Um idiota chamado José Francisco Botelho
escreveu as seguintes asneiras na revista “Superinteressante”:
Em
algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu
escrever um livro. Pegou uma pena,
nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar
uma história mágica, diferente de tudo o
que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma
obsessão. Durante os 1000 anos seguintes, outras pessoas continuariam
reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o
maior best-seller de todos os tempos:
a Bíblia.
Com esse texto extremamente preconceituoso (sim,
é pré-conceito, um conceito emitido antes de conhecer o objeto), ele tenta,
obviamente, desqualificar a Bíblia enquanto Palavra inspirada, reduzindo-a a um
amontoado de escritos aleatórios e manipulados, alterados a cada reedição. Nada
mais distante da verdade, como veremos.
Esse pessoal bate na manjada tecla da
manipulação. Como aquela turma que lê um livro de sucesso momentâneo, tipo “O
Código da Vinci” (ou pior, só vêem o filme), e saem soltando pérolas como “é
tudo manipulado”, “Constantino escreveu a Bíblia”, “a igreja escondeu livros
que divulgavam ensinos contrários” (como o quê? Que Maria Madalena casou com
Jesus?), e que “muitos outros evangelhos que mostram Jesus diferente foram
destruídos”.
Aliás, por falar em Maria Madalena,
sempre se referem a ela como prostituta. Mas de fato em nenhuma parte da Bíblia
é dito que Maria Madalena era prostituta. Na verdade, ela quase não é
mencionada na Bíblia. Com exceção de sua presença na ressurreição, a única
outra coisa que a Bíblia diz sobre ela é que foi possuída por sete demônios e
que, junto com outras mulheres, seguia Jesus. “Evangelho de Madalena”? Conta
outra, essa é fraca.
Quanto a
destruir “evangelhos”, que a igreja católica combateu as heresias de forma às
vezes até excessivamente violenta eu não escondo, pelo contrário. Tenho
mostrado direto aqui esse e outros erros do catolicismo. Mas quem afirma as
bobagens acima parece não saber que a influência dos imperadores nos assuntos
religiosos era ínfima.
Lembrando – no inicio do quarto
século, havia dois imperadores, Constantino e Licinio; e a corrente cristã
apoiada por eles (ariana) foi considerada herética pelo Concílio de Nicéia.
Entretanto Constantino não retirou o seu apoio aos “hereges”, o que lhe valeu a
oposição de muitos bispos, entre eles Atanásio de Alexandria,
cujo papel no combate à política pró-ariana de Constâncio II (filho e sucessor
de Constantino) foi notória na história eclesiástica do século IV.
Também dizer que o imperador é que decidiu que
livros deveriam entrar na Bíblia e quais não, como forma de dominar os
cristãos, é outra idiotice. Sabemos que Constantino foi imperador romano e que
ostentou, mesmo após a conversão ao Cristianismo, o título de “Pontifex Maximus” pagão, visto que não
aboliu os cultos pagãos. Mas disto concluir que ele presidiu concílios e até foi
“papa” já é demais! Eu sempre afirmo que, por mais que se discuta se o Edito de
Milão (que aboliu as perseguições aos cristãos) marca o inicio da união entre
Igreja e Estado, é fato que a partir dali a Igreja Cristã se transforma em
igreja católica, com todas as suas mazelas que já são notórias. Fato é que o
líder católico adotou o título de “Pontifex
Maximus”. Mas desqualificar a Bíblia por causa da suposta influência de
Constantino na formação do cânone é um despropósito fenomenal. Constantino não só
não definiu o cânone do Novo Testamento no primeiro Concílio de Nicéia (no ano 325)
como esse Concílio nem ao menos mencionou a constituição da Bíblia. Isto já estava resolvido há muito tempo, conforme atesta Eusébio de Cesaréia na sua “História
Eclesiástica”, IV:25 (aliás, a lista dos livros sagrados relacionada por
Eusébio não tem os apócrifos). E além do mais, Constantino não tinha nem poder
de voto no Concílio - ele compareceu apenas como observador.
