Quem morreu no ano que passou
585.670
Este é um post triste.
Fala sobre os que não estão mais aqui.
Como aqueles que, em 8 de março de 2014, estavam a bordo do vôo MH-370 da
Malaysia Airlines que saiu de Kuala Lumpur e deveria chegar a Pequim depois de seis
horas no ar, mas desapareceu 40 minutos após a decolagem.
E
também aqueles 298, a
maioria holandeses, que em 17 de julho, morreram em outro vôo da mesma Malaysia
Airlines, na Ucrânia, próximo da fronteira com a Rússia, quando seguia de Amsterdã
para Kuala Lumpur, num caso que até hoje não chegou a ser
totalmente elucidado.
Também os 302 passageiros da balsa Sewol, que afundou em 16 de abril na
costa da Coréia do Sul com 476 pessoas a bordo, das quais apenas 174, entre elas
o capitão e parte da tripulação, foram resgatadas. Meses mais tarde o
comandante se suicidou. Em uma mina de carvão na Turquia, 302 operários perderam a vida numa
explosão no dia 13 de maio. Ao todo havia 787 pessoas trabalhando no momento do
desastre.
Pelo menos 126 pessoas, das quais ao menos 120 crianças, morreram em um ataque do Taleban contra uma escola em
Peshawar, principal cidade do noroeste do Paquistão, em 16 de dezembro; mais de 80 ficaram feridas. Um professor foi
incendiado na frente dos alunos. Uma tempestade tropical matou 31 nas Filipinas, 21 na Malásia e 15 na
Tailândia; no Brasil, raios mataram 84 pessoas.
Outras 162 pessoas morreram noutro acidente aéreo, em
28 de dezembro: o vôo QZ 8501 da AirAsia havia saído de Surabaia, na Indonésia,
com destino a Cingapura, onde pousaria duas horas depois, mas caiu misteriosamente no mar. Também morreram 35 chineses, mas numa festa: um tumulto no reveillon em Xangai, minutos antes da virada do ano.
Sete operários morreram em acidentes
em obras de estádios para a Copa, sendo 3 no palco da abertura, em São Paulo. E
por falar em Copa, como morreu gente ligada ao futebol! Em 5 de janeiro,
faleceu Eusébio, aos 71 anos, o melhor jogador português de todos os
tempos. O “Pantera Negra” ou “Pelé Português”, em 1966 levou Portugal às
semifinais da Copa do Mundo, eliminando o Brasil. Jogou no Benfica de 1960 a 1975, e se aposentou
em 1980. Bellini (capitão da seleção brasileira na conquista de sua primeira
Copa, em 1958, com 83 anos em 20 de março); Luciano do Valle (jornalista,
narrador e empresário, aos 66 anos, vítima de um infarto em 19 de abril); Afo (Afonso
Celso Duarte, chargista esportivo do jornal Estado de Minas, em 26 de abril,
aos 73 anos); os ídolos do Fluminense nos anos 1980 Washington e Assis, em 25
de maio, com 54 anos, e 6 de julho, com 61, respectivamente; Mauricio Torres
(narrador da TV Record, aos 43 anos, em 31 de maio); Marinho Chagas (ex-jogador
do Botafogo, Fluminense, Seleção Brasileira e NY Cosmos, em 1º de junho, aos 62
anos); Fernandão (ex-jogador de Goiás, Olympique de Marselha, Internacional e
São Paulo, ex-técnico e comentarista, aos 36 anos, no dia 7 de junho). A bruxa continuou solta depois da Copa:
morreram Alfredo Di Stefano (ex-jogador, um dos maiores craques da História, em
6 de julho aos 88 anos); cinco dias depois, Osmar de Oliveira, médico
ortopedista, comentarista e narrador, aos 71. Armando Marques (aos 84, ex-juiz)
em 16 de julho e Julio Grondona (presidente da Federação Argentina, AFA), aos
82, no dia 30 de julho.
Mais de 60
jornalistas morreram no exercício da profissão, a maioria em zonas de
conflitos. Conflitos como
o na Ucrânia, onde cerca de 3.000 pessoas perderam a vida.
