A
resposta é: basicamente aos judeus – e não à Igreja! Nessa ocasião a
Igreja ainda era um mistério não revelado. Somente no Pentecoste ela entra na
Historia e, posteriormente, revelada através de Paulo. Portanto, o texto não
está falando para os crentes atuais nem sobre o arrebatamento, mas sim da volta
de Jesus para Israel, após a Tribulação (Mateus 24:29-31). Jesus só falou do
arrebatamento mais tarde, pouco antes do Getsêmani, como está registrado em
João 14. Até então os discípulos, como judeus, só sabiam da era gloriosa
do Messias que viria para Israel (por exemplo, Lucas 17:22-37).
Os discípulos a quem Jesus se dirigiu em Mateus
24 e 25 evidentemente eram judeus, e simbolizam o remanescente judeu fiel, que
crerá no Messias no tempo da Tribulação. No sermão profético Jesus predisse a
situação dos judeus no período imediatamente anterior à Sua volta: falsos
profetas e falsos cristos, como são chamados em Mateus 24:5,23,26, representam
um perigo para Israel. A Igreja enfrenta outros perigos, pois deve preocupar-se
mais com falsos mestres e falsos apóstolos, e em discernir os espíritos (II Coríntios
11:13; II Pedro 2:1; Gálatas 1:6-9). Filhos de Deus renascidos pelo Espírito
Santo certamente devem ficar alertas às seduções de falsos cristos!
O “abominável da desolação” (Mateus 24:15) diz
respeito claramente à terra judaica, ao templo judaico e aos sacrifícios judeus.
O profeta Daniel falou a respeito disso, e não falava da Igreja, mas de “teu povo... e de tua santa cidade” (Daniel
9:24). A frase: “os que estiverem na Judéia fujam para os
montes” (Mateus 24:16), é bem clara. Trata-se nitidamente da
terra de Israel. Pois no Novo Testamento a Igreja de Jesus nunca é conclamada a
fugir para os montes.
Igualmente o texto fala do sábado, e diz
respeito aos judeus, aos seus costumes e suas leis (v. 20). Também a parábola
da figueira (v. 32) é uma representação simbólica da nação judaica, e a
expressão “esta geração” (v. 43) aplica-se
a Israel.
2. A
que época o Senhor se refere em Mateus 24?
É quando
Deus começa a agir novamente com Seu povo Israel de maneira coletiva, levando o
povo da Aliança ao seu destino final (v. 3), que é a vinda do seu Messias e o
estabelecimento de Seu reino. Mateus 24 e 25 é ocupado pelos acontecimentos da última
semana de Daniel (Daniel 9:24-27). Esse período é a consumação do século, o
encerramento de uma era. O fim dos tempos é a última semana, a 70ª semana de
Daniel. Todos os sinais que o Senhor Jesus predisse em Mateus 24, que
conduzirão à Sua vinda visível (v. 30), têm seus paralelos no Apocalipse capítulos
6 a 19.
Mas nessa ocasião a Igreja de Jesus já terá sido arrebatada, guardada da “hora
da provação” (Apocalipse 3:10).
Os
versículos 4-8 descrevem o início da Tribulação. O versículo 8 diz claramente: “porém tudo isto é o princípio das dores”,
que definem especificamente o tempo comparado na Bíblia às dores de parto (I Tessalonicenses
5:3; Jeremias 30:5-7). Há um paralelismo e uma concordância quase literal entre
Mateus 24:4-8 e Apocalipse 6, onde o Senhor abre os selos de juízo:
- Falsos
cristos (Mateus 24:5) = Primeiro selo: um falso cristo (Apocalipse 6:1-2).
Parece com Cristo, mas não é Cristo – até um cavalo branco ele cavalga. Assim,
enganará a muitos, cf. Mateus 24:4, 5; Marcos 13:5 etc.
- Guerras (Mateus 24:6-7) = Segundo selo: a paz será tirada da terra (Apocalipse 6:3-4).
