quarta-feira, 22 de abril de 2015

Minha última postagem...

... acabou sendo uma surpresa para mim, pelos comentários que surgiram depois. Para quem não se lembra, era sobre o posicionamento do cristão frente a um governo corrupto. Levantei a questão de que devemos nos posicionar contra TODO governo corrupto, e não apenas contra aqueles de quem não gostamos. Daqueles de que gostamos, não falamos nada, e até invocamos Romanos 13:1-2.
Tudo bem que alguns não concordem com minhas posições. OK. Isso faz parte da democracia. Agora, as insinuações e acusações é que são algo a ser considerado.
Me chamaram de comunista, porque acham que eu defendo um governo supostamente “de esquerda”. Primeiramente, eu não me lembro de nenhuma inverdade. Naquele post, falei sobre a repentina ousadia de certos líderes religiosos, travestidos de profetas e de paladinos da ética, da justiça e da transparência, que em outros tempos de roubalheira, caixas-pretas e arbitrariedades governamentais, entravam mudos e saíam calados. É mentira?
Alguém disse, num comentário que veio todo truncado (problemas do provedor do serviço, não tenho nada com isso), que a Igreja se posicionou sim contra “coisas erradas”. Não me lembro. A não ser muito recentemente, de fato há pronunciamentos e manifestações contra a união civil de homossexuais, contra o aborto, e (acho) contra a liberação de drogas. Isso é recente. Não me recordo de, algumas décadas atrás, nenhuma mobilização digna de nota contra a adoção do divórcio no Brasil. Sim, meus jovens amigos, a lei do divórcio não existe desde sempre neste país. Foi criada em 1977, quando os evangélicos já representavam 
cerca de 7% da população nacional - cerca de 8 milhões de ovelhas. Mas, a grita foi muito pequena, em comparação ao berreiro atual contra “a corrupção”. Inclusive, muitos líderes religiosos depois “se beneficiaram” dessa lei, estando hoje já no terceiro ou quarto casamento.
Em segundo lugar, me chamam de comunista, mas esse pessoal nem sabe o que é comunismo. Muito menos socialismo. A principal prova disso é que, na última eleição presidencial, os evangélicos em massa apoiaram, fizeram campanha, cederam o púlpito, à candidata Marina Silva, que herdou a vaga depois da morte de Eduardo Campos, pelo partido... socialista brasileiro. Creio que muito pouca gente se deu ao trabalho de ir lá no site do partido e pelo menos conhecer o programa e estatuto, isto é, a diretriz do que eles fariam, caso fossem eleitos. Se o fizessem, talvez muitos ficassem espantados de ver ali os principais pontos de governo, aliás, comum a todos os partidos socialistas:
- aparelhamento da máquina estatal, com a colocação, nos postos-chave do governo, de membros do partido ou a ele ligados, como forma de implantar um programa socialista;
- criação de comitês consultivos, à moda dos “sovietes” da antiga URSS, espalhados por todo o país;
- reforma agrária radical, com a tomada de terras da União e aquelas consideradas improdutivas, para repasse de sua propriedade aos chamados “sem-terra”;
- liberação das drogas (descriminalizaçã0), começando pela maconha, como forma de acabar com o tráfico;
- liberação e legalização do aborto, como forma de “libertar” a mulher;
- apoio às minorias, em especial ao movimento LGBT, e a legalização da união civil homossexual;
- e muitos outros temas polêmicos.
Evangélicos em peso votaram na representante desse programa de governo socialista. E me acusam de comunista...
Cada um vote em quem quiser, apoie quem quiser, dê o púlpito a quem quiser. Só não venha depois, como alguns, dizer que “não tenho nada com isso, eu votei no outro candidato”. Que palhaçada. Quando alguém me diz uma asneira dessas, eu retruco: “a culpa é sua sim, se você me apresentasse um candidato melhor, quem sabe a atual presidente fosse derrotada”.  Não vou me alongar muito nesse assunto.
Talvez por isso alguns tenham se sentido ofendidos quando eu disse que muitos líderes religiosos fazem o papel de arautos da classe dominante, e por isso tenham se calado quando estavam encastelados no poder os seus representantes diretos: empresários, militares, banqueiros. Uma classe que muitos invejavam, e da qual gostariam de fazer parte. Por isso foram, se não coniventes, pelo menos omissos, quanto aos seus desmandos, Por isso não se ouviu nenhum pio - ou melhor, para sermos justos, se ouviram pouquíssimos e baixíssimos pios, em relação ao tamanho do rebanho - contra a corrupção, os “maus costumes”, a falta de ética e transparência, durante décadas. O caso do divórcio que citei acima.
A única explicação para a grita geral destes últimos dias é essa. Os líderes têm as suas preferências políticas, ideológicas, e partidárias. Não existe esse negócio de “não tenho preferência”, “não gosto de política”, “não sou influenciado”. Balela.
