Existem acréscimos nas Escrituras?
De
novo: os trechos de comentários que recebi, contendo dúvidas e críticas ao
texto da Bíblia, serão transcritos neste tipo de letra.
A Bíblia às vezes é definida por algumas pessoas como “uma verdadeira colcha de
retalhos, cujos autores, em sua maioria, são desconhecidos ou incertos, que ali
expressaram suas crenças pessoais, imbuídas de conceitos, preconceitos,
superstições e escassos conhecimentos científicos, comuns às pessoas das
atrasadas sociedades de suas épocas”.
Eu já começo dizendo que os autores não são “desconhecidos ou incertos”. Não resta a menor sombra de dúvida sobre a autoria dos livros da Bíblia. Quem, em sã consciência, negaria que Moisés escreveu os cinco primeiros livros, quando eles próprios têm na introdução esta informação? Já sei, vão dizer que “como pode Moisés ter descrito a sua própria morte”? Obviamente, depois que Moisés morreu, um dos sacerdotes, ou muito provavelmente Josué, seu sucessor, incluiu a nota fúnebre, que aliás, faz a ligação com o livro seguinte, justamente o de Josué.
Eu já começo dizendo que os autores não são “desconhecidos ou incertos”. Não resta a menor sombra de dúvida sobre a autoria dos livros da Bíblia. Quem, em sã consciência, negaria que Moisés escreveu os cinco primeiros livros, quando eles próprios têm na introdução esta informação? Já sei, vão dizer que “como pode Moisés ter descrito a sua própria morte”? Obviamente, depois que Moisés morreu, um dos sacerdotes, ou muito provavelmente Josué, seu sucessor, incluiu a nota fúnebre, que aliás, faz a ligação com o livro seguinte, justamente o de Josué.
O mesmo ocorre com os livros do profeta Samuel, que descrevem
a sua morte. O seu sucessor foi quem anotou o epílogo. Eruditos afirmam que o
profeta Natã, o mesmo que repreendeu Davi, foi o responsável pelas informações
sobre a morte de Samuel. Talvez o único livro que ainda tenha a autoria
discutida seja a carta aos Hebreus. E eu pergunto: isto é motivo para dizer que
a Bíblia é “uma colcha de retalhos cujos
autores são incertos”? Ou essa opinião é apenas uma evasiva para que o ego
encontre uma desculpa para descartar a Bíblia?
Dizem também que “os livros que a compõem foram escolhidos entre muitos, de forma aleatória, e, comprovadamente, aditados, editados, adulterados e mutilados de forma desonesta no decorrer dos séculos, tudo para favorecimento e atender a interesses particulares, além das reconhecidas dificuldades e falhas em sua tradução, de forma que, o que lemos hoje, não necessariamente espelha o seu conteúdo original”. Bem, já falei antes sobre tudo isso: cópia, alterações, traduções e intepretações. Não vou repetir, clique nos links e releia, se quiser.
Dizem também que “os livros que a compõem foram escolhidos entre muitos, de forma aleatória, e, comprovadamente, aditados, editados, adulterados e mutilados de forma desonesta no decorrer dos séculos, tudo para favorecimento e atender a interesses particulares, além das reconhecidas dificuldades e falhas em sua tradução, de forma que, o que lemos hoje, não necessariamente espelha o seu conteúdo original”. Bem, já falei antes sobre tudo isso: cópia, alterações, traduções e intepretações. Não vou repetir, clique nos links e releia, se quiser.
A justificativa para essa “falta de credibilidade” consiste nos
trechos a seguir, citados como sendo acréscimos aos textos originais, aqui
ressaltados [entre
colchetes]:
Mateus 17:21 – [mas esta casta
de demônios não se expulsa senão à força de oração e de jejum]. O mesmo ocorre em
Marcos 9:29 (“Esta casta não sai de modo algum, salvo à
força de oração [e jejum]”).