“Ah, mas a igreja destruiu livros que poderiam
mudar a história do cristianismo”. Dizem que durante o Concílio de Nicéia “foram destruídos centenas [sic] de evangelhos e outras centenas sumiram,
incluindo os ‘Manuscritos do Mar Morto’ e os evangelhos de Judas, Maria
Madalena e Tomé, [dentre outros];
durante esse Concílio foi criado o mito da divindade de Jesus... foram
selecionados quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) entre cerca de
400... esses evangelhos mostram um Jesus mais divino, já os que foram queimados
e sumiram mostravam um Jesus mais humano ou sequer citavam o nome dele.
Constantino e sua fingida conversão ao cristianismo criaram uma das maiores
farsas da história, a divindade de Jesus”...
Santa ignorância,
Batman! A
discussão que houve sobre “a divindade” foi, na verdade, sobre a “essência”
divina, quando os “pais da Igreja” teorizaram sobre se Jesus possuía a mesma essência (homoousious) do Pai ou se era semelhante (homoiousious). Não se questionou, em nenhum
momento, se Jesus era divino ou não. Uma
polêmica, de resto, bastante metafísica, que não dá para explanar aqui – como
também foram as discussões sobre se Maria era mãe de Deus ou apenas do Homem
Jesus (isto é, o de Seu corpo carnal), e se o Espírito Santo fazia parte da
Divindade. Isso foi necessário para formar o corpo doutrinário do cristianismo,
pois não era possível deixar tudo “ao Deus dará”. Desse concílio emergiu o
“Credo Apostólico”, uma confissão de fé que resume a crença cristã. Outras
coisas foram discutidas, como a data da Páscoa, e nada disso ocorreu de forma
leviana como sugere o pseudo-jornalista acima. Os debates duravam meses, teses
eram apresentadas, esmiuçadas e por fim, dependendo da sua densidade e consistência teológicas, eram aceitas ou
não; mas o assunto da formação da Bíblia não foi mencionado pelo menos até o
ano 397. A
inclusão dos apócrifos foi assunto que continuou em discussão por séculos.
Mas para isso não foi preciso “destruir” os
“outros evangelhos”. Foi verificado que esses “outros evangelhos” não eram
realmente inspirados como os quatro “escolhidos”; basta ver as bobagens que
eles contêm, e que já vinham sido combatidos desde o tempo dos primeiros
apóstolos. Veja II
Coríntios 11:4 e Gálatas
1:6, ambos escritas no ano 58 d.C., onde já se adverte acerca do “outro
Cristo” que andava sendo pregado na época. Provavelmente era um “gezuz”
genérico, quase igual, mas diferente do original, talvez mais místico,
gnóstico. Talvez cheio de “sabedoria oculta”, ou até mesmo com influências orientais,
estóicas ou platônicas, quem sabe? Ou até “mais humano”, como o de Saramago
e o de Kazantzakis.
Em todo caso, era um “falso cristo”. E isso continuou, tanto que décadas mais
tarde, outro apóstolo fazia o mesmo alerta. I João 2:18 e II João 7, para
ficarmos só nesses exemplos.
Mas nem mesmo os chamados livros apócrifos foram
destruídos! Tanto não foram que sempre foram conhecidos, e até foram
incorporados oficialmente à Bíblia católica no concílio de Trento, de pirraça, diga-se,
porque a Reforma Protestante seguia o cânone já consagrado e não os manteve nas
diversas edições baseadas nos textos originais. Então, os apócrifos não foram
“destruídos”, apenas não entraram na lista canônica. Convenhamos, um “evangelho”
que mostra Jesus criando passarinhos de barro, não tem nada a ver, tinha que
ser excluído mesmo... já basta Deus criar o homem a partir do barro. Jesus fazendo
passarinho já é demais. Podiam até escrever livros e mais livros sobre a
infância de Jesus, etc., mas daí a terem o mesmo grau de inspiração divina que
os evangelhos originais, é outra conversa. Leia João 21:25, e
depois, João 20:31 e 31
– aqui está a razão pela qual alguns livros estão na Bíblia e outros não!
E os Manuscritos do Mar Morto não foram destruídos por Constantino; afinal, acabaram descobertos 1700 anos DEPOIS de Constantino, nas cavernas de Qumram.
E os Manuscritos do Mar Morto não foram destruídos por Constantino; afinal, acabaram descobertos 1700 anos DEPOIS de Constantino, nas cavernas de Qumram.
É tanta bobagem, é tanto argumento sem fundamento,
é tanto palpite preconceituoso, como a péssima matéria do seu Zé Botelho na tal
revista desinteressante, que eu vou parar por aqui, por absoluta falta de
espaço.
