O verbo grego kaleo
significa “chamar” e a preposição grega ek,
“para fora de”. A composição resulta na expressão cheia de significado ek-klesia que significa “chamados para
fora de” - “igreja” ou “assembléia”. Igreja é uma congregação, i.e., um grupo de
pessoas regeneradas, nascidas de novo. Apesar disso, ainda é muito
comum a confusão entre igreja e templo. Por isso, é preciso saber distinguir bem
entre os dois conceitos.
Nos tempos de Cristo, a noção de lugar sagrado era comum tanto no judaísmo como no paganismo, e era causa de um indesejável nao-centrismo e nao-latria (do grego naos
= templo). Por isso Jesus jamais tratou o templo pela expressão “santuário”. Jesus adorava e ensinava no templo, mas previu a destruição dele
(Mateus 24:1-2), o que lhe rendeu uma acusação formal (Mateus 26:61), pois tocara nos alicerces da religião judaica. Mas também afirmou
peremptoriamente que as portas da morte não prevaleceriam sobre a Sua ekklesia, edificada Nele (Mateus
16:18). Curto e grosso: o templo pode ser destruído, a Igreja jamais!
O
Novo Testamento ensina que “o Altíssimo não
habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 7:48), que
nós somos “o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em nós” (I Coríntios 3:16) e que “o
nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em nós, proveniente de
Deus” (I Coríntios 6:19).
Por isso não deve nos surpreender que na visão de João no Apocalipse ele descreva a revelação de um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos dessa forma “Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21:9) e ao descrever a cidade santa diria João: “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro” (Apocalipse 21:22).
A igreja nascida aos pés de Jesus não teve o seu primeiro templo antes do IV século, curiosamente no momento em que surgiram várias heresias no seio da Igreja cristã. Até ali a imagem da Igreja era a do povo (por um lado) disperso, espalhado, e reunido de casa em casa, por outro (Atos 2:46). A imagem mais forte de uma Igreja do Novo Testamento não é a do templo, mas da reunião em casa (Romanos 16:5, I Coríntios 16: 19, Colossenses 4:15, Filemon 2).
Não é saudável a confusão do templo com a Igreja, do prédio com o povo, da reprodução da noção pagã de lugar santo, e a sugestão de que só é possível adorar genuinamente num templo. Tal visão da Igreja é que gera o estímulo de uma vida dupla, uma no templo e outra no mundo, uma no templo e outra em casa!
Por isso não deve nos surpreender que na visão de João no Apocalipse ele descreva a revelação de um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos dessa forma “Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21:9) e ao descrever a cidade santa diria João: “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro” (Apocalipse 21:22).
A igreja nascida aos pés de Jesus não teve o seu primeiro templo antes do IV século, curiosamente no momento em que surgiram várias heresias no seio da Igreja cristã. Até ali a imagem da Igreja era a do povo (por um lado) disperso, espalhado, e reunido de casa em casa, por outro (Atos 2:46). A imagem mais forte de uma Igreja do Novo Testamento não é a do templo, mas da reunião em casa (Romanos 16:5, I Coríntios 16: 19, Colossenses 4:15, Filemon 2).
Não é saudável a confusão do templo com a Igreja, do prédio com o povo, da reprodução da noção pagã de lugar santo, e a sugestão de que só é possível adorar genuinamente num templo. Tal visão da Igreja é que gera o estímulo de uma vida dupla, uma no templo e outra no mundo, uma no templo e outra em casa!
As portas dos
templos podem
e devem ser fechadas oportunamente e por razões de segurança, como ocorre
normalmente fora dos “horários de cultos”. Veja que com isso procuramos não
deixar qualquer brecha para ladrões e malfeitores, pelo contrário! Mas na
verdade, verificamos com tristeza que, historicamente, algumas “brechas para o
inimigo” foram abertas exatamente enquanto as portas do templo estavam abertas...
Enquanto
houver “dois ou três reunidos” em nome de Jesus (Mateus 18:20) seja nos
templos, seja nas casas ou em qualquer lugar (guardadas as devidas proporções),
aí estará a Igreja reunida, santa, templos do Espírito Santo, cultuando e
louvando ao Deus bendito e proclamando o Evangelho da salvação. Ele mesmo disse
que estaria conosco até a consumação dos séculos. E aí podemos tentar imaginar
como seria diferente se tivéssemos sempre a consciência plena de que Ele está
conosco de fato, da mesma forma que esteve ao lado dos Seus discípulos durante
aqueles três anos em que viveu entre nós, em carne e osso.
Você conseguiria se imaginar como um dos discípulos
seguindo a Cristo durante aqueles três anos? Todas as manhãs você se levantaria imaginando
que milagre incrível veria naquele dia. O que pensaria ao beber o vinho que era
água alguns minutos antes, agora mais saboroso que o vinho envelhecido por
décadas? Que maravilhoso vê-lo curar um homem nascido cego! O que pensaria ao
vê-lo alimentar mais de cinco mil pessoas com apenas o conteúdo da lancheira de
um menino? Imagine comer um peixe que nunca nadou ou um pão fresquinho e quente
que nunca foi ao forno. Imagine a sensação que teria ao vê-lo andar sobre o
mar mais rápido que um barco com doze homens, muitos deles pescadores profissionais, se esforçando nos remos. Você o teria visto acalmar uma tempestade com apenas uma
ordem e impor as mãos sobre um homem com lepra, apenas para vê-o curado imediatamente.