Bem, em primeiro lugar, como diz Josh McDowell em “Evidências que Merecem um
Veredito”, não é pelo fato de que uma palavra ou texto não se encontra nos
manuscritos gregos mais antigos que tal texto deva ser rejeitado: “Quando se faz uma tradução utilizamos todos
os textos, de todas as épocas e de vários idiomas. Podemos encontrar um texto
em árabe, por exemplo, mais antigo que um texto grego. Isso não significa que,
embora o texto grego não contenha (nesse nosso exemplo) a tal palavra, que ele
não seja parte do escopo original, pois ela se encontra no texto em árabe! Sendo assim, todos os manuscritos devem ser
usados para uma análise mais ampla e fidedigna do documento em estudo. O Novo
Testamento tem aproximadamente 5 mil manuscritos gregos, 10 mil manuscritos em
latim e 9 mil em outros idiomas. Todo esse material é importante em uma
tradução”.
Em segundo lugar, a palavra “jejum” estando ou não ali, não faria
diferença. Afinal, Jesus não está dizendo que, para a expulsão de certos tipos
de demônios era necessário um período de oração e jejum. O princípio no texto é
outro: onde há pouca fé, há pouca oração e jejum (Mateus 17:19,20). Onde há
muita oração e jejum, resultante da dedicação genuína a Deus e à sua Palavra,
há abundância de fé. Se os discípulos estivessem vivendo uma fé viva de oração
e jejum como Jesus ensinou e praticou, poderiam ter resolvido o caso.
Hermes Fernandes opina sobre o jejum
que Jesus fez antes de confrontar Satanás. Ele jejuou “não para ficar mais forte, e sim, para ficar mais fraco. O texto não
diz que depois de jejuar Jesus ficou mais forte espiritualmente. Em vez disso,
diz que depois de jejuar por quarenta dias e quarenta noites, teve fome (Mateus
4:2). Fome é sinal de fraqueza, e não de força. E Ele tinha de ficar fraco e com
fome para que a tentação do Diabo fosse legítima. Se Ele não estivesse com
fome, de nada adiantaria Satanás Lhe sugerir que transformasse as pedras em
pães”. (fonte
deste comentário)
Dessa forma, o “acréscimo” ensina que, com o jejum, o
demônio sairá; não porque o exorcista está de barriga vazia, mas por que a sua
força está no Nome de Jesus, na oração e na dependência do poder de Deus, pois
o exorcista em questão está demonstrando sua fraqueza e incompetência para, por
si, expulsar o demônio. Ou seja – quer retirar o trecho da Bíblia? À vontade, a
sua falta não fará diferença e a lição bíblica será ensinada da mesma forma;
basta ao leitor prestar atenção e seguir uma das regras mais básicas e
elementares de interpretação: a Escritura pela Escritura se explica.
Seguindo:
Mateus
18:11 – [Porque
o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido]. É um verso que tanto
poderia estar nessa passagem, como em outra qualquer, ou até mesmo em nenhuma,
porque mesmo que não existisse, ou fosse suprimido, como desejariam os
puristas, a mensagem central do Evangelho seria a mesma. O mesmo trecho se
repete em Lucas 19:10, com o “acréscimo” de apenas uma palavra: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que
se havia perdido”. Será que a alegada inclusão desse trecho em
Mateus desqualifica o Evangelho de Mateus? Será que essa frase em Mateus contém
alguma heresia ou está em desacordo com a mensagem que a Bíblia transmite,
desde o início até o final? Está esse trecho em contradição insolúvel com
qualquer outro da Escritura?
Mateus
19:9 – “Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar
sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete
adultério; [e o que casar com a repudiada também comete
adultério]”. Também não vejo nada
de mais, pois a frase entre colchetes está aí apenas para explicar melhor o
texto imediatamente anterior. A sua desejada supressão não prejudicaria em nada
a mensagem.
Marcos
11:26 – [Mas,
se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as
vossas ofensas].
Vejamos o que vem antes: “25 Quando
estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que
também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas”.
Aí sim o “acréscimo”: [Mas,
se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as
vossas ofensas].
Experimente ler a passagem “pulando o acréscimo”. Veja se foi perdido o sentido
original, ou se o “acréscimo” ajuda a entender o que o texto original queria
dizer.
