domingo, 3 de abril de 2011

Por que não sou católico (final)

Já recebi as primeiras cacetadas romanistas, dizendo que eu deveria tirar primeiro o argueiro do meu olho. Bem, se não  perceberam, é o que tenho feito nesses dois anos e tal de blog. 
Descemos a borduna a torto e a direito, à destra e à sinistra, em tudo aquilo que se desvia da Palavra. É por isso, aliás, que o blog tem o nome que tem. Basta ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, para resumir. E como as penitências da “semana santa” se avolumam e já se sente o cheiro de vela no ar, prossigamos na análise fria da ideologia romana, doa a quem doer. Só pra constar, incompetente é quem lê e não entende, olha e não enxerga; deve ser pelo tamanho da trave... Assim, sem mais delongas, liguemos a escavadeira e arranquemos a trave dos olhos católicos, porque o meu argueiro já foi pro espaço:
3 – Maria: João 2:5 (Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser); 3:13 (Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem); Lucas 1:38 (Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela), 46, 47 (Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador);
Atos 4:11, 12 (Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos); I Timóteo 2:5 (Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem); Romanos 1:25 (pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente); 
8:26 (Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis), 34 (...Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós) – lição prática: Maria foi escolhida para ser a mãe carnal do Salvador, mas ela própria carecia dessa salvação; disse que nós O obedecêssemos em tudo, não é mediadora e nem intercessora junto ao Pai, e como criatura, não deve receber adoração que só é devida ao Criador.
4 – Procissões: Isaías 45:20 (Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas  imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar) – lição prática: o versículo é explícito!
5 – Missa: Hebreus 9:24-26 (Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem também para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote de ano em ano entra no santo lugar com sangue alheio; doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo); 
10:11-12 (Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus) – lição prática: o sacrifício de Jesus foi único e suficiente, não precisa ser repetido todos os dias!
6 – Purgatório: Lucas 16:19-23 (Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente. Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras; o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras. Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado. No inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio); 
23:39-43 (Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez. Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso); 
Hebreus 9:27 (E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo...) – os textos deixam claro que não há local intermediário entre o céu e o inferno. Ademais, se houvesse, era para lá que o ladrão deveria ter ido, pois não houve tempo para “purgar” todos os seus crimes; mas não, Jesus disse que ele iria direto para o Paraíso, naquele mesmo dia!
7 – Salvação e boas obras: Efésios 2:5,8-9 (estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo - pela graça sois salvos - ... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie); Romanos 5:1-2; 10:9 (Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus... Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo) – mais claro que isso, impossível: a salvação independe das obras, mas é pela graça de Deus somente (graça significa algo que não se faz por merecer).
8 – Celibato dos sacerdotes: I Timóteo 3:2-4 (É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito); 4:1-3 (Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade) – o bispo deve ser casado, proibir o casamento é uma apostasia.
9 – Rezas: Mateus 6:7 (E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos) – sem comentários.
10 – Quaresma: I Timóteo 4:1,3-5 (Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios... ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade; pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus e pela oração são santificadas) – proibir alimentos é heresia e apostasia, pode comer carne o dia que quiser, ‘sexta-feira da paixão” inclusive!
11 – Filhos de Deus: João 1:12 (Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus) – nem todos são filhos de Deus! A pessoa é uma criatura de Deus, mas para se tornar filho precisa receber a Jesus e crer no Seu Nome, como Senhor e Salvador, conf. Romanos 10:9 (“Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo”). Não tem essa de “todo mundo é filho de Deus”.
12 – Rezar pelos mortos – há uma passagem em II Macabeus 12:43-46 que parece apoiar esta doutrina: “Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas”. Entretanto, é preciso lembrar que doutrinas estranhas vieram sendo acrescentadas ao Cristianismo durante séculos, e muitas tinham como base justamente os livros apócrifos: velas, oferendas nos túmulos, rezas repetitivas, clero diferenciado, etc. 
A palavra “apócrifo” originalmente significava “oculto”, mas com o tempo, passou a significar “espúrio, estranho”. Os livros apócrifos, ao contrário dos “canônicos”, não são considerados de inspiração divina, nem mesmo por alguns de seus autores, tanto que nunca foram citados por Jesus nem pelos apóstolos. Só vieram a fazer parte da Bíblia editada pelo Vaticano após o concílio realizado na cidade de Trento, Itália, entre 1545 e 1563, com parte do movimento conhecido como Contra Reforma (o nome já diz tudo). E nesse contexto, os “sábios” romanistas se saíram com esta explicação: “O general Judas Macabeu (160 a.C.), herói do povo judeu, faz uma grande coleta e a envia para Jerusalém, para que os sacerdotes ofereçam um sacrifício de expiação pelos pecados de alguns soldados mortos. Fica claro no texto que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios. Fica claro também que os sacerdotes hebreus já naquele tempo aceitavam e ofereciam sacrifícios em expiação dos pecados dos falecidos. E que esta prática estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. Subentende este texto que as almas dos soldados mortos, estavam em algum local ou ‘estado’ de purificação, pois se estivessem nos céus, as orações dos vivos eram desnecessárias, e se, por outro lado estivessem no inferno, toda oração seria inútil. E como o livro dos Macabeus pertence ao cânon dos livros inspirados, aqui também está uma base bíblica para a oração em favor dos falecidos” (ênfase acrescentada). Faltou o ilustre exegeta lembrar que muitas práticas dos judeus não são usadas hoje em dia, e que eles também criam em fantasmas, acreditavam que o Messias iria ser um libertador político, e muitas outras coisas que a igreja católica não ensina. Porque adotar justamente uma entre várias crendices populares e elevá-la ao nível de dogma inquestionável? Porque justifica um rio de dinheiro que corre do bolso dos enlutados diretamente para os cofres de Roma! Faltou também mostrar que a posição protestante de não se orar pelas almas dos mortos está explicada no texto acima: “se estivessem nos céus, as orações dos vivos eram desnecessárias, e se, por outro lado estivessem no inferno, toda oração seria inútil”.
Vê-se como um pequeno texto retirado de um livro não-autorizado pretende justificar todo um sistema doutrinário, o qual pode levar à perdição eterna, com base em uma esperança vã, incluída só de pirraça no Cânon Sagrado. A doutrina do purgatório só foi oficializada no reinado do “papa” Gregório, por volta do ano 593 d.C. Ou seja, antes disso, para onde iam as almas mezzo-salvas/mezzo-perdidas?
Irineu de Lyon, que viveu aproximadamente entre os anos 130 e 200 d.C., já havia alertado: “O erro nunca se apresenta em toda sua nua crueza, a fim de não ser descoberto. Antes, veste-se elegantemente, para que os incautos creiam que é mais verdadeiro do que a própria verdade”.
Eu só acrescentaria:

Doa a quem doer.

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