A guerra do trânsito nas ruas
brasileiras foi responsável por ainda mais mortos – passam de 40.000, por mais
que as autoridades noticiem planos e mais planos para reduzir essa estatística.
Na Síria, já são tantas as
vítimas fatais que o escritório de direitos humanos da ONU parou de atualizar o
número desde a sua última estimativa de pelo menos 200 mil até o fim de 2014.
Nos Estados Unidos, três pessoas morreram
baleadas em um shopping de Maryland, e o assassino em seguida se suicidou, em
25 de janeiro. Em 3 de abril, um tiroteio na
base militar de Fort Hood, no Texas, deixou quatro mortos, uma das
quais o próprio assassino. Em 24 de maio, mais sete na Universidade da
Califórnia: o suspeito do atentado foi encontrado morto dentro do carro. Pelo
menos um estudante morreu em tiroteio em 10 de junho na Reynolds High School,
em Portland, Oregon. O autor dos disparos também morreu
(e aqui no Brasil tem maluco defendendo a liberação
do porte de arma). Inocentes atingidos por balas perdidas são impossíveis de
ser contabilizados.
Desde o
primeiro dia do ano desapareceram muitas caras conhecidas.
Entre empresários e políticos, alguns que partiram foram:
Ariel Sharon, ex-primeiro ministro de Israel, no dia 11 de janeiro em Tel
Aviv, de falência múltipla dos órgãos. Em 2005, ele sofrera um derrame
do qual se recuperou, mas em 2006 sofreu outro muito mais grave. Sharon entrou
em coma e assim permaneceu desde então. Em 2013, foi constatado que era irreversível
a sua situação. Tinha 85 anos.
Em 8 de julho, Plínio de Arruda Sampaio, advogado, promotor público e, na
década de 60, como deputado pelo antigo Partido Democrata Cristão
(PDC), foi relator do projeto de reforma agrária do governo de João Goulart.
No final da década seguinte, participou da fundação do Partido dos
Trabalhadores (PT). Em 1985, foi eleito deputado federal, atuando na
elaboração da Constituição. Em
2005, deixou o PT e foi para o PSOL, sendo candidato ao governo de São
Paulo em 2006, e à Presidência da República em 2010, quando conquistou 886 mil
votos e ficou em quarto lugar. Tinha 83 anos e se tratava de um câncer ósseo.
A 13 de agosto, Eduardo Campos, 49 anos, candidato à presidência pelo
Partido Socialista, em acidente aéreo que sacudiu a campanha eleitoral. Também
perderam a vida assessores que o acompanhavam na viagem.
19 de
novembro – Marcio Thomaz Bastos, jurista e ex-ministro da Justiça, de
complicações decorrentes de uma doença pulmonar. Aos 79 anos, em São Paulo.
24 de agosto - Antônio Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim.
Em São Paulo, aos 86 anos, de insuficiência cardíaca.
20 de
novembro – Samuel Klein, empresário, fundador das Casas Bahia. De origem
judia-polonesa, chegou a ficar 2 anos prisioneiro no campo de concentração
nazista de Treblinka, onde a maior parte de sua família morreu. Depois da
guerra, já casado, veio para o Brasil onde começou a trabalhar como vendedor,
mesmo sem falar português. Aos poucos foi ampliando sua clientela
principalmente entre os imigrantes nordestinos, de onde tirou o nome “Casa
Bahia”. Aos 91 anos, de insuficiência respiratória, em São Paulo.
Atores:
1º de janeiro – James Avery, o “tio Phil” da série
protagonizada por Will Smith “The Fresh Prince of Bel-Air” (“Um
Maluco no Pedaço”). Aos 65 anos, de complicações de uma cirurgia cardíaca.
2 de fevereiro - Philip Seymour Hoffman, de “Missão Impossível 3” e “Dúvida”, em que
interpretou um padre suspeito de pedofilia. Em 2002 ganhou o Oscar de Melhor
Ator como o personagem-título de “Capote”. Encontrado em seu apartamento
com uma seringa de heroína espetada no braço. Tinha 46 anos.