Marcos
15:28 - [E
cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado]. Faça o mesmo
exercício que indiquei acima.
Marcos
16:9-20 – relatos da ressurreição, aparições e ascensão de Jesus. Se os suprimirmos,
a Escritura fica prejudicada? Não, por que lemos o mesmo nos outros Evangelhos.
Saberíamos dos fatos da mesma forma. E se os mantivermos, a credibilidade da
Bíblia aumenta ou diminui? Não altera, por que sabemos que os relatos são
verdadeiros, e não foi uma invenção mirabolante de ninguém. Para mais detalhes sobre a ressurreição, leia aqui.
Lucas
9:54-56-54 - “Vendo isto os discípulos Tiago e João,
disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir
[como Elias também fez]? Ele porém,
voltando-se, repreendeu-os, [e disse: Vós não sabeis de que
espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos
homens, mas para salvá-las]. E foram para outra aldeia”. Idem,
idem. A supressão dos trechos entre colchetes não altera a passagem.
Lucas
17:36 - [Dois
homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado]. Idem, idem...
23:17 – [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa]. A soltura de Barrabás, idem, idem idem... é somente uma explicação para o leitor.
23:17 – [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa]. A soltura de Barrabás, idem, idem idem... é somente uma explicação para o leitor.
Atos
8:37 – [E
disse Felipe
(ao
eunuco etíope): é lícito, se
crês de todo o coração. E, respondendo ele (o eunuco), disse: Creio
que Jesus Cristo é o Filho de Deus]. Pois bem, suponhamos que se retire todo esse
versículo. Também não altera em nada! Veja que eu mesmo tive que incluir (entre
parêntesis, com letra diferente) algumas palavras, somente para
esclarecer a você, leitor(a). Se eu não incluísse essas palavras (entre
parêntesis), e se você não conhecesse o texto original, até entenderia,
mas teria que ir abrir a Bíblia para ver direitinho a quem Felipe disse que “é
lícito”, e quem lhe teria respondido “creio”. É apenas uma explicação. Não
polui nem adultera o texto!
Atos
15:34 – [Mas
pareceu bem a Silas ficar ali]. Vejamos o verso anterior e o seguinte para opinar se há
prejuízo, ou se é o mesmo caso acima. “33 E, tendo-se
demorado ali por algum tempo, foram pelos irmãos despedidos em paz, de volta
aos que os haviam mandado. [34 Mas pareceu bem a Silas ficar ali]. 35 Mas
Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando com muitos
outros a palavra do Senhor”.
Como se vê, uma simples explicação que não faria falta se fosse retirada, satisfazendo a vontade dos céticos de serem “revisores de estilo de Deus”, como Carl Sagan, que afirmou que Deus deveria ter escrito melhor a Bíblia. Na verdade, “a Bíblia é confusa” e “Deus devia ser mais claro” são falácias insustentáveis usadas por vários céticos. Richard Dawkins por exemplo, talvez o mais notório ateu da atualidade, tem entre os seus seguidores os que o vêem como um biólogo renomado. Outros o entendem como o líder de um movimento de ódio à religião. Então, segundo a tese da “revelação contraditória”, então Richard Dawkins não existe, por causa dessas diferentes interpretações de suas obras. Ele deveria ser mais claro para que saibamos de fato o que ele é!
Como se vê, uma simples explicação que não faria falta se fosse retirada, satisfazendo a vontade dos céticos de serem “revisores de estilo de Deus”, como Carl Sagan, que afirmou que Deus deveria ter escrito melhor a Bíblia. Na verdade, “a Bíblia é confusa” e “Deus devia ser mais claro” são falácias insustentáveis usadas por vários céticos. Richard Dawkins por exemplo, talvez o mais notório ateu da atualidade, tem entre os seus seguidores os que o vêem como um biólogo renomado. Outros o entendem como o líder de um movimento de ódio à religião. Então, segundo a tese da “revelação contraditória”, então Richard Dawkins não existe, por causa dessas diferentes interpretações de suas obras. Ele deveria ser mais claro para que saibamos de fato o que ele é!
