quinta-feira, 23 de agosto de 2018

FAKE NEWS!

Recentemente, popularizou-se a expressão “fake news”, que significa literalmente “notícias falsas”. Uma descrição um pouco mais detalhada, que se pode conseguir em qualquer dicionário online, diz que “fake news” são
a distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como nas mídias sociais. Este tipo de notícia é escrito e publicado com a intenção de enganar, a fim de se obter ganhos financeiros ou políticos, muitas vezes com manchetes sensacionalistas, exageradas ou evidentemente falsas para chamar a atenção. O conteúdo intencionalmente enganoso e falso é diferente da sátira ou paródia. Estas notícias, muitas vezes, empregam manchetes atraentes ou inteiramente fabricadas para aumentar o número de leitores, compartilhamento e taxas de clique na Internet, independentemente da veracidade das histórias publicadas. (...) o aumento da polarização política e da popularidade das mídias sociais, principalmente a linha do tempo do Facebook, têm implicado na propagação de notícias deste gênero. A quantidade de sites com notícias falsas anonimamente hospedados e a falta de editores conhecidos também vêm crescendo, porque isso torna difícil processar os autores por calúnia. A relevância dessas notícias aumentou em uma realidade política "pós-verdade" (...) Este tipo de notícia, encontrada em meios tradicionais, mídias sociais ou sites de notícias falsas, não tem nenhuma base na realidade, mas é apresentado como sendo factualmente corretas. (fonte)
Apesar de parecer recente, a prática é antiga.
- O político e general romano Marco Antônio cometeu suicídio motivado por notícias falsas (em 31 a.C.). Haviam dito a Marco Antonio que sua mulher, Cleópatra, havia cometido suicídio.
- No século VIII, a Doação de Constantino foi uma história forjada, em que supostamente Constantino havia transferido sua autoridade sobre Roma e a parte oeste do Império Romano para o Papa. Isto serviu de base para a posterior reivindicação dos reis franceses sobre grandes territórios.
- Poucos anos antes da Revolução Francesa, vários panfletos eram espalhados em Paris com notícias, muitas vezes contraditórias entre si, sobre o estado de falência do governo. Eventualmente, com vazamento de informações do governo, informações reais sobre o estado financeiro do pais foram a público.
- Benjamin Franklin escreveu notícias falsas sobre índios assassinos que supostamente trabalhavam para o Rei George III, com o intuito de influenciar a opinião pública a favor da independência americana.
- Em 1835 o jornal The New York Sun publicou notícias falsas usando o nome de um astrônomo real e um colega inventado sobre a descoberta de vida na lua. O propósito das notícias era aumentar as vendas do jornal. No mês seguinte o jornal admitiu que os artigos eram apenas boatos.
- Uma contribuição valiosa para a vitória de Eurico Gaspar Dutra na eleição presidencial de 1945 veio de Hugo Borghi, que distribuiu milhares de panfletos acusando o candidato Eduardo Gomes de ter dito: ''Não preciso dos votos dos marmiteiros''. O que Eduardo pronunciou na verdade, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 19 de novembro (menos de um mês antes do pleito, ocorrido em 2 de dezembro), foi: "Não necessito dos votos dessa malta de desocupados que apoia o ditador para eleger-me presidente da República". (fonte)