10 de fevereiro – Shirley Temple. Com seus característicos cachinhos
loiros, covinhas e olhos brilhantes, foi um dos maiores fenômenos de Hollywood. Menina prodígio, em 1935 ganhou um Oscar
com seis anos de idade: até hoje é a atriz mais jovem a receber a
estatueta. Deixou o cinema em 1950, aos 21 anos. Em 1972, diagnosticada
com câncer de mama, foi uma das primeiras celebridades a falar abertamente
sobre a doença. Embaixadora em Gana (1974-1976) e Tchecoslováquia (1989). De
causas naturais aos 85 anos, em sua casa, na Califórnia. Na mesma data, Virgínia Lane, atriz, cantora e dançarina. De acordo com rumores, a “Vedete do Brasil” teve um caso com o então presidente Getúlio
Vargas, após o sucesso da música “Sassaricando”. No cinema, fez várias comédias
carnavalescas com Oscarito, Grande Otelo e Zé Trindade. Em 1951, protagonizou o
primeiro nu (não frontal) no cinema nacional. Teve falência múltipla de órgãos aos 93 anos em Volta Redonda.
24 de fevereiro – Harold Ramis, que
dirigiu, atuou, roteirizou e/ou co-escreveu “Feitiço do tempo”, “Clube dos Pilantras”,
“Férias frustradas”, “A Máfia no divã” e “A Máfia volta ao divã”, “Os
caça-fantasmas” e sua seqüência “Os caça-fantasmas 2” . Aos 69 anos em Chicago, em
decorrência de uma doença rara nos vasos sanguíneos.
5 de abril - José Wilker, de inúmeros personagens marcantes na TV e no cinema. De
infarto aos 69 anos, no Rio de Janeiro.
29 de abril – Bob Hoskins, de “Uma Cilada para Roger Rabbit”, “Hook
- A volta do Capitão Gancho”, “Super Mario Bros.” e “Circulo de Fogo”. Aposentou-se
em 2012, com o mal de Parkinson. Em Londres, aos 71 anos.
30 de julho – Fausto Fanti, o “Renato” do
programa “Hermes & Renato”, da MTV. Encontrado com um
cinto enrolado no pescoço, em seu apartamento, em São Paulo. Tinha 35 anos
de idade.
11 de agosto – Robin Williams: “Popeye” (1980), “Bom Dia Vietnã”, “Patch
Adams”, “Jumanji”, “Uma Babá Quase Perfeita”, “Sociedade dos Poetas Mortos”,
“Hook – a volta do Capitão Gancho”, “Uma Noite no Museu” e muitos outros. Oscar
de ator coadjuvante por “Gênio Indomável” (1997) e vários outros prêmios, lutava
contra o vício de cocaína e álcool, além da depressão. Tinha 63 anos e se
enforcou em sua residência na Califórnia.
12 de agosto – Lauren Bacall, que tinha 89 anos e sofreu um derrame em
casa. De beleza “clássica”, estrelou “À beira do abismo” (1946), “Paixões em
fúria” (1948), e “Como agarrar um milionário” (1953). Foi casada com Humphrey Bogart desde a década
de 1940 até a morte dele, em 1957. Mais tarde se casou com o também ator Jason
Robards. Em 2009, ganhou um Oscar honorário por sua participação na “era de
ouro” de Hollywood.
4 de setembro - Joan Rivers, cuja longa carreira (de mais de cinco
décadas) a tornou “rainha da comédia”. Foi também uma das primeiras mulheres
a fazer stand up. Apresentava o programa “Fashion Police”,
no canal pago de televisão E!. Dizia ter feito 734 cirurgias plásticas.
Seu estilo cômico a fazia satirizar a si própria e outras celebridades. Aos 81
anos, em Nova York, após complicações de uma cirurgia nas cordas vocais.
10 de setembro - Richard Kiel, conhecido pelo seu papel de “Jaws” (“Dentes
de Aço”) nos filmes de James Bond. Com 2,18 m de altura, chegou a
ser cogitado para interpretar o Hulk na série de TV, mas foi
substituído, pois os produtores o consideraram “gentil e afetuoso demais”. Aos
74 anos, em Fresno, de causas não reveladas.