Agora, é óbvio que a corrupção deve ser combatida sim. Roubalheira, falta de ética, desvios para contas na Suíça, tudo isso deve ser averiguado e os responsáveis, punidos com rigor. No governo e na oposição, os ratos de agora e os de ontem também, porque a corrupção não foi inventada semana passada, mês passado, ano passado. Independe de partido ou posição no espectro político. Punição a todos, não apenas para aqueles de quem eu não gosto.
E para encerrar esse assunto, de direita, esquerda, capitalismo, socialismo, comunismo, neoliberalismo, social-democracia, parlamentarismo, bi-cameral ou unicameral, quero dizer que nenhum sistema de governo funcionará de modo que agrade a todos. Sempre haverá descontentes. Porque os governos sempre serão falhos, sempre apresentarão pontos fracos, simplesmente porque são produtos da mente humana, caída, pecaminosa. Desde que Adão optou por agradar a si mesmo, à sua mulher e à sugestão da serpente satânica, manifestou seu voto contra o governo de Deus. Por isso Deus disse que não contenderia com o Homem para sempre (Gênesis 6:3). Este pronunciamento marca o início do governo humano, e com ele, a necessidade de julgamentos periódicos, posto que a humanidade, de tempo em tempos, alcança um nível tal de corrupção que é necessária a intervenção divina.
Foi o que aconteceu no dilúvio, e é o que acontecerá muito em breve, não com um novo dilúvio (porque Deus prometeu que não destruiria a Terra com outra inundação, Gênesis 9:11) mas pelo fogo. Desde Adão, os homens são rebeldes, e assim todas as suas realizações. Todas as suas obras são más (Isaías 59:6; João 3:19), e entre elas estão também as artes (sobre as quais falaremos um dia desses, quem sabe), as ciências (de que temos falado e a que voltaremos em breve), e as leis, sistemas jurídicos, sistemas econômicos, formas de governo. O reflexo desses governos mundanos é a rebeldia das nações, que são nada mais do que ajuntamentos humanos (veja mais aqui). O Salmo nº 2 é a declaração de independência das nações, da qual Deus zomba. A partir do verso 6, Deus anuncia qual é o único e verdadeiro governo justo e perfeito - aquele onde o Seu Filho é o cabeça.
Como os homens não querem, serão julgados por essa desobediência e insubmissão. Nem assim eles se arrependem: leia Apocalipse 16:11; 13:2 (o poder terreno); 17:12-14 (os homens caídos entregam todo o poder a Satanás). Não é por acaso que o número de besta é um “número de homem”!
Veja que isto não é um mero acaso. A Bíblia fala do governo de Deus em contraste com o dos homens, no começo (Gênesis), no meio (Salmos) e no fim (Apocalipse)!
É por isso que é inútil discutir que sistema é o melhor, qual modelo é o mais justo. Todos são injustos, todos são igualmente ruins, porque nenhum deles tem o Filho de Deus como chefe.
E como Deus é claro ao dizer que o tempo desse governo de Cristo sobre a Terra ainda não chegou, tudo o que temos que fazer, como Igreja, é pregar o Evangelho para salvar pessoas, para levar pessoas a ingressar no Reino de Deus, e parar de tentar influenciar governos mundanos, já condenados, fadados à destruição total!
É parar de ficar defendendo este ou aquele modelo humano, porque gostamos mais deste ou daquele candidato, porque este ou aquele defende nossos interesses. Porque queremos “governar em nome de Deus”... Volto a dizer: combatamos a corrupção, em todos os níveis, em todos os governos. Dos que detestamos e dos que gostamos! Mas isto deve ser feito em nível de cidadão, não de Igreja. Não é este o papel da Igreja. O papel do cidadão é votar, fiscalizar, exigir o cumprimento das leis e a prestação de contas. De todos os governos, não só dos que detesta. Dos que admira também, isto é ser justo. Quer ser ético? Seja então, mas denuncie todas as injustiças. Como cidadão.
Se bem que nossos irmãos que viviam em Roma no primeiro século tinham como chefe de governo os Césares. Apesar disto, ainda não se descobriu nenhum documento arqueológico que informe sobre uma passeata ou manifestação pedindo inpeachment de Nero ou de Calígula. Eles estavam preocupados com outras coisas.
O papel da Igreja é pregar o Evangelho, dar testemunho de Cristo. O cidadão pode transformar a sociedade com seu voto e sua atuação política (para melhor ou para pior); a Igreja transforma a sociedade pelo Evangelho. O cristão tem direito de entrar para a política e contribuir com o País com seu trabalho, sua dedicação, sua lisura. Não sei se é bem isso que a “bancada evangélica” tem feito ao longo dos anos... É para ser “sal”, e não para se beneficiar, para se promover, para aparecer. Mudar o país pelo exemplo, isso é para o cidadão. Governar este mundo - agora - não é papel da Igreja. Para a Igreja, pregar, pregar, pregar - e viver - o Evangelho. As nações não serão transformadas a esse nível pela Igreja. As nações, com seus sistemas e políticas, estão destinadas ao Armagedom - querer mudar isto é ir contra a Palavra de Deus.

Não confunda a vontade de Deus com seus gostos pessoais. Não confunda sua opinião pessoal, política ou ideológica, com o Reino de Deus.

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