O “papa” F1 visitou a cidade brasileira de Aparecida do Norte, onde se presta culto a uma das versões de Maria, no caso a “nossa senhora de Aparecida”. Acho que depois que a poeira baixa, é momento de fazer umas reflexões. Alguns procuraram justificar a
gastança de dinheiro público em benefício dos fiéis de uma religião, em
detrimento de todas as outras. Alegam que “o papa é chefe de estado”. Sim, mas
também esteve no Brasil o então presidente iraniano Mahmoud
Ahmadinejad; nem por isso os muçulmanos
fizeram requisição de dinheiro aos cofres públicos.
Circularam as mais variadas opiniões, capitaneadas por
aquelas que exaltam o “pontífice”: é um homem humilde, simples, gosta de
contato com o povão. Vai reformar “a igreja”, agora vai ser diferente. Etc,
etc. Ora, pode até ser um “bom homem”, embora o próprio Jesus Cristo tenha dito
que “ninguém é bom, senão o Pai que está nos céus”; mas daí a todas as outras
assertivas, vai uma grande distância.
Por exemplo: tecem comparações com
o seu antecessor, dizendo que F1 usa uma roupa branca, enquanto B16 preferia
uma cheia de jóias, paramentos e outros badulaques. F1 usa uma cruz de prata,
“simples”, enquanto a do outro era toda cravejada de rubis. B16 usava uns
sapatos vermelhos, extravagantes, sentava num trono que parecia obra de Bernini
de tantos relevos que tinha, sobre um tapete de veludo vermelho. Mas F1 usa os
mesmos sapatos velhos desde quando era seminarista e ia aos jogos do seu time,
o San Lorenzo, no velho estádio do Gasômetro em Buenos Aires , senta
num trono simples (desde quando sentar em trono é sinnal de simplicidade, eu
não sei) e sem tapete... vejam os senhores se isto é sinal de “reforma” ou apenas
uma ação de marketing bem planejada, para mudar a imagem e a percepção do
papado, do Vaticano e da igreja católica.
Eu fico com a segunda opção e digo que
#FranciscoNãoMeRepresenta, pelo seguinte:
Continua o Banco do
Vaticano servindo de lavagem de dinheiro. Dizer que vai substituir os
administradores não quer dizer que mudará a política de uso dos vastos recursos
escondidos nos cofres obscuros. Sinal de reforma seria publicar um balanço
constando as operações contábeis, as reservas para provisionamento de
prejuízos, as entradas e saídas, as despesas com salários, etc... como qualquer
outro banco faria. Caso contrário, continua como sempre, servindo de cenário
para filmes de mafiosos, conspirações secretas e marcando presença constante
nas páginas policiais de todo o mundo.
Continua a
proibição de casamento de sacerdotes (um absurdo:
como o sujeito pode aconselhar casais se ele nem sabe o que é casamento; e muito
menos mulher, ou pelo menos na teoria não deveria saber, já que é celibatário)...
Talvez em
decorrência da proibição do casamento dos
sacerdotes, continua sem solução à vista o eterno problema dos padres gays e pedófilos. Aí vem o “papa” e dá uma entrevista onde não diz nem
que sim nem que não, ficando em cima do muro. Disse F1 (mais ou menos) que “se a pessoa é gay mas busca o Senhor, temos que perdoar”. Ora, vejam a incoerência. Se “a
pessoa é gay” e “busca
o Senhor”, obviamente deixará de ser gay, como disse o apóstolo Paulo
na primeira carta aos Coríntios, cap. 6, versos 9 a 11: “Não sabeis que os injustos não
herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis... nem os sodomitas... herdarão o
reino de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome
do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (grifo acrescentado). A pessoa “foi”, não é mais, deixou de ser.
Ou seja, F1 faz o jogo dos militantes LGBT, que gostam de citar que Jesus não
condenou a mulher adúltera (“nem eu te condeno”, João 8:11); mas espertamente omitem o fim do mesmo versículo,
onde Jesus recomenda “vai e não peques mais”.
Continua a proibição do sacerdócio feminino. Não obstante várias religiões de orientação protestante tenham resolvido essa questão há muitos anos, até mesmo a título de uma “modernização” que pode até ser questionável, a posição de Roma é inflexível e contrasta com o suposto alinhamento com os “novos tempos”.
Francisco e a
instituição que ele representa continuarão a explorar
a fé dos mais humildes com essas procissões, romarias a Aparecida, a Roma, a
Juazeiro do Norte, ao Círio de Nazaré, a Fátima, a Lourdes, a Medjugorje e mais
outras centenas de lugares onde ocorreram “aparições”, ou se diz que ocorreram.
