31 de outubro, aniversário da Reforma. Há o que comemorar? Como anda a Igreja Brasileira? Certamente, o Evangelho traz alegria, libertação, cura, comunhão com Deus e com os irmãos na fé. Mas, com tristeza, também percebemos que a infiltração de elementos estranhos à sã doutrina nivela o Evangelho por baixo com diversas outras crenças e costumes. Alguns sintomas podem ser vistos como positivos ou negativos, dependendo da ótica de cada um. Vejamos alguns pontos, e cada leitor tire a própria conclusão.
Primeiramente o efeito do avanço tecnológico como um todo. Esta é uma das portas de entrada de novos elementos na igreja. A tecnologia tem seu lado positivo porque uniu ao redor do globo o povo de Deus espalhado pela terra. Possibilitou maior avanço nas missões mundiais, maior rapidez na evangelização, uma maior comunicação entre as pessoas, seja através de sites, blogs, e-mails, e mensagens on-line, comunicação instantânea entre pessoas e entre os líderes da igreja ao redor do mundo, mas contribuiu negativamente em dois aspectos: afetou a vida comunitária, isto é, a koinonia entre os membros da igreja e abriu canais para a entrada de novas idéias e heresias doutrinárias.
Antes o relacionamento entre os irmãos tinha como base a igreja da localidade, pois era "na igreja" que se encontravam durante a semana e aos domingos comungando a mesma fé, partilhando dos mesmos problemas e soluções, vendo as mesmas pessoas, ouvindo o mesmo pastor e pregador, exceção apenas quando a igreja recebia convidados de fora. O aspecto negativo é que a tecnologia contribuiu para aprofundar o privatismo entre os cristãos. Porque, se antes o espírito de coletividade se restringia à igreja da localidade, hoje a Internet abriu as portas da igreja – dos lares – em que os cristãos têm acesso, como a um grande mercado a todo tipo de ofertas, pregações, livros, vídeos, e podem escolher entre as mensagens da televisão e os cultos transmitidos via WEB. Por que se deslocar até o local do culto, buscando vagas em estacionamentos, sujeito a assaltos e roubos, assistindo cultos em que o som faz rebentar os tímpanos, se em casa pode-se dispor de cultos on-line? Ao dispor de uma variedade de música, pregações e de cultos on-line, os cristãos acedem ao apelo dos pregadores on-line e desviam os recursos que antes era para a igreja local, para a manutenção dos tele-evangelistas. Este é um tema exaustivo que alguns escritores estão analisando com maior profundidade. Além da comunhão, do aperto de mão, do beijo e do calor da amizade que se esvai pelas ondas da WEB.
Os cristãos de hoje vivem isoladamente dos demais irmãos e mantêm uma comunhão virtual sem o calor humano tão presentes no dia a dia da vida da igreja. E abriu as portas para a entrada de novidades e heresias doutrinárias. A igreja foi afetada em sua doutrina, na sua liturgia e no seu estilo de vida na sociedade.
A doutrina – uma descaracterização da ortodoxia, isto é, um relaxamento ou pulverização das regras de fé, antes defendidas a “unhas e dentes”. Aspectos doutrinários, ou de ensinos ficaram pulverizados com a pluralidade doutrinária, pluralidade de pensamento e com a secularização da teologia. Até mesmo denominações pentecostais históricas como as Assembléias pode Deus tornaram-se pluralistas sob vários aspectos. Algumas aceitam o divórcio, outras o repugnam – para citar um exemplo. Algumas têm grupos de danças em sua liturgia, outras cultuam a Deus como faziam 80 anos atrás. Até mesmo na teologia existem diferenças.
Liturgia – uma pulverização da liturgia. A igreja ao longo dos séculos sempre introduziu novos elementos em sua liturgia, nestes últimos anos, porém, a igreja submeteu sua ortodoxia litúrgica a novas influências, algumas igrejas até desprezando a hinódia tradicional e centenária que regia os cultos e a vida da igreja. Se por um lado os novos elementos litúrgicos, como bandas, 40 ou 50 minutos de cânticos, danças e teatros reativaram os cultos, por outro certas características foram lentamente desaparecendo, como a importância da pregação, reverência e ordem nos cultos.
