Li outro dia sobre um evento que pode provocar uma reflexão. A
juventude evangélica de Porto Velho participou do “1º Gospel Show”, uma mistura de
música religiosa com hip-hop – incluindo grupos de danças
coreografadas e grupo de pagode gospel.
Há alguns anos, isso seria impensável, pois a música evangélica era solenemente
sacra e sem os embalos rítmicos que os conservadores costumavam tachar como “da
carne” ou profanos, por incentivar o corpo ao balanço e ao requebrado. Mas atualmente, pagode, funk, rock, forró e até o hip-hop ganham versões gospel com letras que
tentam pregar o evangelho.



Há 150 anos Spurgeon já dizia: “O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão é prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões”. Seu sermão “Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes?” pode ler lido aqui.

“Pras irmã e pros irmão, que curte o som pancadão
Eu mando assim ó: Vem pro gospel funk
Pra se divertir com
Jesus no coração
Você vai ser feliz então,
vem pro gospel funk (2x)
A juventude, os adultos, os
coroa e as crianças,
então pula e agora dança (2x)
A juventude, os adultos, os
coroa e as crianças, (2x)
Vem pro gospel funk pra
se divertir...”
Ô Adriano,
tá me ouvindo? Sem comentários
essa sua “letra” hein...
Quando há
algo além do ritmo, vemos que muitas harmonias são defeituosas, pois são em
tons menores ou usam dissonâncias, mensagem subliminar que destoa da letra dita
“cristã”. Como pode uma mensagem cristã ser distorcida ou dissonante?
Psicologicamente estabelece-se um conflito na mente de quem ouve.
E a letra?
Aí é está o pior, se é que algo pode ser ruim, péssimo ou pior. Poucas letras
sobrevivem a um exame bíblico, isso quando não trazem ensinos bíblicos pela
metade e até heresias. Por exemplo, “quero ser como Zaqueu” parece bacana. Mas
quem quer distribuir seus bens aos pobres? Leia Lucas 19:8.
“És Deus de
perto, e não de longe”. Mas a Bíblia
diz que Ele é Deus de perto e de longe também. Jeremias 23:23.
“Derrama a
tua shekinah sobre nós”. Se perguntarmos o que significa esta palavra,
todos dirão: “a glória de Deus”. Mas a palavra “shekinah” não é encontrada em nenhum lugar das Escrituras!
E “glória” no hebraico é “kavod” (o peso da glória de Deus). “Shekinah” vem da raiz “shakhan” que significa: habitar, fazer morada. Esta idéia
de “skekinah”=glória
aparece somente na literatura rabínica: os judeus cabalistas é que começaram a
usá-la a partir do séc XIII.

Tem música que é para adoração e louvor, e tem música que é
apenas entretenimento. Se essa distinção fosse levada a sério, haveria uma
seleção do que cantar na igreja e do que colocar no carro, do que ouvir
enquanto se faz caminhada, em festas, acampamentos, nas raves gospel que algumas igrejas promovem, shows, funk evangélicos, pagodes etc. Por que no
dia em que se entender que isso é apenas meio de vida, uma forma de expressão
“até-certo-ponto-mais-ou-menos-quase” artística, um produto à venda no mercado
e que portanto nada tem a ver com Deus e Seu Reino, acaba a confusão se isso é
de Deus ou não, se é mundano ou não, se aquilo outro é do homem ou do Diabo (http://bit.ly/9NcLnK).
E a gente para de ver micos como este e este...
E antes que se conteste dizendo que muitos grupos de rock gospel promovem transformação de vidas, digo
que concordo em
parte. Bandas como
Stryper e Petra, que no início escandalizaram os santarrões de plantão, fizeram
mais pelo Evangelho do que os fariseus que os malharam. Mas as letras dessas
bandas são Bíblia pura! E em suas vidas pessoais tem bem menos badalação e
estrelismo que são a tônica nos atuais pop-stars
gospel. E também eles sabiam a diferença entre show e igreja. Um dos trabalhos mais
inspirados do Petra é justamente o CD “Em Adoração” (que tem uma versão em
espanhol, “En Alabanza”) com músicas que se podem cantar tranquilamente na
igreja. Ou músicas de bandas como Third Day. Essa é a diferença.

Tomara que
eu esteja enganado, mas pessoas
como esse Rosan Neves, de Porto Velho, que já teve casa de show como ele mesmo afirma, apenas mudaram
seu público alvo. E como ele, um monte de “artistas” gospel que pululam por aí. Doa a quem
doer.
Nota: esta matéria foi publicada originalmente em 27/02/2010. Republiquei agora porque houve um problema e ela perdeu toda a formatação.
598.520
Nota: esta matéria foi publicada originalmente em 27/02/2010. Republiquei agora porque houve um problema e ela perdeu toda a formatação.
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