Atos
28:29 – (cito o verso anterior para se ter uma idéia melhor do por quê do
“acréscimo”) 28 Seja-vos pois notório que esta salvação de
Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão. [29 E, havendo
ele dito isto, partiram os judeus, tendo entre si grande contenda]”. Nada disto apresenta
dificuldade para o leitor honesto, aquele que não quer apenas “procurar chifre
em cabeça de cavalo”, e sim entender o que a Bíblia pode dizer para nós, hoje.
É por isso que muitas traduções trazem em itálico
(esse tipo de letra inclinada) os trechos que não estão presentes no
original, mas foram incluídos para preencher lacunas comuns e inteligíveis no
grego, mas que perdem o sentido no português. Neste caso, o trecho
“acrescentado” dá uma informação a mais. Se for retirado, não há prejuízo ao
contexto.
Lucas
17:36 é tido como acréscimo, mas no verso anterior, lemos: “Duas [mulheres estarão] juntas
moendo; uma será tomada, e a outra será deixada”. O original é assim: “Duas juntas moendo; uma será tomada, e a outra será deixada”. “Mulheres” e “estarão” são palavras acrescentadas, na tradução em Português, para dar à frase a forma
gramatical correta em nosso idioma. Nada de mais. A frase do versículo
seguinte, o 36, apenas exemplifica ainda mais o que Jesus quer dizer, que é a
iminência do arrebatamento, a sua imprevisibilidade. Arrebatamento que, aliás,
também é contestado pelos céticos.
A bem da verdade, o que não é contestado pelos céticos? Esse é o
papel deles, e pela sua existência dou graças a Deus. Eles nos fazem estudar
mais a Bíblia. E estudando a Bíblia continuaremos a tentar elucidar esses
“mistérios” e “discrepâncias”.
Isso me obriga a falar mais uma vez de Aristóteles. Eu sempre pensei que Aristóteles
era um cara genial, mas parece que me enganei, pois ele disse que morcego era uma
ave; e se usarmos os mesmos critérios que alguns céticos aplicam à Bíblia,
concluiremos que:
a) Aristóteles era um ignorante;
b) não foi quem dizia ser;
c) seus escritos foram alterados/editados por seus discípulos ao longo dos séculos;
d) ou então ele nunca existiu, é uma invenção de filósofos carentes de sentido para suas vidas insignificantes e mesquinhas. Afinal, ele expressou “suas crenças pessoais, imbuídas de conceitos, preconceitos, superstições e escassos conhecimentos científicos, comuns às pessoas das atrasadas sociedades de sua época”.
a) Aristóteles era um ignorante;
b) não foi quem dizia ser;
c) seus escritos foram alterados/editados por seus discípulos ao longo dos séculos;
d) ou então ele nunca existiu, é uma invenção de filósofos carentes de sentido para suas vidas insignificantes e mesquinhas. Afinal, ele expressou “suas crenças pessoais, imbuídas de conceitos, preconceitos, superstições e escassos conhecimentos científicos, comuns às pessoas das atrasadas sociedades de sua época”.
Eu terminaria com uma questão que busca ilustrar o que
é a desonestidade de usar dois pesos e duas medidas. O que você acharia de
um homem, tido como sábio, que angariou muitos discípulos desde a antiguidade, mas
ele mesmo não tenha escrito nada? O que se sabe sobre ele foi escrito muito
depois da época em que se crê que ele tenha vivido. O que hoje se atribui a ele
foi na verdade escrito por seus seguidores, anos depois. Ele nunca saiu de sua
própria terra. Nem mesmo se pode afirmar com certeza que ele tenha existido de
fato, tendo havido controvérsias sobre isso, por parte dos estudiosos, pois não
se sabe ao certo as datas de seu nascimento e morte.
Sabe de quem estou falando?
De Tales de Mileto. E também de Sócrates. E também Siddartha Gautama, mais conhecido como “Buda”.
Sabe de quem estou falando?
De Tales de Mileto. E também de Sócrates. E também Siddartha Gautama, mais conhecido como “Buda”.
A analogia é por sua conta.