4 de outubro - Hugo Carvana, que trabalhou
em mais de cem filmes e novelas, desde 1955. Fez parte do movimento
do Cinema Novo. Estreou nas novelas em 1975, com “Cuca Legal”. Deu
vida ao malandro carioca, como em “Vai trabalhar, vagabundo”, de 1973.
Tinha 77 anos e sofria de câncer no pulmão.
28 de
novembro – Roberto Bolaños, comediante, escritor e diretor de TV mexicano,
famoso por seus personagens “Chaves” e “Chapolim”. Conhecido em seu país como “Chespirito” (uma
alusão a Shakespeare), Chapolim estreou em 1970 e Chaves no ano seguinte,
ainda como quadros do programa Chespirito. As séries bateram recordes de
audiência e viraram programas próprios em 1973. A Televisa tentou
contratar Bolaños, mas com a recusa do comediante decidiu comprar a emissora
onde ele trabalhava e ampliar a rede. Os programas de Chespirito
ficaram no ar durante quase 30 anos ininterruptos no México, e
saíram do ar em 1995. Nos anos 1980, Silvio Santos comprou novelas
mexicanas da Televisa e recebeu Chaves e Chapolim como brinde. As séries
estrearam no SBT em 1984 e estão até hoje no ar, desbancando sucessos globais
como Xuxa. Bolaños vivia em Cancún, México, com a mulher, Florinda Meza; sofria
de problemas respiratórios e de locomoção, e respirava com um cilindro de
oxigênio. Teve uma parada cardíaca, aos 85 anos.
18 de
dezembro – Virna Lisi, uma das musas do cinema italiano nos anos 1960. Nascida
Virna Pieralisi, alcançou o sucesso com “La Donna del Giorno” (1957),
“Eva” (1962), e “A Tulipa Negra” (1963) com Alain Delon. Logo depois foi para
disso onde chegou a ser considerada a nova Marilyn Monroe, e estrelou “Como
Matar Sua Esposa” (1965), e “Assalto a um Transatlântico” (1966),
com Frank Sinatra. A partir daí, passou a formar com Sofia Loren e Claudia
Cardinale o trio das musas italianas. Premiada como melhor atriz no Festival de
Cannes em 1994, por sua interpretação de Catarina de Médici em “A Rainha
Margot”. Também fez teatro e TV, como na peça “Otello” de 1969. Seu último
filme foi “O Mais Belo Dia de Nossas Vidas” (2002). Faleceu em Roma, aos 78 anos.
Músicos:
5 de janeiro – Nelson Ned. “Tudo passará”, de 1969, foi um de seus
grandes sucessos. Nos anos 1990, tornou-se evangélico. Em 2003, sofreu um
acidente vascular cerebral que muito o debilitou, culminando com sua morte aos
66 anos, em São Paulo.
20 de janeiro - Márcio Antonucci, da dupla “Os Vips”, que ganhou
fama no tempo da “Jovem Guarda”. A dupla gravou várias versões de músicas do
Beatles. 68 anos,teve infecção generalizada, em Angra dos Reis
(RJ).
26 de fevereiro – Paco de Lucía, mestre da música flamenca. Tocava com
tal rigor e perfeccionismo que é considerado o Mozart espanhol. Começou aos 7
anos, conhecido como “Paco, el de Lucía” (Paco, o filho de Lucía). Ganhou
popularidade mundial por seus trabalhos com John McLaughlin, Al Di Meola, Larry
Coryell e Cameron de La Isla. Passava
temporadas em Cancún, no México, onde sofreu um infarto aos 66 anos.
26 de fevereiro - Ernesto Paulella, advogado paulistano, aposentado,
viúvo e estudioso de latim, mais conhecido como o “Arnesto” do samba composto
por seu amigo Adoniran Barbosa. Ele faria cem anos em 15 de dezembro de 2014 e ainda
morava no bairro do Brás, em São Paulo.