Colocam fardos no lombo do povo, como os fariseus no tempo de Jesus. Não têm
vergonha de atrair milhares, milhões até, a peregrinações que nenhum proveito
têm, a não ser “para a satisfação da carne” (Colossenses 2:23) e para lucro dos
comerciantes, que obviamente, depositarão o dízimo na caneca do padre como
“oferta de gratidão”. Ou estou errado? Estou exagerando?
Como é que eu posso apoiar um jesuíta, membro da ordem religiosa das mais furiosas,
que mais combateu aqueles que ousaram um dia pensar que a “santa madre igreja”
poderia estar equivocada em suas políticas? Como posso concordar com um homem
que escolhe o nome de um personagem conhecido pela humildade e simplicidade, só
para esconder a ferocidade dos inquisidores debaixo de um manto branco? Não é
possível entrar em acordo com o representante de uma facção cruel e sedenta de
poder como os jesuítas. Leia mais neste
link e neste
outro também.
Esse Francisco não
me representa porque a jogada de marketing não vai
parar. Vai continuar a canonização
de “santos populares”, principalmente naqueles países onde o catolicismo
vem declinando fragorosamente. Foi assim dos anos 1990 em diante, quando o finado
JP2 canonizava a granel, de batelada, enchendo tanto o panteão que hoje tem
mais santo do que dias no calendário, e eles se amontoam até três ou quatro por
dia. Nisso a igreja se modernizou, pois antes cada dia tinha um santo, hoje o
freguês pode escolher entre vários no mesmo dia. Um verdadeiro supermercado com
várias prateleiras. F1 está só repetindo a fórmula do finado JP2, que foi a
receita que funcionou, a que deu certo.
Acham que
modernização significa copiar o que dá certo em
outras religiões, aliás, uma prática que acompanha o catolicismo desde a sua
institucionalização lá no distante século IV depois de Cristo. Todo mundo sabe
o que é o sincretismo,
como começou e onde chegou; todo mundo sabe de onde vem tanto santo, tanta
festa e tanto costume que nada tem a ver com a simplicidade do Cristianismo e
do Evangelho. Se você não sabe, experimente clicar aqui,
aqui, aqui,
e aqui.
Nesse processo de
cópia desenfreada, estão copiando os evangélicos que tanto desprezam, fazendo
missas com muita cantoria, violão, batendo palmas, falando e
ensinando “línguas estranhas”, imposição de mãos
para curar doentes, pedindo
dízimo...
F1 não me representa
de jeito nenhum, porque ainda no avião que o levava do Brasil para
Roma, depois da visita a Aparecida do Norte, disse em alto e bom som que “nossa
senhora é mais importante que os apóstolos”. Quem quiser que procure a
entrevista, que foi ao ar – lógico – na Globo. Ora, isto é um absurdo teológico
monstruoso, uma vez que não existe nenhuma doutrina ou ensinamento de “nossa
senhora” que regule o funcionamento da Igreja, que nos traga algum
esclarecimento ou iluminação sobre a Palavra de Deus. Uma das poucas falas de Maria
registrada nas Escrituras é mandando obedecer a Jesus em tudo: “Fazei tudo quanto ele vos disser” (João 2:5). Nesse aspecto, os evangélicos obedecem a Maria melhor
do que os católicos, porque fazem o que Jesus disse. Já os católicos, se apóiam
em lendas e mitos, com seus evangelhos apócrifos de Maria, nas lendas de santos
e dogmas no mínimo extra-bíblicos como a Imaculada Conceição e a Ascenção de
Maria. Se essas lendas são mais importantes do que os escritos e ensinos
apostólicos, então F1 está maluco. Pois Jesus mesmo disse que “todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em
prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha...
Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será
comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia” (Mateus 7:24, 26). Vejam os senhores se “o papa” está sendo
prudente.
Outras pragas que ele não exterminará serão aquelas contidas nos livros
apócrifos e suas lendas: anjos mentindo, ensino de bruxaria (Tobias 5:18 e 6:8),
mentira e sedução (Judite 10:2-4; 11-13); intercessão de santos e reza pelos
mortos (II Macabeus 15:12-16; 12:45). Aliás, vem daí o ensino espúrio sobre o
purgatório e a necessidade de “purificar algum pecado remanescente”, como se o
sangue de Jesus fosse insuficiente, em flagrante contraste com a escritura (I
João 1:9 diz explicitamente: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” – grifo acrescentado).
Eu podia ficar aqui listando mais um monte motivos pelos quais o “papa” Francisco não
me representa. Mas já foi explicado suficientemente.
E para a falar a
verdade, doa a quem doer, Francisco não
representa nem mesmo a Cristo, de quem ele diz ser “o vigário” (substituto).
São muito diferentes, em que pese o esforço de marketing para tentar vender a imagem de
santo.
Falta muito ainda para um “papa” dizer que “renovou a igreja”... na boa... é
só marketing pra recuperar o cliente perdido.
Como leitura adicional, sugiro este brilhante
artigo de Michelson Borges em Criacionismo.com
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