
No folhetim global, roubo, assassinatos, traição e adultério eram o tempero principal (como, de resto, tudo que sai da Globo), sob o pano de fundo de uma igreja liderada por um homem inescrupuloso. A imensa boiada, a mesma que costuma xingar pela rua os atores que interpretam vilões nas novelas, confundindo o artista com o personagem, obviamente nem pensou em “ficção”, e mais um estereótipo foi grudado no couro dos evangélicos. Agora, além de atrasados, ignorantes, pobres e intolerantes, também eram bobos guiados por pastores mal-intencionados.
Eu penso que, além de criar revolta em alguns setores do protestantismo, e ter intensificado o que alguns pseudo-intelectuais chamaram de “guerra santa”, o episódio provocou reflexão e auto-análise pelos cristãos evangélicos mais conscientes, que na mesma época já se preocupavam com os rumos que a fé reformada ameaçava tomar. E que, infelizmente, parecem ter se concretizado.
E assim a profecia do Balaão global acabou se cumprindo, e o que se vê hoje entre os evangélicos dificilmente pode ter outro nome que não “decadência” mesmo, à luz da regra de fé e prática que deveria nortear os cristãos deste país – a Bíblia Sagrada.
Senão vejamos.
De lá para cá, o crescimento numérico não parou. A própria Universal, por meio de sua afiliada Record, intensificou os ataques à “Vênus platinada”, ousando fazer denuncias que até então só eram ventiladas nas faculdades de comunicação. As origens obscuras e tenebrosas da fortuna dos Marinho (donos da Globo), suas ligações com os porões da ditadura, as maracutaias com políticos do naipe de ACM-vô e Collor, mutretas variadas envolvendo a CBF, e muitas outras podreiras de ontem e de anteontem vieram e vêm à tona nas noites da Record. Isso não serviu para apagar a imagem duvidosa de Edir Macedo – até porque é indefensável o vídeo em que ele aparece num retiro ensinando a seus discípulos como arrecadar mais dinheiro. Mas serviu para que muitos e muitos crentes, em especial os neo-pentecostais, meio que se unissem num movimento “anti-globo”, um tanto descentralizado e desorganizado, mas até certo ponto eficaz.

Vemos então desvios cada vez mais cabulosos da prática neo-testamentária, e a adoção de elementos estranhos ao culto cristão: é um tal de rosa ungida, sabonete abençoado, nó no travesseiro, óleo de soja poderoso, toque de shofar, água e vinho “de Israel”, vassoura consagrada para varrer a casa e espantar o mal, quebra de maldição hereditária, dança profética, oferta alçada, dízimo, bízimo e trízimo, toalhinha milagrosa,
dançarinas evangélicas de roupa branca no culto de “réveillon”... não venham me dizer que isto é cristianismo. Isto é feitiçaria, fetichismo, superstição, culto de objetos que se aproxima do culto das relíquias católicas. Ou em uma palavra: decadência.
Outro dia saiu nos portais de noticia que em alguns países como Afeganistão, Paquistão e outros “istão” por aí, o Cristianismo está em vias de extinção. O assunto é muito sério, porque cristãos estão sendo perseguidos, torturados e mortos por causa de sua fé. Mas eu comentei que aqui no Brasil também o Cristianismo está em extinção e pode desaparecer em breve.
Sabemos que na Turquia, Oriente Médio e Norte da África, outrora repletos de comunidades cristãs bastante significativas e importantes, os cristãos hoje são uma minoria ínfima da população. O declínio se deu por diversas causas, como a ofensiva muçulmana em séculos passados, dentre outras razões. Mas aqui no Brasil a decadência, a meu ver, se aproxima mais do fenômeno que transformou o Cristianismo primitivo em catolicismo: o estreitamento da religião com o poder, político e econômico; a crescente pasteurização e diluição dos valores da fé para alcançar maior popularidade e aceitação; e a adoção de um discurso mais tolerante, menos agressivo, que não inclua tanto as palavras “inferno”, “pecado”, “arrependimento”, “mudança de vida”, para não espantar o freguês em potencial. Se possível, até mesmo adotar alguns hábitos e costumes dos gentios, para criar uma boa imagem. Exatamente o que a Igreja fez após Constantino decretar o cristianismo como religião oficial do Estado – o resto vocês já conhecem. Deu no que deu.
É como Israel, que havia saído do Egito, mas o Egito não havia saído deles. Estavam no caminho da Terra Prometida, prestes a tomar posse da Promessa. Mas ainda andavam com as lembranças das carnes do Egito, as cebolas do Egito, a cervejinha do Egito, o pagode do Egito, as dançarinas do Egito. Gostavam tanto dessas coisas que tentaram trazer para o seu culto. Em Juízes e em Ezequiel vemos como o culto judaico ficou poluído, os costumes ficaram miscigenados, e até o templo de Jerusalém recebeu uma “decoração” adequada a esses costumes (leia Ezequiel 8:5-18). A Igreja está bem próxima disso. Jerusalém se aproximando da Babilônia.

Afinal, o que tais “levitas” apresentaram nos programas citados? Músicas “genéricas”, placebos sonoros sem impacto nem mensagem, sem falar nada de Bíblia, mas pelo contrário, falando de festa, alegria, tira o pé do chão, vamos pular, “mãe-natureza”, “rap gospel de conteúdo social positivo [sic]”, sol, verão e outras idiotices que você pode comprovar nos vídeos acima, inclusive com coreografias executadas por vedetes, chacretes, panicats ou outras “etes”, como se queira definir tais “bailarinas”; strippers rebolando seminuas, que você vê claramente em todos esses vídeos. Dessa forma não se pode esperar nenhum crente retratado com fidelidade na telinha global. Essa é a imagem e a mensagem que estão passando.
Tenham certeza: os autores dos folhetins estão observando, agora mesmo, o que acontece nos “cultos” evangélicos de hoje em dia. Cultos que parecem reuniões de filhos de Belial, e não de filhos de Deus. Porque os filhos de Belial, como os filhos de Eli, conhecem os ritos e a linguagem do culto a Deus, mas possuem outras motivações. Leia I Samuel caps. 2:12-36 a 4:22 . Foi assim que a Globo montou a igreja retratada na minissérie “Decadência” há 17 anos: até hinos e corinhos eles criaram “para dar mais realismo”. Eles estão de olho.
E nessa imagem que está sendo criada pelos próprios “evangélicos”, não tem maquiagem que dê jeito, nem parceria comercial que alivie a barra.
Não tem mídia que conserte uma imagem cada vez mais rota. Vejam a participação das “evangélicas” no Big Brother. Usam com sabedoria a “porta aberta” para dar um bom testemunho, ou entram no jogo e acabam fazendo parte do que geralmente acontece “na casa”?


Solução para a decadência? O contrário da decadência, a ascensão.
A dependência total da Palavra de Deus, a obediência única e exclusivamente ao Senhor dos Senhores, a observância dos Seus ensinos. O abandono total das superstições humanas, dos costumes “dos gentios”, das ordenanças de homens. Ter aversão a “novas revelações” e outras invenções, cujo único resultado é o afastamento da Verdade.
Sempre é tempo de dar as costas às cebolas do Egito. Sempre é tempo de abandonar o caminho que desce de Jerusalém para Jericó. Sempre é tempo de dar meia volta e retornar para Sião.118800