8 de maio - Jair Rodrigues. Com jeito brincalhão de malandro e voz
potente, seu talento de intérprete ressoa até hoje com a canção “Disparada”,
sensação no Festival da Música em 1966, e pela célebre parceria com Elis
Regina. Em Cotia, interior de São Paulo, aos 75 anos.
30 de setembro - Jadir Ambrósio, compositor mineiro, autor do hino do
Cruzeiro. Em 1965, participou de um concurso da rádio Inconfidência (antes
disso, o clube não tinha uma música oficial): “Estava subindo a avenida Afonso Pena e em questão de cinco minutos fiz
o hino”. E a canção teve aprovação imediata. “A diretoria estava reunida. Cheguei, mostrei o hino, e não teve vamos
ver não. Gravei e começou assim”. Tinha 91 anos, e se tratava de doenças
nos rins e no coração.
25 de outubro - Jack Bruce, ex-baixista da banda Cream, que formou com
Eric Clapton e Ginger Baker, uma das mais importantes da história da música, com
canções como “White Room” e “Sunshine of Your Love”. Tinha 71 anos, e a causa
da morte, contudo, não foi divulgada.
22 de
dezembro – Joe Cocker, cantor e compositor inglês. Dono de uma voz
privilegiada, notabilizou-se por interpretar blues, e ganhou fama mundial ao cantar “Whit a Little Help From My
Friends”, dos Beatles, em Woodstock (1969). Tinha 70 anos e sofria de câncer na
garganta.
Escritores e jornalistas:
8 de janeiro - Márcio Rubens Prado, um dos maiores cronistas esportivos
de Minas e do Brasil. Em entrevista recente, revelou a frustração de não ter
sido pianista e de nunca ver o seu América-MG campeão da Série A. De problemas
cardíacos, aos 80 anos, em Belo Horizonte, com “o coração pisoteado pelas donas”, como costumava brincar.
17 de abril - Gabriel García Marquez, Nobel da Literatura em 1982. Tinha
a saúde muito frágil, por conta de uma pneumonia. Aos 87 anos, na Cidade do
México.
18 de julho – João Ubaldo Ribeiro. Membro da Academia Brasileira de
Letras desde 1994. Seu maior sucesso é o seu segundo livro, de 1971, “Sargento
Getúlio”, consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, comparável a
Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Aos 73 anos, de embolia pulmonar.
23 de julho – Ariano Suassuna. “O Auto da Compadecida”, sua obra mais
famosa, é de 1955, e foi apresentada pela primeira vez no Recife, em 1957, sem
grande sucesso. Mas anos depois virou especial de TV e filme. Nascido em 1927,
em João Pessoa, cresceu no sertão paraibano e mudou-se com a família para
Recife em 1942. Na década de 70, Suassuna defendia a criação de uma arte
erudita nordestina com raízes populares. Foi membro-fundador do Conselho
Nacional de Cultura. Aposentou-se como professor da Universidade Federal de
Pernambuco, e em 1990 tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Mesmo com
problemas de saúde, permanecia em plena atividade. Tinha 87 anos e sofreu um
acidente vascular cerebral (AVC).
Religiosos:
30 de maio - Renê Pereira Feitosa, pastor, depois de 70 anos de trabalho
ininterrupto na pregação, evangelização, ensino e implantação de igrejas no
Brasil e em outros países. Juntamente com seus filhos, também pastores Reuel e
Uziel, na década de 1970 fundou a Igreja Peniel em Belo Horizonte, conhecida
por seu importante e pioneiro trabalho na recuperação dos hoje chamados
“excluídos” – dependentes químicos, travestis, prostitutas, moradores de rua. Um dos pilares do movimento de renovação espiritual na Igreja
Batista nos anos 1960, ao lado de Enéas Tognini, José Rego do Nascimento e
Achilles Barbosa. Sua morte aconteceu no dia em que comemorava 75 anos de
casamento. Em Campo Grande, Mato Grosso, aos 93 anos.
