Por exemplo, as famigeradas previsões.
Picaretas de todos os matizes saem das tocas e fazem suas adivinhações sabor chuchu, que servem para acompanhar qualquer coisa. Para requentar o assunto, clique aqui, que é onde eu mesmo fiz a minha previsão, de tão fácil que é.
O pior é que alguns “líderes evangélicos” embarcaram nessa canoa furada, e deram para se auto-intitular “profetas”: e aí, “para cumprir o que prometem”, danam a fazer suas profetadas, como você pode comprovar, por exemplo, aqui e aqui. É um tal de decretar “ano profético” disto e daquilo outro que não acaba mais. O pior é que ninguém procura saber se a profetada se cumpriu... Não vou me estender mais sobre isso, só acrescentando que a prova de que isso não é profecia bíblica nem aqui nem no Sri Lanka é que todos esses “decretos” são divergentes entre si, o que mostra a sua incoerência total e absoluta com a Bíblia, onde não se verificam tais discrepâncias. Ponto final e doa a quem doer.
Voltando ao ridículo e à analise a posteriori, seria cômico se não fosse trágico observar as “promessas de ano novo”. “Vou emagrecer”, “vou fazer dieta”, “vou fazer exercício”; “vou ser um pai melhor”, “esposa melhor”, “filho mais obediente”; “empregado exemplar”, “não ou dar cheque sem fundo”; “vou pagar minhas contas”, “não vou me endividar”, “vou pagar a quem eu devo”... “vou parar de enrolar e vou casar”... “vou ler a Bíblia todo dia”, “vou contribuir com missões”, “não vou faltar à escola dominical”... “vou ganhar tantas almas para Jesus”... a lista é interminável. E mais ou menos do mesmo tamanho da lista de promessas é a lista das promessas não cumpridas. Nesse quesito, os políticos não são páreo para alguns crentes, já que os parlamentares cumprem algumas das promessas de campanha – pelo menos a de aumentar os salários (os próprios) e diminuir o desemprego (na sua própria família) e assim ninguém pode dizer que não cumpriram.
Aliás, por falar em político, acaba de fazer um ano que um caminhão de gente chegou a Brasília e às capitais prometendo “defender o Evangelho, a família, a Bíblia e a ‘nossa’ denominação”; não seria hora de você mandar uma singela cartinha ao seu nobre representante cobrando o que ele prometeu em troca do seu precioso voto? A menos, é claro, que você sinta que seus desejos foram atendidos. Aí é outro papo.
O fato é que raramente nos lembramos do que prometemos, e no ano seguinte começamos tudo de novo. Fingimos que de 31 de dezembro para 1º de janeiro tudo muda; como se isso não fosse simplesmente uma convenção, uma combinação de um grupo de nações de que dali para a frente o ano muda. Uma combinação tão furada que há países que usam esse calendário ocidental apenas pro-forma, mas seguem sua própria “folhinha”: prova disso você pode ver na TV quase todos os meses - os telejornais, volta e meia, mostram “o ano novo judaico”, o “ano novo chinês”, o “ano novo tibetano” e o “ano novo marciano”, cada um com suas comemorações particulares e exclusivas.

1º de janeiro é igualzinho ao 31 de dezembro, ao 15 de junho e ao 16 de abril. O fato de atribuirmos a certas datas um caráter especial não faz o sol nascer mais redondo, ou a Terra girar mais depressa, ou fazer mais seca ou mais chuva. Nem mesmo se o “apóstolo” da hora decretar no “culto da virada”. Por isso não faz o menor sentido dizer que “de hoje em diante vou fazer isso e aquilo”, ou “vou agir dessa e daquela forma”. Mas se mesmo depois de tudo, você quiser fazer algumas promessas, aí vão algumas sugestões. Tenho certeza que, se você seguir tudo direitinho, você vai se sentir melhor:

- Nos próximos 366 dias, vou orar mais. Mas não é para “bater o recorde” do ano passado (o que, aliás, deve ser muito fácil), mas sim para interceder pelos que ainda não conhecem o Caminho. Parentes, colegas de trabalho, de escola; vizinhos, atendentes da padaria, da farmácia e do supermercado; o motorista do ônibus, o cobrador e o porteiro do meu prédio. Pelos que ainda estão distantes de ouvir o Evangelho, nas matas do Brasil e da Nova Guiné, nas planícies da Sibéria, nas montanhas do Himalaia e nas areias muçulmanas, nas savanas africanas, e também os que se secularizaram nas metrópoles das decadentes Europa e América.

- Vou pedir a Deus que me dê, em cada um dos próximos 366 dias e noites, sabedoria para saber discernir na Sua Palavra os ensinos que são para a Igreja e os que são para Israel, para que eu não confunda as coisas e seja como os fariseus, tendo zelo mas não entendimento (cf. Romanos 10:2); assim serei livre de ordenanças vãs e mandamentos de homens, que dão mais valor a suas tradições do que à Palavra de Deus.
- Não vou me contentar em orar e interceder, mas também vou me dispor a fazer a Obra de Deus, e cumprir a grande comissão que Jesus deixou, pregar o Evangelho e fazer discípulos para Ele, e não para aumentar os seguidores desse ou daquele; buscar ensinar a sã doutrina baseada unicamente na Palavra de Deus, sem ensinos distorcidos e visões equivocadas do propósito de Deus para a Sua Igreja.

- Vou contribuir com meus bens para o crescimento do Reino de Deus, e não apenas com meu dinheiro (se é que ele é meu). Não vou me prender à tirania dos 10%, mas coloco tudo nas mãos de Deus, com liberdade para contribuir com o que Ele colocar no meu coração, e assim colaborar “não com tristeza nem constrangimento” (cf. II Coríntios 9:7). Quero contribuir ofertando roupas, alimentos, brinquedos, livros, material escolar, dando carona aos irmãos, pagando a passagem de ônibus ou de metrô que seja, abrindo minha casa para receber grupos de estudo e de oração, para dar abrigo a quem necessitar; porque “bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim” (Lucas 12:43).

- Não comprarei Bíblias de R$ 900, toalhinhas abençoadas, água ungida, sal grosso, óleo de soja orado, rosa mágica e sabonete “de Israel”; nem vou perder tempo vendo mascates evangélicos vendendo essas e outras quinquilharias na TV, pagando milhões aos donos das emissoras (com dinheiro dos outros) enquanto se esquecem de pregar o Evangelho.
- Vou parar de perder tempo na Internet em sites de piadas, inclusive “evangélicos”; em vez disso, vou usar meu tempo conectado para procurar estudos bíblicos sérios, músicas cristãs que tenham mensagem edificantes e bons livros cristãos para baixar e ler.

Bem, essa lista pode ficar grande também, mas como você pode ver, não é nem um pouco difícil.
Eu vou fazer a minha parte, e daqui a 366 dias a gente conversa de novo.
Sem competição.
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