Também procuramos exemplificar como numa igreja aqui, bem pertinho de você, estão
fazendo cerimônias
estranhas, de “consagração de pastores”, que mais se assemelham a eventos
maçônicos e católicos, tal a papagaiada que arranjam com vestimentas especiais
para os líderes, diáconos e outros, numa clara demonstração de desejo de
diferenciação entre o “clero”, o “sacerdócio”, os “oficiais”, e o povo em geral
– os leigos, o laicato. Lamentável tudo isso, como você já pôde ver.
Mas eu gostaria de avançar um pouco mais e, diferente do que havia planejado antes,
ir direto para a última das sete igrejas citadas em Apocalipse 2 e 3, a de Laodicéia. Esta é,
segundo os melhores autores e intérpretes, aquela que representa a Igreja nos
tempos finais da História. Cada uma, das sete mencionadas, possui
características únicas, que se aplicam perfeitamente à perspectiva histórica.
Vimos que cada igreja de Apocalipse representa uma fase do Cristianismo:
(1) Éfeso
(Apocalipse 2:1-7). Abandonara o primeiro amor (2:4). Já então, pouco antes do
ano 100 da era cristã, parte da profecia de Jesus estava se cumprindo: “o amor de muitos esfriará”. A Igreja já
vinha sendo perseguida desde Nero (em 64 d.C., quando provavelmente foram
mortos Pedro e Paulo), e depois sob Domiciano (93 d.C.), quando aconteceu o
exílio de João. O apóstolo já dizia em suas epístolas para que a Igreja tomasse
cuidado com os falsos cristos, que se infiltrariam na assembleia e poderiam
enganar os fiéis. Isso tudo pode ter causado o esfriamento de Éfeso.
(2) Esmirna foi a igreja que sofreria perseguição mais pesada (2:10) pelos imperadores romanos ao longo dos séculos II e III.
(3) Pérgamo precisava se arrepender (2:16). Representa a igreja mundana e, com efeito, no início do século IV a Igreja se torna estatal, patrocinada e protegida pelo governo de Constantino. É a igreja medieval, onde os nicolaítas conquistam o poder, com suas hierarquias – do clero sobre os leigos e dentro do próprio clero, com a transformação do ofício de bispo em título hierárquico – e com o fortalecimento do bispo de Roma, que passa a ser conhecido como “papa” (o chefe de todos os cristãos). E as igrejas evangélicas começam a cair novamente nesse erro, como vimos neste artigo.
(2) Esmirna foi a igreja que sofreria perseguição mais pesada (2:10) pelos imperadores romanos ao longo dos séculos II e III.
(3) Pérgamo precisava se arrepender (2:16). Representa a igreja mundana e, com efeito, no início do século IV a Igreja se torna estatal, patrocinada e protegida pelo governo de Constantino. É a igreja medieval, onde os nicolaítas conquistam o poder, com suas hierarquias – do clero sobre os leigos e dentro do próprio clero, com a transformação do ofício de bispo em título hierárquico – e com o fortalecimento do bispo de Roma, que passa a ser conhecido como “papa” (o chefe de todos os cristãos). E as igrejas evangélicas começam a cair novamente nesse erro, como vimos neste artigo.
(4) Tiatira abrigava
uma falsa profetisa (2:20). Simboliza a igreja medieval, papal, corrupta, que
floresceu e cresceu no período medieval, até a época do Renascimento e da
Reforma. Entretanto, suas doutrinas heréticas permanecem em vigor até hoje e
ultrapassam as fronteiras de Roma.
(5) Sardes é a
igreja que tinha adormecido (3:2). Representa a Igreja da Reforma, que logo
deitou-se nas doces lembranças das vitórias espirituais do passado, e estagnou.
(6) Filadélfia
(3:7-13), cujo nome significa “amor fraternal”, representa a Igreja
missionária, evangelística, fiel, principalmente dos séculos XVIII e XIX.
(7) Laodicéia, a igreja com a fé morna (3:16), que representa a igreja dos dias atuais, onde todos têm direitos iguais. Tudo é resolvido em consenso, democraticamente. Uma beleza, dirão alguns. O nome “Laodicéia” significa exatamente “justiça” (ou “julgamento”) “do povo” (cf. gr. Λαοδίκεια: laos = povo + dikeia = justiça). Ou seja, uma igreja democrática, bem ao gosto moderno, ocidental, contemporâneo. Uma pena, pois a Igreja deveria ser... teocrática, isto é, governada por Deus.