Eu vi uma vez a exposição “Pergaminhos do Mar
Morto”.
Foi montada uma sala com objetos e utensílios da época, que é “a sala do escriba”: tem a escrivaninha, e em cima dela, um tinteiro de pedra com a pena dentro. É emocionante imaginar que João e os outros apóstolos provavelmente estiveram em lugares como esse, e usaram instrumentos bem semelhantes, para nos transmitir a Palavra de Deus. Não se trata de, como escreveu o infeliz articulista, de alguém que cismou de escrever coisas como se fosse Deus. Não. Nenhum homem, por mais esperto que fosse, seria capaz de escrever sobre coisas que só aconteceriam milhares de anos depois. Ninguém poderia acertar tantos fatos, como por exemplo, a primeira vinda de Cristo, que se cumpriu nos mínimos detalhes. Clique e veja.
Foi montada uma sala com objetos e utensílios da época, que é “a sala do escriba”: tem a escrivaninha, e em cima dela, um tinteiro de pedra com a pena dentro. É emocionante imaginar que João e os outros apóstolos provavelmente estiveram em lugares como esse, e usaram instrumentos bem semelhantes, para nos transmitir a Palavra de Deus. Não se trata de, como escreveu o infeliz articulista, de alguém que cismou de escrever coisas como se fosse Deus. Não. Nenhum homem, por mais esperto que fosse, seria capaz de escrever sobre coisas que só aconteceriam milhares de anos depois. Ninguém poderia acertar tantos fatos, como por exemplo, a primeira vinda de Cristo, que se cumpriu nos mínimos detalhes. Clique e veja.
Ainda mais
emocionante é
você ler a tradução dos documentos e ver que os Salmos e os Profetas têm
exatamente a mesma redação que a nossa Bíblia. Não há diferença! É fascinante
você ver aqueles documentos, alguns com mais de 2000 anos, ali na sua frente,
com o mesmo texto que você encontra em qualquer Bíblia!
Onde está a manipulação, onde estão as “alterações”?
“Erros” ou “alterações”? Não acredito. É o método massorético usado nos manuscritos originais que preservava o texto, letra por letra. Leia aqui sobre isso. De mais a mais, aqueles que ainda ousam duvidar da autoria dos escritos bíblicos, poderiam pelo menos se dar ao trabalho de procurar trechos em o próprio apóstolo ressalta: “Eu mesmo escrevi, de próprio punho; fui eu mesmo”. Veja como exemplo João 21:24; I Coríntios 16:21; Colossenses 4:18; II Tessalonicenses 3:17; Filemom 19.
“Erros” ou “alterações”? Não acredito. É o método massorético usado nos manuscritos originais que preservava o texto, letra por letra. Leia aqui sobre isso. De mais a mais, aqueles que ainda ousam duvidar da autoria dos escritos bíblicos, poderiam pelo menos se dar ao trabalho de procurar trechos em o próprio apóstolo ressalta: “Eu mesmo escrevi, de próprio punho; fui eu mesmo”. Veja como exemplo João 21:24; I Coríntios 16:21; Colossenses 4:18; II Tessalonicenses 3:17; Filemom 19.
Então, não acredito na teoria do acréscimo ou da
manipulação... pode haver algumas diferenças mais de cunho lingüístico - não
sei porque não é a minha área principal - mas o sentido é exatamente o mesmo.
Por exemplo, a Bíblia católica, baseada na Vulgata, traz "geena" e a protestante, baseada na
Septuaginta, traz “inferno” mesmo, embora "hades" (termo grego) também servisse, em lugar do
hebraico "sheol". Mas se formos olhar bem o
significado do termo, o lugar "geena" era uma espécie de lixão, um vale em Jerusalém onde
queimavam entulho, carcaças de animais etc, e ali o fogo era constantemente
alimentado. A ilustração de Jesus, “onde o fogo não apaga”
(Marcos 9:43-48), é perfeita. Há "geena" numa tradução e “inferno’ na outra. Mas o sentido
é o mesmo. O que falta a certos críticos é uma coisa chamada hermenêutica.
E não. A Bíblia não é a palavra do homem, doa a quem doer.
E não. A Bíblia não é a palavra do homem, doa a quem doer.
Com
informações de http://www.acidezmental.xpg.com.br/top_10_erros_da_biblia.html
e CACP.
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