- Fomes (Mateus 24:7) = Terceiro selo: um cavaleiro montado em um cavalo preto com uma balança em suas mãos (Apocalipse 6:5-6).
- Terremotos (Mateus 24:7), epidemias (Lucas 21:11) = Quarto selo: um cavaleiro montado em um cavalo amarelo, chamado “Morte” (Apocalipse 6:7-8).
- Muitos morrerão como mártires (Mateus 24:9) = Quinto selo (Apocalipse 6:9-11).
- Coisas espantosas e grandes sinais no céu anunciam a chegada do grande dia da ira do Senhor (Lucas 21:11) = Sexto selo (Apocalipse 6:12-17).
- Em Israel, muitos trairão uns aos outros (Mateus 24:10 e 10:21). O engano e a impiedade se alastrarão, o amor esfriará, significando que muitos apostatarão de sua fé (Mateus 24:11-12, II Tessalonicenses 2:10-11). Quem perseverar até o fim verá a volta do Senhor e entrará no Milênio (Mateus 24:13).
- Guerras (Mateus 24:6-7) = Segundo selo: a paz será tirada da terra (Apocalipse 6:3-4).
- Fomes (Mateus 24:7) = Terceiro selo: um cavaleiro montado em um cavalo preto com uma balança em suas mãos (Apocalipse 6:5-6).
- Terremotos (Mateus 24:7), epidemias (Lucas 21:11) = Quarto selo: um cavaleiro montado em um cavalo amarelo, chamado “Morte” (Apocalipse 6:7-8).
- Muitos morrerão como mártires (Mateus 24:9) = Quinto selo (Apocalipse 6:9-11).
- Coisas espantosas e grandes sinais no céu anunciam a chegada do grande dia da ira do Senhor (Lucas 21:11) = Sexto selo (Apocalipse 6:12-17).
- Em Israel, muitos trairão uns aos outros (Mateus 24:10 e 10:21). O engano e a impiedade se alastrarão, o amor esfriará, significando que muitos apostatarão de sua fé (Mateus 24:11-12, II Tessalonicenses 2:10-11). Quem perseverar até o fim verá a volta do Senhor e entrará no Milênio (Mateus 24:13).
- O Evangelho do
Reino será
pregado por todo o mundo (v. 14). Ele não deve ser confundido com o Evangelho
da Graça, anunciado atualmente (clique
aqui para saber mais). O Evangelho do Reino é a mensagem que
será transmitida no tempo da Tribulação pelo remanescente e pelos 144.000
selados de Israel, chamando a atenção para a volta de Jesus, que então virá
para estabelecer Seu Reino (compare Apocalipse 7 com Mateus 10:16-23).
- Mateus 24:15 refere-se à parte final da Tribulação,
que alguns autores chamam de “a grande tribulação”. A “abominação desoladora”
não teve seu cumprimento na destruição do templo em 70 d.C., pois refere-se à
afirmação de Daniel, que aponta claramente para o fim dos tempos (Daniel 12:1,4,7,9,11).
Essa profecia teve um pré-cumprimento aproximadamente em 150 a.C., na pessoa de
Antíoco Epifânio (Daniel 11:31 fala a respeito). Ela cumpriu-se parcialmente em
70 d.C. através dos romanos, que destruíram o templo. Mas o “abominável da
desolação” de que Jesus fala em Mateus 24:15 será estabelecido apenas pelo
anticristo, vindo a ter seu cumprimento pleno e definitivo como profetizado em
Daniel 12. A
profecia é claramente para o tempo do fim (vv. 4 e 9), referindo-se a um tempo
de tão grande angústia como jamais houve antes (v. 1), que durará “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”.
É dessa Grande Tribulação, desse período de imenso sofrimento e angústia, que
Jesus fala em Mateus 24:21 (veja Jeremias 30:7).