(7) Laodicéia, a igreja com a fé morna (3:16), que representa a igreja dos dias atuais, onde todos têm direitos iguais. Tudo é resolvido em consenso, democraticamente. Uma beleza, dirão alguns. O nome “Laodicéia” significa exatamente “justiça” (ou “julgamento”) “do povo” (cf. gr. Λαοδίκεια: laos = povo + dikeia = justiça). Ou seja, uma igreja democrática, bem ao gosto moderno, ocidental, contemporâneo. Uma pena, pois a Igreja deveria ser... teocrática, isto é, governada por Deus.
Laodicéia é típica da maioria das igrejas que se chamam cristãs-evangélicas em
nosso tempo. Regra geral, consideram-se ricas e auto-suficientes, estão bem
equipadas com edifícios e recursos humanos e materiais. Mas justamente por isso
o Senhor a repreende: “Como dizes: Rico sou, e
estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu”.
Busca também poder político. Fazem-se acordos com emissoras de TV, inclusive com a
criação de premiações especiais para seus artistas, como é o caso do famigerado
troféu “Promessas”. Montam grupos de pressão no Congresso, com frente
parlamentar para defender seus interesses. Negociam verbas e ministérios com o
governo, em troca de apoio político. Seus “bispos” comungam do poder, ao
contrário dos bispos
da Igreja Primitiva, que não compactuavam com nenhuma autoridade mundana,
muito pelo contrário.
Essas igrejas são governadas por homens ao invés da Palavra de Deus: seus líderes
são, na maioria das vezes, eleitos democraticamente, conforme as preferências
dos seus membros (II Timóteo 4:3-4), ao
invés de se reconhecerem aqueles que têm as necessárias qualidades espirituais
(I Timóteo 3; Tito 1) como dons de Deus para a igreja (Efésios 4:11-12).
São inúteis para o Senhor, porque não pregam o Seu Evangelho: são conformadas com
o mundo. São cegas com relação às coisas espirituais, sem discernimento, sem
esperança quanto à vida eterna; não aguardam o retorno de Cristo (II Pedro
2:1-22, 3:3-4), nem o querem; pelo contrário, querem ficar aqui e exercer o
governo nas coisas terrenas. Veja aqui.
Diferentemente das demais igrejas, Laodicéia não recebe nenhum elogio, só repreensões!
Que tristes tempos esses em que vivemos! E ainda assim, há crentes que dizem
que não podemos criticar! Querem viver no erro? Então que vivam! Mas tenham em
mente a dura repreensão do Senhor. Apesar de se considerar rica, o Senhor diz: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te
enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareças a vergonha
da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”. Ou seja, se vocês têm dinheiro, então comprem o que vale a pena
comprar! Apesar de não quererem ser criticados, são como o reizinho da fábula:
estão nus, todos estão vendo, mas se recusam a aceitar os fatos!
A repreensão é seríssima: “nem és frio nem quente. Quem
dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio,
estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (3:15,16). Os laodicenses entenderiam muito bem essa repreensão,
porque o grande problema da comunidade era o suprimento de água: suas fontes
produziam água de má qualidade, que não se podia beber. Construíram então aquedutos
para trazer água da cidade vizinha, Hierápolis, que possuía fontes termais (água quente); mas a água chegava a Laodicéia ainda morna,
e as pessoas tinham que esperar que ela esfriasse para poder bebê-la. Sabemos que a água fria traz
refresco, refrigério; e a água quente tem qualidades curativas, é usada para
fazer limpeza e higiene; mas poucos fariam uso de água morna, a não ser para provocar o vômito. A analogia é
claríssima!
Outra prova de que esse tipo de igreja é centrada no homem, é que Jesus está do
lado de fora: por isso Ele diz que “estou à porta e bato; se
alguém ouvir e abrir, entrarei”. A questão é:
será que vão ouvir Jesus batendo na porta? Será que não estão tão ocupados com
suas festas, suas celebrações, seus jantares e suas homenagens, seus
“louvorzões”, seus “troféus promessa”, a ponto de não ouvir o Senhor batendo à
porta? Que situação triste!