9 de
novembro - Myles Munroe, pastor e palestrante, em um acidente aéreo nas
Bahamas, onde residia. Com ele faleceram sua esposa Ruth, a filha de ambos,
Charisa, e mais seis pessoas. Munroe era um dos
expoentes do movimento “Palavra da Fé” e arrecadava fortunas em campanhas,
seminários de liderança, venda de livros e palestras motivacionais em todo o mundo, alcançando 500 mil pessoas por ano.
Esteve algumas vezes no Brasil a convite de Robson Rodovalho (da Igreja Sara
Nossa Terra), a quem muito influenciou com sua teologia da prosperidade, e
depois com Silas Malafaia, que o recebeu em seus programas e congressos e
editou alguns de seus livros. Munroe enfatizava o Reino de Deus e defendia uma
escatologia pós-milenista, que prega um reino paradisíaco de paz e amor universal ainda nesta era, num contexto triunfalista. Tinha compreensão nova-erista da divisão entre “Cristo” e “Jesus” (“Jesus foi a manifestação humana do
Cristo celestial”, quando a sã doutrina ensina que em Cristo há uma só
pessoa com duas naturezas, a divina e a humana). Bacharel
em Artes e Educação, Belas Artes e Teologia, e Doutor Honorário pela
Universidade Oral Roberts, e Mestre em Artes e Administração pela Universidade
de Tulsa, Oficial do Império Britânico,
outorgado pela Rainha da Inglaterra, e Jubileu de Prata do Governo de
Bahamas, por sua contribuição ao crescimento do País. Foi autor ou
co-autor de mais de 100 livros, 23 deles com ênfase na auto-ajuda, e autor de Bíblias “de estudo”. Escrevia para diversas
revistas e jornais. Tinha 60 anos de idade.
Outras figuras:
3 de maio - Benedicta Finazza, conhecida como Mãe Diná, adivinhadora que
ganhou fama ao supostamente prever o acidente com os Mamonas Assassinas em
1996. De falência múltipla dos órgãos, aos 83 anos, em São Paulo.
12 de maio - Hans Ruedi Giger, pintor surrealista, conhecido como H. R.
Giger, o criador do “Alien” e cuja arte estampou a capa de discos de vários
artistas como Emerson, Lake & Palmer, Debbie Harry, Celtic Frost, Danzig e
Dead Kennedys. Com 74 anos, estava hospitalizado após cair na escada de sua
casa em Zurique, na Suíça.
11 de setembro - Sebastião Pereira de Jesus, mais conhecido como Tião das
Rendas, personagem folclórico de Minas Gerais. Desde 1981, levava ao ouvinte do
rádio informações sobre público e renda do futebol, antes dos jogos, e se
vangloriava por sempre acertar. Ficou famoso pelos bordões “olha o dinheiro do jogo” e “pupagante”
(público pagante). Pela dicção ruim, quase sempre gerava dúvidas nos ouvintes e
era necessário repetir. Tião chamava atenção pelas camisas coloridas, bem “berrantes”.
Outra de suas atividades era a organização de bailes dançantes. Na Praça Sete,
no coração de Belo Horizonte, participava de rodas de aposta de política,
futebol e outros temas polêmicos. Em 2008, candidatou-se a vereador, sem
sucesso. Tinha 70 anos.
Este longo
obituário podia ser maior ainda. Estima-se que, atualmente,
morrem mais de 50
milhões de pessoas por ano, em todo o mundo.
Isto nos faz parar para pensar.
Onde estaremos daqui a um ano?
Será que vamos fazer parte dessa longa lista de desaparecidos?
E se sim, será que deixaremos saudade? As pessoas sentirão falta de nós?
Chorarão nossa perda?
E, caso não estejamos mais aqui, onde estaremos?
Vivendo uma nova, eterna e melhor vida ao lado de Jesus – como ele
prometeu ao ladrão na cruz, “ainda hoje estarás comigo no paraíso”? Ou
estaremos numa terrível expectativa de um julgamento do qual não sairemos com
veredito favorável? Quantos desses mais de 5o milhões descansam em paz hoje?
Quantos já sentem o calor e o cheiro de enxofre?
É para pensar. Pensar e agir, enquanto ainda temos o fôlego da vida e
oportunidade para escolher onde queremos passar a Eternidade.585.670