquanto expressão popular, é óbvio que são espaços diferentes, apesar de os teólogos modernos dizerem que “o espaço do divino deve ser compartilhado com o espaço do humano” e outras baboseiras.
Mas você sabe como é o mercado: é preciso cada vez mais clientes, e esses têm que ser mantidos satisfeitos ou irão atrás de outro produto. Assim funciona o catolicismo. Depois de séculos assistindo o crescimento das religiões africanas, resolveram que o melhor a fazer era não combatê-las, mas sim incorporá-las (eeepa!). Por isso aceitaram numa boa a tal “lavagem do Bonfim”, e de novo fizeram como nos tempos de Constantino: acolheram práticas estranhas ao Cristianismo puro e original. Você já sabe disto.
Agora, assustados com o crescimento das igrejas evangélicas, e depois de pegarem elementos de todas a correntes que havia, copiam modos e hábitos, caras e bocas, músicas, estilo de pregação e até os mega-templos (também aqui). Estão aí os “padres-pop” Marcelo Rossi e Fábio de Melo, e as músicas evangélicas cantadas em missas – quando não são as mesmas, cantores católicos seguem a fórmula: ritmo de música romântica, melodia pegajosa e letras fúteis; sem conteúdo bíblico, mas com grande poder emocional. Resultado: gente chorando, “erguei as mãos” e até mesmo transes com direito a “línguas estranhas” e curas espirituais, ao melhor estilo pentecostal. Tomara que nessa clonagem desenfreada comecem a pregar a Palavra de Deus e abandonem as tradições humanas, aprendendo diretamente da Bíblia como deve ser a vida do cristão. Que aprendam a viver “Sola Scriptura...
Resumindo essa história toda, eu penso que está em curso um grande processo de globalização religiosa. Vai chegar um dia em que conceitos como “diversidade”, “tolerância”, “respeito às diferenças”, “coexist” (como gosta o U2) e outros serão a lei, e invadirão os templos. Talvez uma “boa causa” unifique as religiões; ou quem sabe algum acontecimento dramático de proporções planetárias... É evidente que ainda existem bolsões impermeáveis, como o islamismo, o judaísmo ortodoxo e certos rincões pentecostais; mas no grosso, percebe-se uma osmose mútua entre o catolicismo, as religiões africanas e as chamadas “orientais”, que desde os anos 1960 apresentam crescimento exponencial no Ocidente ex-cristão. Veja mais aqui e aqui.
A Bíblia nos dá a entender que durante o futuro governo mundial exercido pelo Anticristo, o seu principal aliado não será um general, um hábil político ou um grupo de banqueiros e financistas. Esses instrumentos de dominação ideológica e econômica existirão, mas o braço direito do ditador mundial será um religioso. Apocalipse o chama de “o falso profeta”, ou “a besta que emerge da terra”. Da terra, porque não foi enviado por Deus. Falso, porque apesar de fascinar multidões crédulas, seus milagres, por mais maravilhosos que sejam, não levam ninguém a glorificar a Deus; pelo contrário. É falso, porque o próprio Jesus Cristo advertiu que surgiriam “falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:11, 24; Marcos 13:22). Também o apóstolo Pedro avisou sobre essas pessoas: “... entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (II Pedro 2:1). 
Por isso podemos e devemos considerar como falsos milagres todos os que não glorificam a Deus, no final das contas, mesmo que façam “descer fogo do céu à terra, à vista dos homens” (Apocalipse 13:11-14). Ainda que sejam eventos de valor cultural e folclórico, como “folia de reis”, “congado”, “lavagem do Bonfim” ou o “círio de Nazaré”; sejam prodigiosas curas de médiuns e umbandistas, ou intrigantes “graças” alcançadas com o acender velas e pagar promessas. Pergunte a algum desses sobre o que Pedro advertiu; pergunte a algum deles se “o Senhor os resgatou”. Eu dou um ano do meu salário se algum deles disser que sim, que Jesus Cristo o resgatou e somente a Ele deve ser dada toda a glória, “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:10, 11).
Não se deixe enganar.

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