A Bíblia também nos fala de “fake news”. Talvez a mais famosa dessas notícias falsas, espalhadas deliberadamente, tenha sido a de que o corpo de Jesus tinha sido roubado e escondido pelos discípulos após a ressurreição: “E, quando iam, eis que alguns da guarda, chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as coisas que haviam acontecido.
E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram.
E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.
E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado este dito entre os judeus, até ao dia de hoje”
(Mateus 28:11-15).
Outra história que se espalhou por um entendimento errado foi a de que o apóstolo João não morreria:
“Vendo Pedro a este (o discípulo João), disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
(João 21:21-23).
Em Marcos 3:22, os escribas, indignados com a popularidade de Jesus, diziam que Ele operava milagres pelo poder de Satanás: “E os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo príncipe dos demônios expulsa os demônios.
Paulo foi preso várias vezes, vitimado por “fake news”. Em Filipos, a acusação era contra ele e Silas: E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade,
E nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.
(Atos 16:20-22)
Em Jerusalém, os judeus da Ásia, vendo-o (Paulo) no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele, clamando: Homens israelitas, acudi; este é o homem que por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu também no templo os gregos, e profanou este santo lugar.
Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso, o qual pensavam que Paulo introduzira no templo.E alvoroçou-se toda a cidade, e houve grande concurso de povo; e, pegando Paulo, o arrastaram para fora do templo, e logo as portas se fecharam. E, procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão. (Atos 21:27-31)
Esta confusão só foi parcialmente desfeita quando o tribuno responsável pela segurança de Paulo escreveu uma carta ao governador esclarecendo tudo (Atos 23). Mas lemos no capítulo seguinte que os judeus continuavam a insistir na notícia falsa: “Verificamos que este homem é uma peste: suscita tumultos entre todos os judeus do mundo inteiro e é um chefe do partido dos nazareus. Tentou mesmo profanar o Templo; nós então o prendemos” .
Vemos, portanto, que as “fake news” são uma lástima. O pior disso tudo é ver cristãos praticando esta desgraça, diariamente, fazendo o serviço de Satanás, o pai da mentira. A USP (Universidade de São Paulo) fez um estudo onde apontava os principais produtores de notícias falsas no Brasil. O campeão das mentiras era o MBL, a mesma organização que teve centenas de páginas e perfis (próprios e vinculados) suspensos pelo Facebook, justamente por espalhar notícias falsas.
Já a revista Época, na sua edição 1034, fez um levantamento onde o site cristão de notícias “Gospel Prime” - cujo slogan é “o cristão bem informado” - foi denunciado como “o maior fabricante de notícias falsas”, devido à técnica de distorcer informações verdadeiras com mentiras. Um exemplo é a notícia da liberação de recursos do governo brasileiro para ajudar na reforma da Basílica da Natividade, local do nascimento de Jesus, hoje sob domínio da Autoridade Palestina (frequentemente referida no portal como “terroristas islâmicos”). Trata-se de uma medida que fere o Estado laico, porque o governo não pode subsidiar entidades religiosas, mesmo no exterior. Mas o Gospel Prime não lembrou que o Brasil é um Estado laico, como era de se esperar, mas, sem qualquer prova, divulgou que o dinheiro estava sendo “enviado a terroristas palestinos”.  O alegado fato foi reproduzido em redes sociais, principalmente por evangélicos, incluindo o pastor/deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), líder da Frente Parlamentar Evangélica, que gravou um vídeo comentando a “grave denúncia”. Este pastor, aliás, é o mesmo que apresentou um projeto de lei que previa descontar o dízimo na folha de pagamento dos empregados.
A jornalista Helena Borges, da “Época”, descobriu que deputados evangélicos usaram dinheiro de cota parlamentar para pagar ao Gospel Prime por “textos jornalísticos”. Pelo menos seis notas fiscais provam que os deputados Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Geovania de Sá (PSDB-SC) compraram textos elogiosos do Gospel Prime, entre 2015 e 2016, ao preço de R$ 250 cada um (fonte). Um dos textos publicado no período diz que “Sóstenes Cavalcante é o deputado mais atuante do RJ”. Obviamente os responsáveis pelo site e um grande número de seus leitores esbravejaram. As reações vão desde “imprensa comunista” (!) até “perseguição de Satanás” (fonte).
Esta reação exagerada é compreensível, mas não deve ser tolerada, principalmente em tempos de polarização política. Notícias que exaltam candidatos conservadores como Bolsonaro e Cabo Daciolo no referido site recebem comentários elogiosos, ao passo que quando se fala de Lula, Haddad, Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, os mais à esquerda, apenas os estômagos mais fortes conseguem ler o que se comenta.
Por outro lado, uma matéria recente que dizia que Lula tinha muitos votos entre o povo evangélico foi tachada de ... “fake news”Isto não é “fake news”. Você discordar de uma matéria não a torna automaticamente “fake”. “Fake news”, ao contrário, são mentiras.
Por exemplo, algumas “fake news” que ouvimos dos púlpitos e que foram espalhadas aos quatro ventos, foram:
- Se o Lula for eleito, ele vai fechar as igrejas evangélicas (2002)
- Lula vai confiscar o dinheiro que os brasileiros têm no banco (2002)
- A Bolívia, o Equador e a Venezuela vão invadir o Brasil (2003)
- O PT vai implantar o socialismo e transformar o Brasil numa nova Cuba (2002, uma versão requentada da mesma balela de 1964)
- Jesus vai voltar num sábado de 2007 (2006)
- Se a Dilma for eleita, ela vai perseguir os pastores (2010)
- Dilma aprovou a identificação de todos os cidadãos com microchip (2011)
- Marina Silva foi escolhida por Deus para ser presidente do Brasil e transformar a nação (2010, 2014 – veja aqui e aqui -, e 2018 - aqui)
- Jair Bolsonaro foi escolhido por Deus para ser presidente do Brasil e transformar a nação (2018).
- Existe um plano para implementar a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina). Você já ouviu mais coisas assim, não preciso dar mais exemplos.
Você, cristão (ã) que não quer ser instrumento do pai da mentira, deveria seguir alguns conselhos básicos para

(a)  Não acreditar em notícias falsas, e
(b)  Não divulgar mentiras. Desconfie sempre de:
1.        Sites registrados com domínio .com ou .org (sem o .br no final), o que dificulta a identificação de seus responsáveis com a mesma transparência que os domínios registrados no Brasil.
2.       Sites que não possuem qualquer página identificando seus administradores, corpo editorial ou jornalistas. Quando existe, a página ‘Quem Somos’ não diz nada que permita identificar as pessoas responsáveis pelo site e seu conteúdo.
3.       As “notícias” não são assinadas.
4.       As “notícias” são cheias de opiniões e discursos de ódio (“haters”), termos preconceituosos e depreciativos (“comunistas”, “petralhas”, “terroristas” etc.).
5.       Intensiva publicação de novas “notícias” a cada poucos minutos ou horas.
6.       Possuem nomes parecidos com os de outros sites jornalísticos ou blogs autorais já bastante difundidos.
7.       Seus layouts deliberadamente poluídos e confusos fazem-lhes parecer grandes sites de notícias, o que lhes confere credibilidade para usuários mais leigos.
8.      São repletas de propagandas, o que significa que a cada nova visualização o dono do site recebe alguns centavos (estamos falando de páginas cujos conteúdos são compartilhados dezenas ou centenas de milhares de vezes por dia no Facebook).
Agindo contra esses “robôs” do mal, você estará contribuindo para melhorar o ambiente na Internet e por extensão, na sociedade. 
Não seja como os fariseus dos tempos bíblicos. Espalhe a verdade.

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