sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Idolatria não, obrigado...

Há quase um século, o Brasil entrou debaixo de um jugo do qual vai ser difícil se livrar. Em 1929, um bando de padres se reuniu em congresso e depois de receberem sinal verde do “papa” Pio XI, aclamaram a “virgem de Aparecida” como “padroeira do Brasil”. Isto como se o Brasil fosse propriedade da igreja de Roma, pois não se tem noticia de consulta a outros credos se aceitariam ser “padronizados” (sei lá como se chama quem tem padroeiro ou se submete a isso) pela “virgem de Aparecida”.
Desde então o país se acostumou com mais esse ranço do romanismo e consagrou o dia 12 de outubro como feriado nacional, dedicado à idolatria explícita de uma estátua de barro, de gosto, estilo e qualidade  “artística” bastante discutíveis, coberta de pano azul, como se algo fosse.
Se você chegou até aqui, haverá de saber a razão da acidez do texto: é que, doa a quem doer, esperneie quem quiser espernear, o culto cristão é refratário a imagens de qualquer tipo. Não vou repetir aqui os mitos e lendas que cercam o achado dessa imagem; se quiser saber ou relembrar clique aqui. Hoje quero mostrar apenas que imagem, como objeto de culto, é uma abominação aos olhos de Deus e aqueles que as veneram estão no mesmo patamar dos devassos, avarentos, maldizentes, beberrões, ladrões (I Coríntios 5:11);  adúlteros, sodomitas (10:9); medrosos, abomináveis, homicidas, feiticeiros, mentirosos (Apocalipse 21:8).
Vão todos para o inferno, e não fui eu quem inventou isso, está na Bíblia Apocalipse 21:8 e 22:15. Leia, se o “sagrado magistério” permitir. E para ninguém dizer que eu estou falando isso e aquilo, vou deixar a Bíblia falar por si. Antes, porém, uma breve definição de dicionário:
Ídolo. S.m. 1. Estátua ou simples objeto cultuado como deus ou deusa, 2. Objeto no qual se julga habitar um espírito, e por isso venerado. 3. Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo. Idólatra. Adj. 2 g. 1. Respeitante à, ou próprio da idolatria. 2. Que adora ídolos. 3. Idolátrico (2). * s. 2 g. 4. Pessoa que adora ídolos; Idolatrar. V t. d. 1. Prestar idolatria (1) a; amar com idolatria (1); adorar, venerar. 2. Amar com idolatria (2), com excesso, cegamente. Int. 3. adorar ídolos; praticar a idolatria (1). Idolatria. SE. 1. Culto prestado a ídolos. 2. Amor ou paixão exa­gerada, excessiva9. Idolatria- 1. Essa palavra vem do grego, eídolon, ídolo, e latreúein, adorar. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição etc, que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos (Enciclopédia de Norman Champlin-SP. Vol 3, p. 206).
Agora sim, a Bíblia:
Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Êxodo 20:4);
Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Levítico 19:4);
Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vos­so Deus (Levítico 26:1);
Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ído­los inúteis. (Salmo 97:7);
 
Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não fa­lam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua gar­ganta; Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam (Salmo 115:4-9 e 135:15-18);
A tua terra está cheia de ídolos, inclina­ram-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. Pelo que o homem será abatido, e a humanidade humilhada; não lhes perdoes! (Isaías 2:8-9);
Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mateus 4.11; Lucas 4:8);
Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo vendo a cidade tão entregue à idolatria (Atos 17:16);
Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus (I Coríntios 6:10-11; Efésios 5:5);
Não vos façais idólatras, como alguns deles; como está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar (I Coríntios 10:7);
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuários do Deus vivente (II Coríntios 12:2).
As obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras pelejas, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos preveni, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gálatas 5:5);
Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (I João 5:21);
Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda mor­te (Apocalipse 21:8);
Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira (Apocalipse 22: 5).
Deus proibiu a confecção e o culto a imagens, estátuas etc, visto que os povos pagãos atribuíam a esses artefatos de barro, madeira ou outro material um caráter religioso. Acreditavam, além do mais, que a divindade se fazia presente por meio dessa prática. Deus ensinou seu povo a não cultuar imagens. Sua palavra era tão poderosa no coração do seu povo, que, embora muitos homens santos, profetas e sacerdotes, homens exemplares, com todas as virtudes para serem canonizados (os heróis da Bíblia), não são pretexto para serem adorados ou cultuados, nem fizeram suas imagens e nem lhes prestaram culto.
A citação dos querubins na arca (Êxodo 25:18-20), advogada pelos teólogos católicos, não se sustenta, pois não existe na Bíblia uma passagem sequer em que um judeu esteja dirigindo suas orações aos querubins, ou depositando sua fé neles, ou lhes pagando promessas, ou acendendo velas para eles.
Algumas imagens que Deus mandou fazer não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e nem ser­viam de modelo para reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança, com figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo, entre outros utensílios (I Reis 6:23-29; I Crônicas 22:8-13; I Reis 7:23-26), e outros ornamentos (I Reis 7:23-28). Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou veneradas, ou objeto de culto. Se Israel tivesse adorado, cultuado ou venerado esses objetos, sem dúvida, Deus mandaria destruí-los. Foi o que aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se tornou objeto de culto (II Reis 18:4). 
Em algumas sinagogas do século III e até hoje encontramos pinturas de heróis da fé em seus vitrais: jamais, entretanto, veremos judeus orando, cultuando ou invocando Moisés, Abraão ou Esdras, as figuras mais respeitadas da história judaica.  E assim como no Velho Testamento, não encontramos argumento algum que justifique o culto, veneração ou a fabricação de imagens no Novo Testamento. Pelo contrário, a Bíblia mostra que o apóstolo Paulo sofria por ver o povo entregue a idolatria: Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria (Atos 17:16).
Paulo foi atacado pelos artífices, ourives e comerciantes de imagens: Certo ourives, por nome Demétrio, que fazia de prata miniaturas do templo de Diana, dava não pouco lucro aos artífices. Eles os ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria vem nossa prosperidade. E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que fazem com as mãos. Não somente há perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. Ouvindo isto, encheram-se de ira, e clamaram: Grande é a Diana dos efésios! (Atos 19:24-28).
Se fosse hoje, certos canais de TV diriam que Paulo estaria incitando à discriminação, à intolerância e provocando uma “guerra santa”!
Agora, imagine se alguém aparecesse em Aparecida do Norte, pregando contra a idolatria, e grande parte da população local aceitasse essa mensagem, largando mão de estatuazinhas, da “santa”, lembrancinhas, miniaturas do templo, parando de comprar velas, fitinhas, camisetas, etc. O que os comerciantes fariam?
Qualquer semelhança com o que aconteceu em Éfeso não seria mera coincidência.


(continua)

Fonte: (http://www.cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=131&cont=1&menu=2&submenu=3
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