Você o teria visto levantando alguém da morte, bem depois de o corpo ter-se
tornado rígido e deteriorado.
Imagine, então, que um dia Ele lhe dissesse:
“Estou indo embora, mas é bom para você
que eu vá”. O que pensaria? Como responderia? Como Pedro, você tentaria
corrigi-lo? Estar com Jesus foi de longe a melhor coisa que acontecera na vida desses
homens. Como poderia ser melhor para eles que Jesus partisse? Ele então diz: “Mas eu lhes afirmo que é para o bem de
vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu
for, eu o enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e
do juízo” (João 16:7,8).
Quando consideramos essa declaração de Jesus, devemos
fazer três perguntas importantes para entender o significado do Seu plano.
Primeiro: antes de Jesus nascer, onde as
pessoas precisariam ir para ter acesso direto ao santo Deus de Israel? A
resposta é: no Templo, no Santo dos Santos, onde apenas um homem podia entrar,
uma vez por ano.
Segundo: quando Jesus andou por este
planeta, onde as pessoas teriam de ir para estar na presença de Deus? Onde
Jesus estivesse, fosse na costa da Galiléia, em um barco, ou em um passeio à
meia-noite.
Terceiro e último: depois da morte, sepultamento,
ressurreição e ascensão de Jesus ao céu, e finalmente, do Pentecoste, onde as
pessoas precisariam ir para estar na presença do Deus Todo-poderoso? Onde o Seu
povo estiver, ali estará a presença do Deus santo! (Mateus 28:20). Esse é o
rico prêmio que veio junto com o preço incrível da cruz. Jesus morreu para que
aqueles que crêem possam ir a qualquer lugar com o poder e a presença de Deus.
Podemos encontrar a presença de Deus no sul da Califórnia, mas ao mesmo tempo Ele
está presente com os seus filhos reunidos em Chicago, no Cairo, no Rio de
Janeiro e Pequim. Agora o Reino de Deus pode entrar em todos os bairros de
todas as cidades de todas as nações simultaneamente. Na mente de Jesus, essa
verdade era tão preciosa que Ele estava pronto a morrer por ela. Deveríamos nos
agarrar a isso com essa mesma convicção e cuidado.
O plano de Jesus era descentralizar, e Ele pagou
um alto preço para tornar isso possível. Precisamos redescobrir o poder de um
movimento de descentralização que tenha o poder distribuído para todas as
partes, de forma que possa imediatamente gear vida nova. O plano de Jesus era
genial. Não o negligencie nem opte por outro. Dê mais uma olhada no que Ele fez
e no que Ele tem para nos oferecer.
A nova aliança, estabelecida com o próprio sangue
de Jesus derramado com o sacrificio, era para liberar a descentralização da
nação de sacerdotes que iria multiplicar e preencher a Terra com a sua
presença. Ezequiel 37:26-28 diz: “Farei uma aliança
de paz com eles; será uma aliança eterna. Eu os firmarei e os multiplicarei, e
porei o meu santuário no meio deles para sempre, Minha morada estará com eles;
eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo, Então, quando o meu santuário
estiver entre eles para sempre, as nações saberão que eu, o Senhor, santifico
Israel”.
Jesus sofreu uma morte horrível para aposentar
o sistema antigo e estabelecer um novo. Ele rasgou de cima a baixo ao véu entre
Deus e o homem, removendo a separação que existia entre Deus e Seu povo. Ele
estabeleceu uma nova nação de sacerdotes (I Pedro 2:8, 9) para cobrir a Terra
com Seu poder, Sua presença e Sua glória.
Por que então trabalhamos tão arduamente para
restabelecer as velhas maneiras, com construções centralizadas, sacerdotes
centralizados e constantes ofertas para saciar o sistema? Deus vive no seu
povo! Nós somos o seu templo, todos nós, do menor ao maior (I Coríntios 3:16;
6:19). Nossa esperança de glória não está nos prédios que usamos, mas na
presença do Mestre que está construindo sua vida em nós. Como Paulo
escreveu: “Cristo em vós, a esperança da glória”
(Colossenses 1:27). O mundo não está impressionado com as nossas casas sagradas
de adoração; na verdade, outras religiões têm construções até mais bonitas. Devemos deixar que se veja algo que não se pode reproduzir: uma nova
vida em Cristo. Uma
alma transformada... isso é algo que o mundo não pode realizar e está morrendo
de vontade de ver!
Jesus pagou um alto preço para que Seu povo tivesse a
liberdade de sua presença em todos os lugares. Precisamos resistir ao
magnetismo sedutor de construções glamurosas e sistemas hierárquicos de
religião que nos prendem a um lugar e a uma forma de igreja que não pode
espelhar a glória dele ao redor do planeta. Reconheçamos, mais uma vez, a
beleza da nova aliança: uma nação descentralizada de sacerdotes trazendo a
presença de Cristo a todo o mundo. Todos nós que somos filhos de Deus fomos
libertados e recebemos poder para espalhar a sua glória em todos os lugares. Somos
chamados para levar a presença Dele aos cantos sombrios das pessoas perdidas em
nosso mundo.
Cristo em você, é a esperança da glória.
Primeira parte baseada no artigo original “Igreja de portas fechadas?” (Pr. Josué Mello
Salgado), publicado no boletim dominical da Igreja Memorial Batista de
Brasília, em 30 de outubro de 2011
Segunda parte transcrição
do cap. 3 do livro “Igreja Orgânica”, de Neil Cole
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