quinta-feira, 2 de abril de 2020

O princípio das dores


Vivemos dias de perplexidade.
Os primeiros meses de 2020 foram de total assombro, raramente vivido nas últimas décadas. O mundo viu o espalhamento de uma epidemia como nunca antes acontecera. Em questão de semanas todo o planeta passou a contabilizar vítimas de todas as idades, de todas as classes, país após país.
O denominado “Covid-19” ou “coronavírus” se espalhou graças à tecnologia moderna: a velocidade das viagens aéreas. A rapidez do deslocamento só não é maior do que a incubação do vírus: a pessoa contraía a doença em um país e antes que manifestasse os sintomas já estava em outro continente, levando em seu próprio corpo as sementes da morte. Disso todos já ficamos cientes.
As maiores epidemias conhecidas pelo ser humano não chegam nem perto deste Covid. A peste negra de séculos passados causou um número nunca conhecido de mortes, mas ficou restrita ao continente eurasiano; não havia comunicação com outras partes do mundo. A gripe espanhola de um século atrás foi mais rápida, mas não atingiu todo o planeta. Agora é diferente.
Todas as localidades habitadas estão sob risco. Morrem ricos e pobres, jovens e velhos, atletas e empresários, vendedores ambulantes e médicos, políticos e motoristas. Nações governadas por regimes capitalistas, neo-liberais, socialistas ou comunistas, nenhuma a salvo.
Minha opinião é de que finalmente, o mundo – e o Brasil – caíram sob o poder de grandes domínios e potestades. Por mais que alguns vivam dizendo que “o presidente é cristão e Deus está acima de tudo”, a verdade é mais crua e mais pesada.
O presidente pode até ser cristão, e Deus realmente está acima de tudo, mas o momento em que vivemos antecede a hora final da História. Não sei se ainda falta muito, ou se falta pouco. O fato é que a cada segundo se aproxima o toque da trombeta (I Ts 4:17, I Co 15:52).
Mas ainda não é o fim, ainda não é “o apocalipse”, ainda não são “as pragas”, “as taças da ira de Deus”. Isso que vivemos é “o princípio das dores”: um ensaio geral para o que virá em breve, muito breve.
Vamos aos fatos.
Primeiro que as “pragas do apocalipse” obedecem a uma seqüência muito clara de eventos, que de forma alguma sucederá fora do que foi profetizado. Apocalipse conta a história da Igreja composta de passado, presente e futuro, tipificada nas cartas às sete igrejas da Ásia, como vimos anteriormente. As seis primeiras igrejas são a história passada. A igreja de Laodicéia representa a igreja dos dias atuais, logo, esta carta retrata o momento presente: rica, influente na política, governadas por homens que se acham donos do rebanho (“nicolaítas”), não prega o evangelho de Cristo mas outros evangelhos (da prosperidade, do dominionismo etc.). Por isso é a única das sete igrejas que só recebe repreensões e nenhum elogio. Tudo isso em Apocalipse 3.
O capítulo 4 inaugura o momento que ainda é futuro para nós, pois retrata o momento em que a Igreja parte da Terra:
“Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono” (Ap 4:1-2). Essa “voz de trombeta” cf I Ts 4:17 e I Co 15:52 poderá ser ouvida a qualquer instante por aqueles que a estiverem esperando.
Pois bem, a partir desse ponto se desenrola o Juízo de Deus sobre a Terra, sobre os homens e sobre as nações. Esse juízo compreende, dentre outras coisas: pestes, pragas, doenças, mas também (como começamos a ver em 2020, num prelúdio) as nações se unindo contra um “inimigo comum”, um governo centralizado, forte e autoritário, que impõe à força sua vontade, que restringe o “ir e vir e o comprar e vender” - e aqui não discuto se está certo ou errado “ir e vir neste momento; mas também vemos que estão preditas guerras e fome, fenômenos tanto telúricos como cósmicos (Mt 24:7-8): terremotos, estrelas caindo, águas tornadas amargas, lua se torna vermelha, sol abrasador etc. (Mt 24:29 e Ap 6:12-13; 16:8-11). Ora, se algumas dessas coisas acontecem, e outras não, não é “o apocalipse”.
Os domínios, os principados e as potestades (veja mais detalhes aqui) estão tomando seu lugar no palco onde as cortinas se abrirão em breve. Já ensaiam seu controle sobre a população mundial. Já tentam se mostrar como “homens fortes”, que sabem resolver qualquer situação (lógico que é tudo enganação, pois também estão sujeitos ao vírus). Já exibem seu poder de comunicação, conseguindo enganar grande parte das pessoas com informações falsas e/ou distorcidas (veja aqui). Já possuem seus falsos profetas (Mt 24:11, 24) que repassam suas mensagens às suas “igrejas laodicenses” – não preciso nem detalhar.
E ao que parece, propositalmente expõem a população à morte, pois como é possível cortar verbas de caráter social e da saúde pública, inclusive dispensando milhares de médicos que prestavam serviço à população carente em lugares onde outros médicos não iam, e onde falta o serviço público de saúde, para aumentar gastos com publicidade? Sucatear os hospitais públicos, sendo que a rede privada não tem equipamentos nem profissionais suficientes para atender a tanta gente? Como é possível líderes religiosos conclamarem o povo a se reunir em grandes multidões quando a opinião médica é de que se deveria evitar aglomerações? Quem está com a razão? Em quem confiar? Vão obedecer às autoridades como gostam de dizer? Porque só obedecem e oram pelas autoridades quando gostam das autoridades... E nesse caso, qual autoridade? Verdade seja dita. É um caos.
Por isso podemos ter certeza de que vivemos “o princípio das dores”, “porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver” (Mt 24:21). Por isso precisamos ficar atentos ao som da trombeta, enquanto observamos a figueira e todas as árvores (as nações).

E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
Quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto... Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.
(Lc 21:29-33).

Não sabemos se vamos sobreviver ou não à pandemia. Mas “se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8).

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