Danças – esta pulverização – até certo ponto com perda de identidade – trouxe para os púlpitos e palanques a entrada de grupos de danças, ou adoração artística. Algumas igrejas vêem nisto uma necessidade; outras utilizam grupos de danças apenas em festas ou celebrações especiais. A maioria faz das danças uma rotina igualando-as aos cânticos e orações. Alguns vêem perigos neste novo elemento que poderá descaracterizar o culto a Deus.
Instrumentos musicais – o uso de apenas um trio de instrumentos – bateria, guitarra e baixo – o desprezo ou alienação dos pianistas e organistas em troca de tecladistas que apenas tocam cifras, e não melodias, trouxe para os cultos uma liturgia limitada a estes instrumentos – sem o toque litúrgico tão comum ao som do órgão e do piano, de instrumentos de sopro e outros de cordas, como o violino e seus semelhantes. Agregue-se a isto a infiltração de músicas e letras repetitivas, sem rimas, métrica e poesia. Além dos mantras que levam as pessoas a alucinações mentais, confundidas com experiências espirituais, etc.
Mensagens de auto-ajuda – a falta da pregação expositiva bíblica em troca de mensagens apenas tópicas; o desaparecimento das pregações doutrinárias em troca de mensagens positivistas e de auto-ajuda e a falta de conhecimento bíblico vêm dominando até mesmo o púlpito das igrejas históricas. Questionam alguns se o verdadeiro cristão precisa de mensagem de auto-ajuda; de ser embalado em sua psique, em sua alma, ao som de novos acordes. A mensagem de auto-ajuda ofuscou a mensagem da cruz.
O avivamento das décadas de 60-70 trouxe o povo de volta à Palavra de Deus, como todos os avivamentos bíblicos da história o fizeram. O atual movimento – que não é avivamento – não está levando o povo de volta à Palavra, mas ao sensacionalismo, à busca de prazer, à prosperidade e a individualização da fé. São coisas que devem causar preocupação, pois que afetará as próximas gerações. Neste caso, a liturgia também foi afetada pela influência dos pregadores televisivos que deixaram o povo exigente quanto a pregações, levando-o a desprezar as mensagens expositivas, difíceis de serem pregadas na televisão pela limitação do tempo, mas tão necessárias para o entendimento da palavra de Deus.
Conseqüentemente, a exacerbação da mística e da fé passaram a ter preeminência sobre a Palavra de Deus. A busca pela renovação espiritual sem o prumo da palavra de Deus vem levando os crentes a desprezar o ensino da cruz e do sofrimento na vida cristã. Cruz e sofrimento ficaram no passado da igreja, a nova “onda” espiritual é a de amar a prosperidade e o sucesso. Até mesmo pregadores antigos tidos como profetas de Deus aderiram a esta nova mensagem, e ficam horas inteiras levantando dinheiro e tirando ofertas do povo com a mensagem da prosperidade, em que somente prospera o pregador... a ganância de Balaão não tem limites. Os gananciosos são pastores e líderes que convidam pregadores “sapatinhos de fogo”, artistas e jogadores famosos, para trazer atrativos extras aos cultos e granjear maior audiência, pois também estão afetados pelo espírito de Balaão e querem lucrar com este tipo de ministério.
O esoterismo evangélico – a falta da palavra de Deus como mensagem expositiva vem levando sutilmente os crentes a viverem um privatismo, o pluralismo e o secularismo como normas da vida cristã. O privatismo leva o cristão a viver em torno de si mesmo; o pluralismo leva-o a aceitar elementos de filosofia e a idéia de aceitação de tudo e de todos na igreja; e o secularismo invadiu a teologia com a filosofia e com os conceitos da psicologia moderna na educação e no ensino das crianças e dos adultos, e na pregação do evangelho.