Mas apesar de vivermos nos dias da igreja morna, existe também uma Igreja fiel e
irrepreensível, que é invisível aos olhos do mundo. Uma Igreja que não tem
carteirinha de membro, placa na porta, nem recebe diploma de dizimista. É
contra esta Igreja que o mundo milita. É contra esta Igreja que reclama
a igreja institucionalizada, denominacional, sistematizada. Felizmente, é
esta a Igreja remanescente, que não comunga com o governo mundano de Laodicéia,
que o Senhor Jesus vem buscar!
Laodicéia, juntamente com Tiatira e Sardes, ficará para trás no dia do
arrebatamento. Com suas heresias, suas apostasias, seus costumes
extra-bíblicos, formarão o núcleo da igreja apóstata do Anticristo, aceitando o
ecumenismo global que constituirá a religião mundial liderada pelo Falso
Profeta. É por isso que Deus diz: “Saí do meio dela”!
Semana que vem: Tiatira.
Semana que vem: Tiatira.
Curiosidades:
Se você procurar na Internet por Denizli ou Pamukkale, descobrirá que são cidades da Turquia conhecidas por seus hotéis turísticos do tipo “spa”, por causa das fontes de água quente; era exatamente nessa região que se situava a antiga Laodicéia, um pouco ao norte de Denizli. Tente no Google Earth.
O apóstolo Paulo se esforçou para introduzir o Evangelho em Laodicéia, onde provavelmente esteve evangelizando. “E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (Atos 19:10). De Laodicéia ele teria escrito aos Colossenses. Crê-se que escreveu também uma epístola aos laodicenses (acerca da qual se refere em Colossenses 4:16); entretanto, se chegou mesmo a escrevê-la, deve ter-se perdido.
O apóstolo Paulo se esforçou para introduzir o Evangelho em Laodicéia, onde provavelmente esteve evangelizando. “E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (Atos 19:10). De Laodicéia ele teria escrito aos Colossenses. Crê-se que escreveu também uma epístola aos laodicenses (acerca da qual se refere em Colossenses 4:16); entretanto, se chegou mesmo a escrevê-la, deve ter-se perdido.
A região é o vale
do rio Lico, conhecida na Antiguidade como Ásia Menor, e tinha três cidades
principais: Colossos,
conhecida por suas fontes de água fria (próxima a um lago), Hierápolis, com suas fontes termais, e Laodicéia. Esta fica no principal
cruzamento de estradas a cerca de 80
km de Éfeso e 64 km de Filadélfia. A cidade em si estava
totalmente imersa na cultura grega. As questões de justiça da região eram
ouvidas em Laodicéia e fundos eram depositados nos bancos da cidade para
segurança.
Na mitologia grega, Dicéia era era uma deusa menor da Justiça, uma das Horas, deusas guardiãs da ordem natural, filhas de Zeus e Têmis, o que reforça o nome “Laodicéia” como significando “justiça do povo”.
Os laodicenses, entre os quais havia uma grande colônia judia, haviam reunido consideráveis fortunas, e se orgulhavam de sua cidade. Os rebanhos produziam uma excelente lã negra, de altíssimo preço. Por isso os laodicenses se achavam ricos e bem vestidos. As ruínas de três templos cristãos evidenciam que a igreja local também era rica, do ponto de vista financeiro.
Na mitologia grega, Dicéia era era uma deusa menor da Justiça, uma das Horas, deusas guardiãs da ordem natural, filhas de Zeus e Têmis, o que reforça o nome “Laodicéia” como significando “justiça do povo”.
Os laodicenses, entre os quais havia uma grande colônia judia, haviam reunido consideráveis fortunas, e se orgulhavam de sua cidade. Os rebanhos produziam uma excelente lã negra, de altíssimo preço. Por isso os laodicenses se achavam ricos e bem vestidos. As ruínas de três templos cristãos evidenciam que a igreja local também era rica, do ponto de vista financeiro.
Curiosamente, nunca se descobriram quaisquer sinais de que a igreja de Laodicéia tenha tido êxito na propagação do evangelho, apesar de sua riqueza material; ao contrário de Éfeso, historicamente provada como muito eficaz no evangelismo.
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