quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Jesus fundou alguma igreja?

O mês de outubro abriga um contraste religioso. Enquanto os católicos celebram sua senhora e “padroeira” no dia 12, dezenove dias depois os protestantes comemoram o aniversário da Reforma, que aliás se aproxima dos seus 500 anos. Entre uma festa e outra, e em meio a apelos ecumênicos vindos principalmente do Vaticano, que prega “um só rebanho e um só pastor” desde que o chefe de todos seja o “papa”, os católicos costumam dizer que a sua igreja é a única verdadeira, uma falácia desossada facilmente aqui. Alegam que a única linha que pode ser traçada de hoje até aqueles dias gloriosos em que Jesus andava pela Terra passa por seus líderes, os “papas”, até “são Pedro, que juram de pés juntos ter sido o primeiro deles. Mas então vejamos se de fato Jesus fundou a igreja católica e se Pedro foi mesmo o primeiro “papa”.
O livro de Atos trata da história inicial da Igreja: começa com Jesus subindo aos céus e instruindo os seus seguidores para que pregassem o Evangelho; conta os primeiros atos dos discípulos, os relatos históricos, os milagres, a expansão do Evangelho, a perseguição, morte, martírio; trata da atuação da Igreja sem a presença física de Jesus. É um documento histórico, original, de grande valor, seja na Bíblia católica, seja na Bíblia protestante, porque traz a história de maneira fidedigna: ele traz a confirmação daquilo que Jesus havia prometido: “Preguem o Evangelho a cada criatura. Quem crer e for batizado, será salvo. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes e se beberem qualquer coisa mortífera, não lhes fará dano algum. E imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão. E eis que estou com vocês todos os dias até a consumação dos séculos”.
Atos 11:26 explica: “E sucedeu que todo o ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos”. O objetivo de se reunir em uma igreja – do grego ekklesia (assembléia, reunião) – é louvar e adorar a Deus, ensinar e aprender a Sua Palavra. Então, durante um ano os discípulos se reuniram naquela assembléia, naquela ekklesia – que provavelmente se reunia em uma casa e não em um templo – ensinando ao povo as palavras de Jesus, que eles mesmos haviam ouvido, pessoalmente. Este relato foi escrito por volta do ano 60 da era atual, e antes disso, os seguidores de Jesus eram chamados de “discípulos” (aluno ou seguidor). Mas em Antioquia, pela primeira vez, foram apelidados de “cristãos”. Portanto, a pessoa que segue os ensinamentos de Cristo é uma pessoa cristã.
Quando se prossegue na leitura de Atos, vê-se a perseguição brutal que os primeiros cristãos sofreram, em todos os lugares. Sabe-se que durante os três primeiros séculos, os cristãos foram ridicularizados, feridos, maltratados, perseguidos, despojados, exilados, aprisionados, acorrentados, torturados, arrastados pelas ruas, crucificados, queimados vivos, jogados aos leões.
Por causa da fé, os primeiros cristãos enfrentaram tudo isso, até que no ano 313 Constantino resolveu oficializar o cristianismo. Os judeus, que se opunham aos cristãos, bem como outras religiões, foram obrigados por decreto a se tornarem cristãos. Obviamente, isto é um erro, pois a Palavra diz: “não por força e nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zacarias 4:6).
No entanto, Constantino também aboliu todos os deuses do mundo antigo e seus templos foram transferidos para a administração da agora poderosa “igreja”, com patrocínio estatal. Começava aí a tão falada prostituição religiosa, a promiscuidade político/religiosa, o ressurgimento da antiga prática babilônica de misturar religião e estado, que a igreja católica nunca abandonou. Constantino imaginava estar fazendo um grande serviço para Deus, mas na verdade criou um monstro que nunca mais pode ser contido, e avacalhou muito o projeto de Deus para a Humanidade. Especula-se muito sobre suas razões, porém uma coisa é certa: sua conversão duvidosa le proporcionu aproveitar-se politicamente da situação. Até mesmo em concílios religiosos ele dava seu pitaco. 
Em suma, Constantino fez todos se “converterem” por decreto, e chamou a essa agora enorme comunidade de “universal”, em grego katholikós - geral, universal, latinizado para catholicus. Esse era o projeto do imperador, uma religião global – algo que o futuro inimigo de Cristo também tentará fazer em breve. O poder dessa igreja foi dado aos sacerdotes mais próximos da corte, que logo buscaram ser os chefes de todos os outros.  Passando a denominar-se “o pai de todos” (em latim: “papa”), criaram uma espécie de “genealogia” que regredia trezentos anos. 
Ou seja, para legitimar que estava assumindo a cadeira (“cathedra”, de onde derivou mais tarde a palavra “catedral”) não apenas por decreto imperial, os “papas” afirmaram ser os chefes da igreja porque eram “sucessores legítimos de Pedro”.  Segundo essa teoria, Pedro teria sido o primeiro “papa”. Esta pretensão choca-se frontalmente com as palavras de Jesus em Mateus 23:9: “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus”.

