Apocalipse capítulo
2:
18 Ao anjo da
igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como
chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente:
19 Conheço as
tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e
sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras.
20 Mas tenho
contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e
seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a
ídolos;
21 e dei-lhe
tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua
prostituição.
22 Eis que a
lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com
ela, se não se arrependerem das obras dela;
23 e ferirei de
morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que
esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas
obras.
24 Digo-vos,
porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta
doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga
vos não porei;
25 mas o que
tendes, retende-o até que eu venha.
26 Ao que vencer,
e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as
nações,
27 e com vara de
ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro,
assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28 também lhe
darei a estrela da manhã.
29 Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito dia às igrejas.
Contextualização
- Tiatira não era rica como Éfeso nem importante quanto Pérgamo. Mas sua produção de tecidos, principalmente o
índigo, tornou-a famosa. Havia ali várias associações profissionais, uma
espécie de sindicatos. Na carta que Jesus manda João escrever para aquela
igreja, primeiro há um elogio às suas qualidades.
O amor de Tiatira (v. 19), ao contrário de Éfeso, aumentara. Também era rica em obras: evangelizava
e socorria os necessitados e com isso mostrava sua fé (cf. Tiago 2:14). Mas
apesar dessas boas qualidades, a igreja foi reprovada por estar tolerando uma
mulher que, dizendo-se profetisa, desencaminhava os fiéis à idolatria e à
prostituição (v. 20), e que já teria tido tempo para se arrepender (v. 21). Seu
castigo atingiria os seus seguidores (22, 23), mas os que a repelissem seriam
recompensados (24-28).
Podemos fazer
várias analogias, mas a que eu considero mais importante é a
seguinte: Tiatira identifica muito claramente a igreja católica medieval. Na
perspectiva cronológica, como vimos aqui, ela sucede Pérgamo, o
paraíso dos nicolaítas (a igreja da hierarquia e do
domínio do clero sobre os leigos), e antecede Sardes, (a Igreja da Reforma, que
logo se tornou estagnada e fria). Outras características que parecem ligar Tiatira
ao catolicismo:
Suas obras, mais
numerosas do que as primeiras (v. 19): muitos orfanatos, escolas,
universidades, sanatórios, hospitais e muitíssimas outras obras de caridade foram
construídos, financiados, mantidos e visitados somente pela igreja, que apesar
de idólatra e já corrupta, era o que havia na época. Jesus reconhece esse
esforço como sendo o amor que muitos cristãos demonstravam pelos necessitados.
Apesar de tudo (idolatria, corrupção da igreja etc.), muitos cristãos ainda assim
serviam fielmente ao Senhor.
Sua fé e perseverança (v. 19): mesmo com a grande infiltração de doutrinas pagãs, muitos cristãos
tinham fé unicamente em
Jesus Cristo. É preciso recordar que mesmo na época de
maiores trevas espirituais havia grupos que buscavam estudar e entender a então
rara Palavra de Deus, como por exemplo, os valdenses, os lolardos e
outros remanescentes, apesar da pesada perseguição ordenada pela religião
oficial encastelada em Roma.
Mas ela abriga Jezabel. A principal religião em Tiatira, antes do
cristianismo (provavelmente com Lídia, cf. Atos 16:14 e 19:10), era a adoração
de Apolo, o deus sol. Acreditava-se que ele comunicava o conhecimento do futuro
por meio de profetas e oráculos. Em Tiatira, este rito era conduzido por uma
profetisa, que entrava em transe e entregava as mensagens. O domínio desta
religião era notável. Além do inegável fascínio do mistério, ninguém podia pertencer
aos sindicatos profissionais a menos que participasse da adoração aos deuses
locais. Qualquer um que recusasse a participar das festas – e conseqüentemente,
das práticas sexuais que as envolviam – era impedido de entrar nestas
associações. Para fazer parte da vida social e comercial o indivíduo tinha que
ser praticante da idolatria pagã.