- Nos versículos a
seguir, de 16 a 28, o Senhor Jesus
explica como o remanescente dos judeus deve comportar-se durante a Grande
Tribulação: eles devem fugir (veja Apocalipse 12:6). Esses dias serão
abreviados para três anos e meio, para que os escolhidos sejam salvos. Falsos
profetas farão milagres e sinais (veja Apocalipse 13:13-14). Mas então,
finalmente, diante dos olhos de todos, o Senhor virá “como o
relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente”. Esses
dias da ira de Deus e do Cordeiro (Lucas 21:22, Apocalipse 6:17) são descritos
assim: “Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os
abutres” (Mateus 24:28). O “cadáver” representa o judaísmo apóstata,
afastado de Deus, e o sistema mundial sob a regência do anticristo, no qual
reinará a morte e o “hades”. Os “abutres” simbolizam o juízo de Deus.
- Em Mateus 24:15 o Senhor Jesus está falando do
tempo do fim. Ele menciona a destruição do templo e de Jerusalém em Lucas 21,
fazendo então a ligação com os tempos finais. Em Lucas 21:20 e 24 o Senhor diz:
“Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei
que está próxima a sua devastação. Cairão ao fio da espada e serão levados
cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem,
Jerusalém será pisada por eles”. Isso cumpriu-se em 70 d.C, mas
Mateus 24 menciona algo que não aparece no Evangelho de Lucas, pois
cumprir-se-á apenas nos tempos do fim: “a abominação da desolação” (v. 15).
No Evangelho de
Lucas, que
trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C., está escrito: “...haverá grande aflição na terra” (Lucas
21:23) Não está escrito: “grande tribulação”. Mas em Mateus 24, que fala dos
tempos do fim, lemos sobre uma “grande
tribulação como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem
haverá jamais” (v. 21). A expressão “grande tribulação”
diferencia nitidamente a angústia de 70 d.C. da “grande tribulação” no final
dos tempos.
3. Qual é a mensagem
desse texto bíblico para nós hoje?
Essa
passagem tem forte significado, pois sabemos que o arrebatamento da Igreja deve
estar muito próximo. Nosso mundo está muito inquieto. Há conflitos em muitos
países e torna-se mais e mais evidente a possibilidade de guerras devastadoras
em futuro próximo. Mais de 400.000 cientistas estão atualmente ocupados em
melhorar sistemas bélicos ou em desenvolver novos armamentos. Grande parte da
humanidade passa fome. Terremotos, tempestades, inundações e doenças, além de
outros fenômenos e catástrofes da natureza, aumentam em progressão geométrica,
como as dores de parto da que está para dar à luz. Grande parte dos cristãos é
perseguida. Muitos chegam a falar de uma “escalada” nas perseguições nos
últimos anos. Eu entendo que não. A não ser em países islâmicos ou comunistas
(se é que ainda existe país comunista), historicamente avessos ao Cristianismo,
eu penso que a principal característica destes tempos é a apostasia. Um
afrouxamento geral da moral, da ética, dos costumes e pensamentos da Igreja,
devido à paganização e adoção de filosofias e costumes mundanos. Um crescente
afastamento da Bíblia. A sedução e o engano através de falsas religiões são
comparáveis a uma avalanche.
Além disso, as crises econômicas, as guerras
e conflitos, e a desilusão geral Sá aumentam o clamor por um “homem forte” que
resolva todos os problemas da Humanidade. Qualquer coisa que for anunciada como
“deus” ou “salvador” – e parecer
funcionar – fará com que as pessoas agarrem-se ansiosas a essas ofertas
enganosas.
As dores da Grande Tribulação anunciarão a vinda do Filho do Homem. Não nos
encontramos diante do fim do mundo, mas nos aproximamos do fim de nossa era (Mateus
24:3). O Filho de Deus não nos trará o fim, mas um novo começo. Jesus Cristo
não é apenas a esperança para o futuro do mundo, mas a esperança para todo
aquele que invocar Seu Nome!
(Norbert
Lieth - http://www.chamada.com.br) –
adaptado de artigo publicado anteriormente na revista Notícias de Israel,
setembro de 2000.
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