quinta-feira, 27 de junho de 2013

Dia de "são" João, "são" Pedro, "santo" Antonio...

24 de junho é o dia que os católicos dedicam a “são” João. Um dos “santos” mais festejados em diversos países, especialmente os de fala latina, em sua “honra” fazem festas, soltam fogos de artifício, sobem em troncos lubrificados, preparam comidas típicas, pulam fogueiras, cantam e dançam em roda até cair... e evidentemente, seguem procissões atrás da imagem do dito cujo, antes e depois de celebrarem suas missas.  É uma festa já tão tradicional que se torna extremamente difícil separar o que é cultural do religioso. Uma vez que a religião  muitas vezes molda a cultura, não se pode falar em uma celebração de cunho meramente “folclórico”.
Por exemplo – o aspecto cultural pode ser explicado pelo vasto processo de miscigenação que formou o povo brasileiro, ao longo dos séculos. A “dança da quadrilha”, tão popular nessa época do ano, herdou o nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a “quadrille”, em voga na França entre o início do século XIX e a I Guerra Mundial. A “quadrille”, por sua vez, já era um desenvolvimento da “contredanse”, popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII, a qual veio de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa. A “quadrille” veio para o Brasil seguindo o interesse por tudo que fosse a última moda de Paris (da criação da academia de letras ao uso do cavanhaque, tudo que era francês era “chic”).
Depois disso, como sempre, veio a mistura e a dança se fundiu com outras danças e se modificou, com o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses. Em contato com diferentes danças, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes: “Quadrilha Caipira” (São Paulo, Minas Gerais), “Saruê” (corruptela do termo francês “soirée”, no Brasil Central), “Baile Sifilítico” (é isso mesmo! Na Bahia), “Mana-Chica” (Rio de Janeiro), etc.
Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário “caipira”). O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais tanto no Brasil como na Europa, entre os começos do Romantismo e a II Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças, foi sistematizada e divulgada por igrejas e clubes, sendo defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas como expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufanista explica de certo modo o aspecto “matuto” (mas artificial) da quadrilha.
Outro aspecto interessante é composto pelas comidas típicas, consumidas por uma razão muito simples: o meio do ano é a época da colheita do milho, daí as comidas como pipoca, pamonha, e semelhantes (canjica etc.).
Já sabemos que o mito da fogueira se originou de uma mentira católica. Para “cristianizar” um costume pagão, a igreja de Roma inventou que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito por Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de seu filho João, e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte. Pura bobagem. Quando João nasceu, Maria já havia ficado em companhia de Isabel por três meses, mas já havia voltado para casa logo antes de o menino nascer (ver Lucas 1:56-58). Maria então já estava grávida de Jesus e precisava ir cuidar de si e do bebê que nasceria em breve. Pelo relato bíblico, quando João nasceu, não houve nenhuma fogueira. Esse negócio de fogueiras foi herdado das religiões pagãs da Europa medieval, que celebravam essa ocasião acendendo fogueiras e dançando ao redor delas, exatamente como nas “quadrilhas”. Não foi o contrário, isto é, a origem das fogueiras seriam cristãs. Não: são pagãs, doa a quem doer.
A festa pagã do solstício de verão na Europa (ou do inverno, no hemisfério sul), era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano). Leia mais aqui.
Outro mito extremamente sem cabeça é “são” João nascendo em junho, um tremendo chute. Como foi convencionado que Jesus teria nascido em 25 de dezembro, a lógica exige que João Batista tenha vindo ao mundo em 24 de junho. Na verdade é um erro em conseqüência de outro. Já vimos aqui que Jesus dificilmente teria nascido em dezembro. Se olharmos bem o que diz a Bíblia, a única fonte de informações confiável, veremos que Jesus nasceu de fato entre setembro e outubro (no mês de etanim), o que coloca o nascimento de João Batista em março (mês de abibe). Assim cai por terra a data de 24 de junho, ficando provado, mais uma vez, que o único motivo da festa é a adoção de uma celebração pagã.
Aliás, há outros “santos” populares celebrados nesta mesma época: “santo” Antônio (no dia 13) e “são” Pedro e “são” Paulo (no dia 29, supostamente data da execução dos dois apóstolos). Essas celebrações são particularmente importantes no norte da Europa - Dinamarca, Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Lituânia, Noruega e Suécia - mas são encontrados também na Irlanda, na Galícia (norte da Espanha e Portugal), partes do Reino Unido (especialmente na Cornualha), França, Itália, Malta, Ucrânia, e em outros lugares como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e até na Austrália.
Especialmente na “festa de santo Antônio”, multiplicam-se as chamadas “simpatias”, uma forma “light” de bruxaria, como por exemplo enterrar a imagem de cabeça para baixo até que o pedido de arranjar marido seja atendido (claramente uma forma de macumba). E também pendurar fitas em certas partes da imagem, lembrando rituais pagãos em honra a Príapo, também “suavizados” ou, se preferir, “cristianizados”... Quem quiser que pesquise depois.
Ficam duas advertências. A primeira, àqueles que ainda se apegam às tradições de “santos”, religiosidade e festas “folclóricas” juninas.
É  impossível participar de uma “festa junina” sem estar “honrando o santo padroeiro”, que é o principal motivo dessas ocasiões. Fazer celebração a “santos” é idolatria, pois a Bíblia proíbe até mesmo fazer qualquer tipo de imagem, quanto mais festa em honra delas ou do que elas supostamente representam. Muitos já disseram que uma imagem esconde demônios que recebem as homenagens, orações e oferendas, e assim o que as homenageiam longe de agradar a Deus ou ao “santo”, presta um culto ao demônio. Doa a quem doer.
E querer misturar lendas, mitos, contos da carochinha de várias origens com a fé cristã, é o cúmulo do absurdo - até jacaré de asa a cristandade já tem agora. Acho que a única regra de fé e prática para quem diz acreditar em Deus tinha que ser a própria Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada e mais nada, que deveria ser lida e ensinada nos templos que se pretendem cristãos. Repito o que já escrevi acerca de outros “santos”.
A Bíblia é clara. É simples: a oração é uma forma de culto. E foi o Senhor Jesus quem disse: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto” (Mateus 4:10). Se prestamos “homenagem” a qualquer entidade que não Cristo ressurreto, seja com orações, procissões, festas “juninas” e coisas do tipo, cometemos idolatria, que Deus abomina e rejeita:
- Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Êxodo 20:4);
- Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Levítico 19:4);
- Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vos­so Deus (Levítico 26:1);
- Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ído­los inúteis. (Salmo 97:7);
- Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não fa­lam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua gar­ganta; Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam (Salmo 115:4-9 e 135:15-18).
E finalmente, deixemos que outro “são” João - o apóstolo - fale: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (I João 5:25).
E também erram os evangélicos que tentam adaptar a suas igrejas, congregações e denominações esses costumes mundanos. Hoje é tristemente comum nas igrejas ditas evangélicas a realização de festas “jesuínas” e outras aberrações do tipo. Procure no Google e ficará abismado(a) - ou não... Mas lembre-se de que Israel pecou muito, no passado, por se misturar aos povos pagãos que o cercavam. Os israelitas adotaram festas e costumes dos filisteus, dos amonitas e outros povos, sendo duramente castigados por Deus, que de antemão os advertira: veja Deuteronômio 12:29-31.
E decida se apóia ou não “festa junina”.

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