A antiga
Jezabel do tempo de Elias regia o culto a
Baal, que, como vimos, incluía adoração a ídolos, comida sacrificada a esses
ídolos e a promiscuidade sexual, além do sacrifício de crianças. A Jezabel
profética de Apocalipse é quase um clone da esposa de Acabe:
- “se diz profetisa”: como a sacerdotisa
pagã de Baal, é por meio dela que vem a instrução do deus espúrio, só que na
igreja de Tiatira ela está no meio da congregação cristã, trazendo falsos
ensinos. Não é que verificamos na igreja católica, com as aparições de Maria?
Fátima, Lourdes, Merdjugorje, em todas elas há a figura que se crê ser “a
virgem”, mas que traz instruções que em nada se assemelham à Palavra de Deus –
aliás, quase sempre são “segredos” ou “mistérios”. Ora, a Palavra de Deus é uma
só e não pode se contradizer. Como pode Deus dizer que abomina a idolatria e
depois, por meio da “virgem”, determinar que se ergam estátuas para serem, num
eufemismo, “honradas”? Como se pode dizer que “é de Deus” a instrução para “participação na Santa Missa, confissão
mensal... a reza diária do rosário e o jejum a pão e água”? É de Deus uma
“aparição” que diz que “precisamos orar
pelas almas do purgatório, porque assim ganhamos novos intercessores”, e
uma vidente que diz receber diariamente as almas do purgatório? Link, link.
- “ensina e
seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a
ídolos”: talvez a igreja católica não
incentive a prostituição no sentido direto da palavra, mas a Bíblia é clara ao
comparar o culto a qualquer outra criatura com a prostituição. Só o culto a
Deus é permitido, o resto é prostituição: “Para que
não faças pacto com os habitantes da terra, a fim de que quando se prostituírem
após os seus deuses, e sacrificarem a eles, tu não sejas convidado por eles, e
não comas do seu sacrifício, e não tomes mulheres das suas filhas para os teus
filhos, para que quando suas filhas se prostituírem após os seus deuses, não
façam que também teus filhos se prostituam após os seus deuses” (Êxodo 34:15, 16). Ver ainda Oséias 3, Deuteronômio 31:16; Juízes 2:17 e 8:33; Ezequiel 23:30.
É fácil deduzir que qualquer doutrina que permita adoração, ou como queiram, “honra”,
que não a Deus, é prostituição, doa a quem doer. E a Jezabel profética de
Apocalipse ensina isto. E a igreja que tolera essa falsa profetisa se assemelha
a Tiatira. Aqueles cristãos devem ter se lembrado imediatamente das profetisas
de Apolo e das sacerdotisas pagãs! Devem ter feito a associação imediata com os
ritos sexuais dedicados aos deuses pagãos, não apenas os greco-romanos de seu
tempo, mas também do antigo casal Baal e Astarote, de quem Jezabel era devota!
Como Jezabel perseguiu os profetas de Deus, a falsa profetisa de Tiatira também
perseguiu a quem rejeitava sua autoridade e queria servir somente ao Senhor:
não preciso listar as barbaridades que a igreja de Roma engendrou para
silenciar os servos do Altíssimo. Se quiser saber mais, leia
aqui. Como Elias, o povo de Deus teve que fugir para o deserto. Como os valdenses, isolados nas
montanhas. Sob a imperatriz Teodora, entre 842 e 867 d.C., mais de 100.000 crentes
foram mortos porque rejeitaram as imagens. Mais tarde, Wicleff e Huss foram
apenas dois dos muitos mártires assassinados por não aceitar as heresias
católicas (veja Apocalipse 13:7 e 17:6). A igreja de Roma chegou a ser tão pagã
e malvada quanto Jezabel e Atalia; mas Deus
preservou um pequeno rebanho nessa longa noite de trevas.
A igreja dominada por Jezabel se
desviou: tentou destruir a Bíblia, impedindo a sua leitura e até mesmo a sua
posse. Do alto de seu trono dourado, ela se apoderou de nações inteiras. Prostituiu-se com os reis da Terra
(Apocalipse 18:3, 9). Insiste que é o verdadeiro Corpo de Cristo e que seus “papas”
são os vigários de Deus. Ensinos falsos, heresias. Completamente seduzida pelo
Diabo, por sua vez tornou-se a sedutora de outros (Apocalipse 2:20), produzindo
filhos bastardos.
