
No final do ano, as festas “natalinas”, vemos que por toda parte os shopping-centers se enchem de enfeites e de presentes; as casas se iluminam, decoram-se praças, e as cidades gastam em poucos dias tudo o que economizaram de energia durante o controverso “horário de verão”.
As igrejas também entram nessa onda. Os templos católicos são os mais espalhafatosos, e agora a tradição de enfeitar a fachada com lâmpadas rompeu definitivamente a barreira “do interior” e chegou às capitais, numa profusão de luzes e cores. Não há como negar que as cidades ficam mais alegres, e as igrejas evangélicas também entram no clima, e é comum ver árvores “de natal” cheias de bolas coloridas atrás dos púlpitos.

Já falamos também sobre as dúvidas que pairam sobre a data real do nascimento de Jesus. Tipo aqui. Muitos apontam o mês de março ou abril, com base em fatores climáticos (em dezembro seria impossível os pastores estarem no campo com as ovelhas à noite, pois é inverno em Israel). Outros entendem que, com base nas informações de Lucas 1 e I Crônicas 24, Jesus deve ter nascido entre setembro e outubro, o que, aliás, coincide com a festa dos Tabernáculos, e daria uma bela analogia com o “Deus conosco”. Leia mais aqui.
O que se sabe com certeza é que não foi em dezembro, e que essa data só foi adotada pela cristandade depois de muita polêmica, e ainda assim para aproveitar uma festa pagã em que se enchia a cara de manguaça, durante a qual os cristãos podiam ter uns dias de sossego, sem serem perseguidos. Na verdade, eram duas festas, a Saturnália - que começava em 17 de dezembro e durava uma semana - e o nascimento do deus Mitra - em 25 de dezembro. Nessa época, comia-se, bebia-se e davam-se presentes. Juntando a isso a cachaçada e a comelança, mais o solstício de inverno (a noite mais longa do ano no hemisfério norte), com sua tradição de acender velas para “chamar de volta o sol”, vê-se claramente a raiz de certos costumes atuais.
Não vou falar de novo sobre “Papai Noel”, a não ser que esse personagem foi desenhado por Thomas Nest, inspirado em seu avô, e sua barba branca é um símbolo de abastança na era vitoriana. Esse talentoso desenhista, que também criou os símbolos dos partidos americanos democrata e republicano, o burro e o elefante, e também o tio Sam, ainda acrescentou à lenda do “bom velhinho” a lista de meninos bons e maus e a casa no Pólo Norte, e amenizou alguns aspectos mais grosseiros e assustadores como um diabo que acompanhava “são” Nicolau e castigava os meninos que haviam se comportado mal; e transformou o cavalo de oito patas em que o deus nórdico Odin cavalgava pelo céu em oito renas que puxavam o trenó do “Papai Noel”. Já a á árvore vem de uma lenda antiga alemã, como já vimos, e foi popularizada na América pelo príncipe Albert, de origem germânica, marido da rainha Vitória.

Sabemos, entretanto, que o nascimento de Jesus é uma confirmação de que a Bíblia é, de fato, a Palavra Infalível de um Deus Infalível. Muitos séculos antes, os profetas falaram por inspiração do Espírito Santo sobre a época, o local e as circunstâncias da primeira vinda de Jesus a este mundo, como você pode ler aqui e comprovar. Bem diferente das adivinhações dos picaretas modernos, que também nesta época do ano saem de suas tocas e tendas para lançar vaticínios genéricos, verdadeiros placebos que servem para qualquer coisa, como você pode verificar, por exemplo, aqui.
Assim, eu acho que temos muitos motivos para passar direto por essa temporada de consumismo e engorda em que se transformou o “fim de ano”.
Não é à toa que os reformadores pensaram seriamente em abolir o “natal” do calendário cristão.
Em todo caso, não vai ser de uma hora para outra que os evangélicos deixarão de observar o “Natal” como o resto da cristandade idólatra e apóstata. Muito embora a Bíblia diga claramente que não devemos seguir os costumes dos demais povos (II Reis 17:34 e Jeremias 10:3), ainda vão durar muito tempo as cantatas de corais, as apresentações de jograis, os teatrinhos com os juniores e os cultos especiais de “Natal”.

Apesar do que possa parecer, não sou totalmente contra essas coisas: feitas com sabedoria e organização, tornam-se boas oportunidades para apresentar Jesus aos incrédulos, numa época em que as pessoas tornam-se mais receptivas à mensagem do Evangelho – se bem que devemos saber separar a emoção “da alma” das coisas espirituais, como é a Boa Nova da vinda de Jesus.
O que devemos ter em mente é que, muito mais importante do que festejar o nascimento de Jesus, é saber que a Sua morte é que nos trouxe a vida e a redenção. Claro, para Ele morrer teve que nascer, mas em face da paixão, morte e ressurreição de Cristo é que podemos ter direito, pelos Seus méritos, a uma vida eterna ao lado de Deus.
O que devemos ter em mente é que, muito mais importante do que festejar o nascimento de Jesus, é saber que a Sua morte é que nos trouxe a vida e a redenção. Claro, para Ele morrer teve que nascer, mas em face da paixão, morte e ressurreição de Cristo é que podemos ter direito, pelos Seus méritos, a uma vida eterna ao lado de Deus.

Só falta me perguntarem se vou dar presentes “de natal” a alguém. Vou. Mas não porque é Natal, e sim porque como devo ganhar alguma lembrancinha, é de bom alvitre retribuir, mas também é bom explicar que o presente maior que Deus nos deu foi a dolorosa morte de Jesus, porque por meio dela é que a porta de reconciliação com o Pai foi aberta; e com a morte do Cordeiro, veio também a Sua ressurreição, que nos deu a esperança de uma vida eterna, mesmo depois de morrermos.
Deus é assim mesmo, às vezes coisas aparentemente paradoxais se completam para confundir nossa mente carnal e terrena.

Mas isso é assunto para daqui a uns três ou quatro meses.
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