A ausência da Palavra de Deus vem formando uma igreja com comportamento e práticas esotéricas que dá poderes a elementos místicos, em nada se diferenciando do mundo e das religiões místicas ao seu redor. O esoterismo evangélico concede poderes aos óleos “consagrados”, a água, ao vinho e ao sal, como se o poder de Deus se limitasse a objetos e a práticas vetero-testamentárias. A falta de uma exegese bíblica verdadeira permitiu o surgimento de uma igreja com práticas judaizantes, celebração de festas judaicas, a observação de dias e datas especiais dos judeus, roupas, a bandeira de Israel hasteada nos púlpitos, confundindo o natural com o espiritual, e peregrinações a lugares históricos, considerados “santos”, em que tais práticas e guardas de datas passaram a ser a essência da fé, o propósito da igreja, acima da própria palavra de Deus.
A batalha espiritual, a partir de um entendimento errôneo de Efésios 6, incentiva os crentes a perseguir e destruir Satanás e os demônios. Paulo, Pedro e Tiago ensinam que os cristãos devem ficar firmes e resistir, e nunca sair em perseguição atrás de demônios. As fortalezas malignas que devem ser destruídas estão no campo da mente, e não no campo físico. Mas, para vencer a batalha espiritual, lança-se mão de complicados misticismos. Mapeia-se espiritualmente cidades e territórios, buscam-se as raízes de maldições hereditárias, promovem-se mais e mais sessões de libertação e exorcismo de crentes, fazem-se atos proféticos... a lista é grande, mas nem tudo está baseado na palavra de Deus. Muitas dessas práticas vêm de experiências próprias e doutrinas extravagantes, sem exame crítico à luz das Escrituras.
A doutrina – uma descaracterização da ortodoxia, isto é, um relaxamento ou pulverização das regras de fé, antes defendidas a “unhas e dentes”. Aspectos doutrinários, ou de ensinos ficaram pulverizados com a pluralidade doutrinária, pluralidade de pensamento e com a secularização da teologia. Até mesmo denominações pentecostais históricas como as Assembléias pode Deus tornaram-se pluralistas sob vários aspectos. Algumas aceitam o divórcio, outras o repugnam – para citar um exemplo. Algumas têm grupos de danças em sua liturgia, outras cultuam a Deus como faziam 80 anos atrás. Até mesmo na teologia existem diferenças.
Liturgia – uma pulverização da liturgia. A igreja ao longo dos séculos sempre introduziu novos elementos em sua liturgia, nestes últimos anos, porém, a igreja submeteu sua ortodoxia litúrgica a novas influências, algumas igrejas até desprezando a hinódia tradicional e centenária que regia os cultos e a vida da igreja. Se por um lado os novos elementos litúrgicos, como bandas, 40 ou 50 minutos de cânticos, danças e teatros reativaram os cultos, por outro certas características foram lentamente desaparecendo, como a importância da pregação, reverência e ordem nos cultos.
Danças – esta pulverização – até certo ponto com perda de identidade – trouxe para os púlpitos e palanques a entrada de grupos de danças, ou adoração artística. Algumas igrejas vêem nisto uma necessidade; outras utilizam grupos de danças apenas em festas ou celebrações especiais. A maioria faz das danças uma rotina igualando-as aos cânticos e orações. Alguns vêem perigos neste novo elemento que poderá descaracterizar o culto a Deus.
Instrumentos musicais – o uso de apenas um trio de instrumentos – bateria, guitarra e baixo – o desprezo ou alienação dos pianistas e organistas em troca de tecladistas que apenas tocam cifras, e não melodias, trouxe para os cultos uma liturgia limitada a estes instrumentos – sem o toque litúrgico tão comum ao som do órgão e do piano, de instrumentos de sopro e outros de cordas, como o violino e seus semelhantes. Agregue-se a isto a infiltração de músicas e letras repetitivas, sem rimas, métrica e poesia. Além dos mantras que levam as pessoas a alucinações mentais, confundidas com experiências espirituais, etc.
Mensagens de auto-ajuda – a falta da pregação expositiva bíblica em troca de mensagens apenas tópicas; o desaparecimento das pregações doutrinárias em troca de mensagens positivistas e de auto-ajuda e a falta de conhecimento bíblico vêm dominando até mesmo o púlpito das igrejas históricas. Questionam alguns se o verdadeiro cristão precisa de mensagem de auto-ajuda; de ser embalado em sua psique, em sua alma, ao som de novos acordes. A mensagem de auto-ajuda ofuscou a mensagem da cruz.