Jezabel
representa a igreja desviada, que mantém o poder
religioso, enquanto Acabe representa o poder político. Ao casamento desses dois
(união político-religiosa), segue-se rapidamente a apostasia e a perseguição de
Elias, que representa o povo de Deus. No texto bíblico, vemos que governava
Jezabel, e não Acabe. As ordens da rainha pagã eram prontamente atendidas pelo
líder político. Da mesma forma, quando os reis da Terra fazem acordo com a
igreja romana, quem passa a controlar o Estado é Roma: todas as suas imposições
são seguidas à risca (Apocalipse 17:18). Isso permanece até hoje, quando os
chefes de Estado vão a Roma pedir a bênção do “papa”; e este influencia
pesadamente os governos locais (Apocalipse 13:7). Você duvida?
Jezabel é uma figura muito apropriada
do que a instituição católico-romana se tornou. Ela se cobre de jóias e
enfeites (II Reis 9:30; Apocalipse 17:4), embora às vezes um ou outro chefe queira
passar uma imagem de simplicidade. Ela introduziu um paganismo que
resultou em idolatria (prostituição espiritual) e um sistema religioso que nada
tinha a ver com as igrejas apostólicas! Ela introduziu novas doutrinas como
justificação pelas obras, regeneração pelo batismo, adoração a anjos, “santos”,
imagens, celibato para o “clero”, confissão auricular, purgatório, a
transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue de Cristo, indulgências,
penitência, adoração de Maria, ritualismo pagão, sinal da cruz, água benta,
óleo sagrado, rosário, etc. Veja você se isto é ensino bíblico ou não. Veja
você se isto é a verdadeira
igreja. Veja você se foi isto
que Jesus instituiu. Esse sistema se parece mais com uma Noiva ou com uma
prostituta?
Aos poucos percebemos também que muitos jesuítas hoje estão se infiltrando nas
igrejas evangélicas para disseminar falsas doutrinas e a ensinar-lhes que a igreja
católica é a igreja mãe, e deve ser respeitada! Evitam falar do catolicismo, e
até elogiam seus líderes e os chamam de “irmãos”. Copiam suas vestes, sua
organização e suas nomenclaturas! No próximo artigo, você verá que os ensinos
de Jezabel, tão claros na Tiatira católica, já contaminaram a Tiatira
evangélica. Infiltração? Cópia descarada da estrutura romana? Ou falta de
sabedoria?
Continua...
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Curiosidades:
O nome Tiatira é
de significado incerto: para alguns intérpretes significa “domínio feminino”,
outros dizem que é “torre alta, fortificada”; para outros, “sacrifício de
perfume”, isto é, “repleta de muitos sacrifícios”, e ainda “sacrifício de
trabalhos”(?). Todos procuram algum sentido subjacente, mas eu mesmo não me
convenci de que algum deles tem razão. De modo que não sei se isto é de fato
importante. Ela é a moderna cidade turca de Akhisar (“castelo branco”, devido às
muitas pedreiras de mármore que brilham das montanhas próximas). A cidade
nasceu de um posto militar de Seleuco I Nicator, general de Alexandre,
o Grande, em 280 a .C.
Foi destruída por um grande terremoto durante o governo de Augusto (27 a .C. a 14 d.C.); depois
de reconstruída, dizia-se “fraca tornada forte”. A cidade era conhecida pelas
suas muitas associações comerciais, sendo que, para poder trabalhar, era
necessário pertencer a alguma delas. Assim, cristãos se viram obrigados a participar
de festas dedicadas às divindades pagãs. Tiatira tornou-se famosa por sua produção de
tecidos, e é provável que o Evangelho tenha chegado lá através de Lídia.
Evangelizada por Paulo em Filipos, retornou à cidade natal como portadora das
Boas Novas de Salvação (Atos 16:14). O apóstolo haveria de confirmar o trabalho
ali estabelecido em sua terceira viagem missionária (Atos 19:10).
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