Inicialmente foi divulgado que entre os libertados estaria Abdullah Marwane Barghouti, porém Israel negou. Barghouti, um ex-estudante de engenharia kuwaitiano, foi um dos líderes da segunda Intifada, em 2000; é especialista em explosivos, acusado por cinco homicídios diretos, e em 2007 foi acusado pela morte de mais 66 israelitas e condenado à prisão perpétua. Entre outros possíveis libertados está Ibrahim Hamed, chefe das operações militares do Hamas na Faixa de Gaza, a quem o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert se referiu como “extremamente perigoso”.
Uma pesquisa mostrou que 79% dos cidadãos israelenses entrevistados são a favor da libertação de Shalit; mas quando a pergunta é sobre as conseqüências da negociação, 50% se mostram preocupados com a quantidade de militantes palestinos postos na rua, um vez que não existe polícia na Palestina, nem controle de porte de armas: muitos desses poderão, em poucos dias, estar de volta à triste rotina dos atentados contra Israel. Os Estados Unidos já avisaram que vão ficar de olho nesse pessoal.
O primeiro-ministro Benjamin Netaniahu, que em 1976 perdeu um irmão numa operação para libertar cidadãos israelenses seqüestrados por terroristas, da mesma forma que Shalit, disse que entende a dor dos parentes de vítimas de atentados, contrários à soltura dos palestinos, mas salientou que era preciso esse esforço final para libertar Shalit: “Israel não abandona seus soldados”.

Algumas coisas precisam ser ditas.
Primeiro precisa ficar claro que Israel não é contra a criação de um estado palestino com quem conviva pacificamente. Isto é uma realidade aceita não apenas pelo governo, mas também pela grande maioria da sociedade israelense. Israel, no entanto, considera fundamental obter garantias de segurança. Basta lembrar que a Faixa de Gaza é controlada desde 2007 pelo Hamas, grupo fundamentalista que assumiu o controle através de um golpe e que prega abertamente a destruição do Estado judeu, tanto que é de lá que saem os mísseis que atingem rotineiramente o sul de Israel, e também armas e explosivos contrabandeados; por isso a cerca na fronteira. Já no sul do Líbano impera o Hezbolah, que também deseja o fim de Israel, com apoio político, financeiro e militar do Irã.



A Dra. Bat Ye’or, nascida no Egito e residente na Suíça, estudiosa do islã e autora consagrada, analisou atentamente o dilema europeu frente a Israel e à herança judaico-cristã em um simpósio realizado na Universidade Hebraica, em Jerusalém. Segundo ela, a elite intelectual e política européia é movida por um pacto entre a União Européia e a Liga Árabe. Após a Guerra do Yom Kippur, em 1973, e antes da crise do petróleo desencadeada pelos árabes, a França conduziu a então Comunidade Européia à criação da Sociedade para o Diálogo Euro-Árabe. A Europa obteve direitos de pesquisas petrolíferas e, em contrapartida, comprometeu-se a defender as posições árabes. Isso significa apoio às “fronteiras” de 1949, ao domínio árabe sobre Jerusalém, e à Autoridade Palestina.

A pesquisadora referiu-se à “remoção das raízes judaicas do cristianismo” e mostrou que o islamismo considera essas duas religiões “inferiores”. Na futura “Eurábia”, Jesus seria apresentado apenas como um profeta muçulmano. Ela afirma que as notícias giram sempre em torno dos "palestinos", para desviar a atenção dos genocídios cometido por muçulmanos (por exemplo, no Sudão, onde dois milhões de pessoas foram dizimadas). Nas universidades européias já estaria sendo propagada a superioridade do islã. Os que se opõem à jihad (guerra santa) islâmica são chamados de tiranos e acusados de criar inimizade entre o cristianismo e o Islã. Assim, a Europa está madura para aceitar o Islã.
É significativo o avanço do Islã na Europa, paralelamente ao anti-semitismo e às tendências pró-árabes. Por exemplo, uma pesquisa em quinze países mostrou que 59% dos entrevistados consideram Israel empecilho para a paz. Em inúmeras igrejas não é mais possível mencionar Israel. Líderes religiosos criticam tudo o que tem qualquer relação com o Antigo Testamento e negam a legitimidade histórica de Israel, substituindo o Jesus judeu por um Jesus palestino, mais adequado à propaganda árabe.
Exemplo claro dessa pressão foi lido na imprensa recentemente.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, afirmou que a chamada “primavera árabe” deixa Israel “cada vez mais isolado” no Oriente Médio.
Em declarações em uma viagem pela região, Panetta disse: “Não tenho dúvidas de que eles (Israel) mantêm uma vantagem (militar). Mas a pergunta é - faz sentido manter uma vantagem militar se você está isolado na arena diplomática? Israel precisa reparar os vínculos diplomáticos com países como Egito e a Turquia”, afirmou. “Neste momento espetacular no Oriente Médio, quando aconteceram tantas mudanças, não é uma boa situação para Israel ficar isolado. E é isto o que ocorre”, analisou o funcionário, aparentemente se esquecendo de que Israel é a única república democrática em toda a região. É preciso lembrar que os valores apregoados pelos Estados Unidos e pela Europa (e, diga-se de passagem, pela burguesia internacional e seus seguidores tupiniquins) – democracia, liberdade, livre mercado, eleições honestas, alternância no poder – só existem em Israel. Países árabes vivem sob pesadas ditaduras e monarquias absolutistas há séculos, e só agora, apoiados pela OTAN, alguns deles ensaiam revoltas; mas a única que chegou a termo, nesse momento, é a do Egito, embora ainda não se saiba que tipos de Estado emergirão da tão exaltada “primavera árabe”. O sociólogo francês Daniel Cohn-Bendit, deputado do Parlamento Europeu, que participou e teorizou sobre os movimentos de maio de 1968, alerta para o risco de totalitarismo, ou seja, tudo pode continuar como dantes... Uma coisa é certa: Israel continuará a ser visto como inimigo a ser destruído pelos árabes, com a conivência européia.


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