O avivamento das décadas de 60-70 trouxe o povo de volta à Palavra de Deus, como todos os avivamentos bíblicos da história o fizeram. O atual movimento – que não é avivamento – não está levando o povo de volta à Palavra, mas ao sensacionalismo, à busca de prazer, à prosperidade e a individualização da fé. São coisas que devem causar preocupação, pois que afetará as próximas gerações. Neste caso, a liturgia também foi afetada pela influência dos pregadores televisivos que deixaram o povo exigente quanto a pregações, levando-o a desprezar as mensagens expositivas, difíceis de serem pregadas na televisão pela limitação do tempo, mas tão necessárias para o entendimento da palavra de Deus.
Conseqüentemente, a exacerbação da mística e da fé passaram a ter preeminência sobre a Palavra de Deus. A busca pela renovação espiritual sem o prumo da palavra de Deus vem levando os crentes a desprezar o ensino da cruz e do sofrimento na vida cristã. Cruz e sofrimento ficaram no passado da igreja, a nova “onda” espiritual é a de amar a prosperidade e o sucesso. Até mesmo pregadores antigos tidos como profetas de Deus aderiram a esta nova mensagem, e ficam horas inteiras levantando dinheiro e tirando ofertas do povo com a mensagem da prosperidade, em que somente prospera o pregador... a ganância de Balaão não tem limites. Os gananciosos são pastores e líderes que convidam pregadores “sapatinhos de fogo”, artistas e jogadores famosos, para trazer atrativos extras aos cultos e granjear maior audiência, pois também estão afetados pelo espírito de Balaão e querem lucrar com este tipo de ministério.
O esoterismo evangélico – a falta da palavra de Deus como mensagem expositiva vem levando sutilmente os crentes a viverem um privatismo, o pluralismo e o secularismo como normas da vida cristã. O privatismo leva o cristão a viver em torno de si mesmo; o pluralismo leva-o a aceitar elementos de filosofia e a idéia de aceitação de tudo e de todos na igreja; e o secularismo invadiu a teologia com a filosofia e com os conceitos da psicologia moderna na educação e no ensino das crianças e dos adultos, e na pregação do evangelho.
A ausência da Palavra de Deus vem formando uma igreja com comportamento e práticas esotéricas que dá poderes a elementos místicos, em nada se diferenciando do mundo e das religiões místicas ao seu redor. O esoterismo evangélico concede poderes aos óleos “consagrados”, a água, ao vinho e ao sal, como se o poder de Deus se limitasse a objetos e a práticas vetero-testamentárias. A falta de uma exegese bíblica verdadeira permitiu o surgimento de uma igreja com práticas judaizantes, celebração de festas judaicas, a observação de dias e datas especiais dos judeus, roupas, a bandeira de Israel hasteada nos púlpitos, confundindo o natural com o espiritual, e peregrinações a lugares históricos, considerados “santos”, em que tais práticas e guardas de datas passaram a ser a essência da fé, o propósito da igreja, acima da própria palavra de Deus.
A batalha espiritual, a partir de um entendimento errôneo de Efésios 6, incentiva os crentes a perseguir e destruir Satanás e os demônios. Paulo, Pedro e Tiago ensinam que os cristãos devem ficar firmes e resistir, e nunca sair em perseguição atrás de demônios. As fortalezas malignas que devem ser destruídas estão no campo da mente, e não no campo físico. Mas, para vencer a batalha espiritual, lança-se mão de complicados misticismos. Mapeia-se espiritualmente cidades e territórios, buscam-se as raízes de maldições hereditárias, promovem-se mais e mais sessões de libertação e exorcismo de crentes, fazem-se atos proféticos... a lista é grande, mas nem tudo está baseado na palavra de Deus. Muitas dessas práticas vêm de experiências próprias e doutrinas extravagantes, sem exame crítico à luz das Escrituras.
Texto original: Ministério Pastor João Antonio de Souza Fillho, pastor e escritor – http://www.pastorjoao.com.br/historia/breveensaio.htm
Publicado com autorização.