sexta-feira, 17 de julho de 2015

Fé racional, um paradoxo?

“A crença religiosa é contra o senso comum. Não há anjos, demônios, céu, inferno, fantasmas, bruxas, nem milagres. Essas crenças supersticiosas são promovidas com o propósito de fazer crer que, dando dinheiro à classe sacerdotal, as pessoas serão favorecidas por um dos deuses. Não há nada sobrenatural – nada contrário à lei natural”.
Quem escreveu isto foi James Harvey Johnson, em seu livro “Religião, uma fraude gigantesca”. E pode ter certeza, ele traduz o pensamento de muita gente hoje em dia, esclarecida ou não.
Essas mesmas pessoas acusam os cristãos de “assassinar suas mentes” quando crêem na inspiração da Bíblia, em milagres e na ressurreição de Cristo. Os incrédulos supõem que a crença cristã está baseada na ignorância e que esta fé é algo cego e não inteligente.
Na verdade é justamente o contrário. A fé cristã é uma fé inteligente; ela não consiste em um ato impensado, desvinculado da realidade. A Bíblia encoraja tanto o crente como o não-crente a usarem a inteligência quando investigam o Cristianismo.
Jesus Cristo disse certa vez, citando o Antigo Testamento: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (Mateus 23:27, ênfase acrescentada). O apóstolo Paulo escreveu: “Porque eu sei em quem tenho crido” (II Timóteo 1:12), e à igreja em Tessalônica, “julgai todas as coisas” (I Tessalonicenses 5:21).
João advertiu as pessoas a “provar os espíritos”, no sentido de “fazer um teste” (I João 4:1); isto, sem dúvida, envolve o uso da mente, extensivamente. Além destas, outras referências ilustram a necessidade de usar a mente em relação à fé cristã: 
“E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente [inteligentemente], disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada” (Marcos 12:34).
“E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento (Filipenses 1:9).
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Efésios 1:17-18).
“Falo como a entendidos [cf. sábios, inteligentes, criteriosos]; julgai vós mesmos o que digo” (I Coríntios 10:15).
Desde as eras mais antigas, Deus sempre mostrou respeito pelos homens de integridade intelectual. Ele disse aos israelitas que ignorassem qualquer profeta que fizesse uma predição falsa (Deuteronômio 18:22). Ele desafiou os ídolos dos gentios a provarem sua deidade. Como a resposta foi nula, Ele então deu a sua sentença (Isaías 41:21-24).
Apesar disso, muitos cristãos não sabem explicar porque crêem, embora as Escrituras deixarem claro que eles deveriam saber. “Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pedro 3:15).
A Bíblia nos exorta a usarmos a mente ao nos decidirmos por Jesus Cristo. O Cristianismo é sensato, é racional; mas não se chega a Cristo só com o intelecto. A fé precisa ser exercitada; mas é uma fé baseada em fatos, não em falsa esperança. A fé cristã é um passo em direção à luz e à iluminação, e não um salto no escuro como querem fazer crer. Paulo, ao falar de sua fé, disse “o rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto” (Atos 26:26). Em outras palavras, o que acontecera, era notório, todos sabiam, todos haviam testemunhado como fatos verídicos – que Jesus Cristo havia sido crucificado e ressurgira dos mortos ao terceiro dia, e depois de instruir seus discípulos, subira aos céus prometendo voltar em breve. Todos esses fatos podiam ser ponderados e avaliados por qualquer um que desejasse investigar a sua validade. Os milagres aconteciam à vista de todos, e por causa disso os cristãos primitivos desafiaram o mundo para ver “se as coisas eram assim mesmo”. Eles não desencorajavam os céticos dizendo “apenas creiam”. Eles encorajavam sua curiosidade para verificar os fundamentos da fé (Atos 17:11).
Muitas pessoas se esforçaram para solapar a fé cristã e desmentir suas principais verdades, como o general Lew Wallace, autor de “Ben Hur” – e como ele, acabaram se tornando cristãs. O desafio para refutar a fé cristã tem sido planejado muitas vezes, mas sempre fracassa. Se os cristãos possuem essa tal “fé cega” que lhes atribuem, então porque tantos estudiosos se convertem através do exercício intelectual? É porque a fé está baseada na verdade. “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou a verdade” ((João 14:6).
A escolha de tornar-se cristão deve ser feita depois de uma reflexão apropriada. Deve ser considerada e avaliada antes que seja assumido um compromisso. Os que encorajam a conversão a Jesus Cristo baseada num apelo emocional ou através de manipulação, não estão sendo bíblicos. Uma pessoa precisa compreender o que estão fazendo antes de tornar-se cristã.
Aqueles que acusam os cristãos de serem crédulos e ignorantes, na verdade estão manifestando a sua própria ignorância. E essa ignorância muitas vezes é auto-imposta. Ao passo que algumas pessoas não estão preocupadas com as afirmações de Cristo, outras as recusam claramente. Elas afirmam que há problemas intelectuais com a fé cristã, quando de fato o que elas apresentam são desculpas, muitas vezes emocionais. Apesar de terem visto fatos do Cristianismo, e admitirem a sua verdade, se recusam a tornarem-se cristãs.
Isto, portanto, não é um problema do intelecto, mas da vontade. Não é que essas pessoas não possam se tornar cristãs; a questão é que elas não querem se tornar cristãs. A Bíblia ensina que a Humanidade está tentando suprimir a verdade de Deus (Romanos 1;18, 25, “do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça... Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente”). As pessoas são ignorantes sobre Jesus Cristo porque, de um modo geral, querem ser assim.
O evangelho é tão simples que muitos o rejeitam. De fato, para entrarmos no Reino dos Céus precisamos ser como crianças (Mateus 18:3). Precisamos colocar nossa confiança em Cristo, sejamos professores universitários ou pessoas que nunca terminaram a escola primária.
Já outros entendem que a vida crida cristã é monótona e cheia de proibições: “não pode fazer isto, não pode fazer aquilo”. Como ninguém quer viver desse jeito, eliminam o Cristianismo por atacado. Nada pode estar mais longe da verdade.
Apesar de alguns cristãos – felizmente, não são todos – darem a impressão de que sua fé é um conjunto de regras negativas, quando uma pessoa confia em Jesus como seu Salvador ela se torna verdadeiramente livre. “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). Jesus Cristo está empenhado em libertar homens e mulheres das coisas que os mantêm em escravidão, a fim de que possam ser as pessoas realizadas da forma como foram idealizadas!
Como cristãos, nós somos livres para fazer o que queremos e não o que não queremos. A vida cristã é tudo, menos fastidiosa, porque há uma alegria constante em conhecer o Deus vivo e experimentar todas as coisas boas que Ele tem guardadas para nós: “agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração”! (Salmo 37:4).

Condensado e adaptado de Josh McDowell & Don Stewart, “Respostas Àquelas Perguntas Que Os Céticos Perguntam Sobre a Fé Cristã”, Ed. Candeia, 1997, pg 161-168

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