Até hoje essa informação (a árvore genealógica ou “linha sucessória”) tem chegado ao mundo como se fosse não apenas a partir do ano 313, mas desde o primeiro século. Isso não é verdade. Atos 11:26 mostra que antes de 313 não havia igreja católica e, sim, Igreja Cristã. As pessoas que acreditavam em Cristo não eram católicas, mas cristãs! Se você ler todo o livro de Atos dos Apóstolos, que abarca o primeiro século, verá que em nenhum momento a igreja foi chamada de católica. Tudo isto está não só nos livros de religião, mas nos livros de História. A história do mundo nos explica como surgiu a igreja católica apostólica romana. Além do mais, o apóstolo Pedro foi um líder conhecido pelos cristãos primitivos, mas nunca foi de fato “papa”. Leia mais aqui.

A igreja católica é portanto, posterior ao cristianismo, porque os cristãos, assim chamados em Antioquia no ano 60, existiam bem antes da igreja católica, que teve a sua sede colocada em Roma. A igreja cristã nasceu em  Jerusalém. Leia Atos 2:38, que trata da pregação veemente de Pedro anunciando Jesus como o único Salvador, único Juiz dos vivos e dos mortos, único Senhor; veja o arrependimento das pessoas e o que Pedro disse ao povo: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo” 

Quem ouviu esta pregação foi batizado (v. 41 ao 47): “foram batizados os que receberam de bom grado a sua palavra e naquele dia agregaram-se quase 3 mil almas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão e no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas, repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um. E perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão, em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos”

A primeira igreja surgiu assim. As pessoas se batizaram no mesmo dia em que ouviram a pregação, participaram da Ceia do Senhor, mantiveram essa comunhão e o número de pessoas aumentava a cada dia.

Ninguém precisou ser crismado, rezar missas, descer ao purgatório, rezar para santos, acender velas, participar de procissões e novenas, evitar carne na sexta-feira da paixão, se confessar ao padre, colocar cinza na testa, rezar o terço mil vezes. De fato, a igreja católica criou um verdadeiro cipoal de normas para que a pessoa alcance a salvação, como se segue (se duvida, procure ler os “catecismos oficiais”:

Mandamentos da Igreja    (católica)

1- Participar da Missa inteira nos domingos e festas de guarda. Os dias santos são:
Santa Maria, Mãe de Deus - 1º de janeiro
Epifania - 6 de janeiro (no Brasil é transferido para o domingo)
São José - 19 de março (no Brasil não é de preceito)
Ascensão do Senhor - quinta-feira da sexta semana da Páscoa (no Brasil é transferido para o domingo)
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) - segunda quinta-feira depois de Pentecostes
São Pedro e São Paulo - 29 de junho (no Brasil é transferido para o domingo)
Todos os Santos - 1º de novembro (no Brasil é transferido para o domingo, a menos que Finados caia no domingo)
Imaculada Conceição de Maria - 8 de dezembro
Páscoa - Ocorre sempre entre 22 de março e 25 de abril.
2- Confessar-se ao menos uma vez por ano (ou no máximo até um ano após ter consciência de pecado mortal).
3- Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.
4- Jejuar e abster-se de carne quando manda a Igreja. Estão obrigados à lei da abstinência de carne ou derivados de carne aqueles que tiverem completado quatorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum (uma só refeição normal ao dia, e apenas mais dois pequenos lanches ou colações) os maiores de idade, desde os dezoito anos completos até os sessenta anos começados.A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia. Abstinência de carne: Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Nesse dia, os fiéis abstenham-se de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade  (Legislação Complementar da CNBB quanto aos cânones 1251 e 1253 do Código de Direito Canônico).
5- Contribuir com o Dízimo segundo está escrito na Bíblia Sagrada.
A igreja católica segue da mesma forma que Constantino - pensa estar a serviço de Deus mas de fato, espiritualmente falando, é terrivelmente danosa: não prega a Palavra de Deus, dificulta o caminho das pessoas em direção a Deus, e embora preste serviços seculares importantes na área da caridade, da educação e dos hospitais, não assegura a nenhum de seus membros o bem mais precioso, a salvação de suas almas.
A Igreja Cristã nasceu 50 dias depois da morte de Jesus Cristo, no dia de Pentecostes, e não impunha nenhum desses “dogmas” ao povo. Essa igreja não tinha nome, nem mesmo era chamada de Igreja Cristã. Começaram a se reunir nas casas e durante 300 anos, era só o que havia. Nada de catolicismo, muito menos romano. Portanto, o papo de que Jesus fundou a igreja católica e essa tal seria a única verdadeira é uma tremenda falácia, doa a quem doer. A Igreja a que Jesus se referiu é formada pelos membros do Seu Próprio Corpo, os que seguem os Seus mandamentos, e não os mandamentos de homens. Uma Igreja sem mácula e sem envolvimento com este mundo. Uma Igreja – um Corpo – onde apenas Cristo é cabeça.
Esta sim é a única e verdadeira Igreja! 

Trecho de livro:

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