Jesus tinha um temperamento tão agradável que na primeira vez que encontrou seus discípulos os convidou para ir à balada.
Isto é o que diz uma tal de “pastora” Priscila Mastrorosa, da “igreja” Bola de Neve (foto ao lado). O link para outras idiotices semelhantes que ela fala é este: http://migre.me/d5Smk .
A pergunta é inevitável: onde é que nós, como igreja, estamos?
E essa pergunta tem diversas derivações:
Como igreja, o que estamos fazendo? Como é que esse tipo de comportamento, essas práticas estranhas, essa falta de visão para entender e comunicar o evangelho, como é que vamos impactar a sociedade decadente em que estamos inseridos? Onde queremos chegar? O que pretendemos?
Vemos claramente uma diluição da mensagem do evangelho nessas pseudo-igrejas.
Há igrejas que têm ministérios de resgate de jovens das drogas, da homossexualidade; travestis e prostitutas que se renderam aos pés de Jesus tiveram suas vidas transformadas sem precisar ouvir que “Jesus era da balada”. O que transforma vidas é o evangelho genuíno, é a mensagem que diz que se a pessoa não receber Jesus vai para o inferno, que Satanás é real, que o pecado separa o homem de Deus. E o que é pecado, principalmente, que não é relativo, como acreditam alguns. Que a Bíblia ensina a evitar a aparência do mal. Tanto que nessas igrejas que citei, o pessoal entrava cabeludo, barbudo, cheio de parafuso nos beiços, mas não permanecia assim.
A Bíblia diz: “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Transformai-vos!
Não dá para acreditar que alguém, que antes vivia segundo um certo “estilo” mundano, depois de ter uma experiência com Cristo continue a falar do mesmo jeito, a se vestir do mesmo jeito, a ter os mesmos hábitos e comportamentos, a “curtir” o mesmo estilo de música, de lazer. II Coríntios 5:17 diz que “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Não fui eu quem inventou essa frase. Mas agora, até “música gospel para balada” já tem! Que testemunho é esse? Que exemplo é esse?
Desde quando cristão freqüenta balada? Desde quando Jesus ia na balada com os discípulos?
Há não muito tempo atrás, cristão não ia à danceteria. Agora já tem até balada gospel. O que mudou? A Bíblia mudou? A interpretação mudou? A mensagem mudou? Jesus mudou? Sim, Jesus mudou... ele até vai à balada agora. Daqui a pouco vão dizer que Ele tomava umas e outras como certos cantores gospel. Afinal, ele transformou água em vinho, não foi? Será que Ele nem experimentou? Gente, esse raciocínio raso é mundano, carnal e perigoso. “Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica” (Tiago 3:15).
Não estamos falando de costumes humanos: “ah, antes eu usava minissaia e agora só uso vestidão, agora não depilo mais nem as axilas, não uso mais calça comprida; agora só uso terno xadrez e não assisto mais futebol”; não, não se trata disso. Trata-se de fazer tudo “decentemente e com ordem” (I Coríntios 14:40), não só no culto, mas na vida. Este mandamento não se restringe ao domingo, mas à semana toda.
Trata-se de viver como ensina a Bíblia: sendo exemplo tanto para os “de dentro” como para os “de fora”; e isso significa se esforçar para não escandalizar ninguém. “Pelo que, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para não servir de tropeço a meu irmão” (I Coríntios 8:13).
Mas não, parece que fazem questão de mostrar que são assim mesmo e desse jeito permanecerão. “Se Deus me aceita assim todos têm que aceitar também”, dizem. Mas o engraçado é que, ao procurar emprego (quando vão), procuram se arrumar, colocam um terno, tiram os pregos da cara e as dúzias de anéis, escondem as tatuagens. Dois pesos, duas medidas.
O pior é que pseudo-pastores usam uma expressão atribuída a Paulo – “fiz-me grego para ganhar os gregos” – para justificar seus costumes e ensinos bizarros. Que tristeza.
Em primeiro lugar, Paulo nunca disse que “se fez de grego”. O texto bíblico (I Coríntios 9) diz:
19 Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível:
20 Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei;
21 para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
22 Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
Com isso o apóstolo não está dizendo que se fantasiou de fariseu para ganhar os fariseus. Ele entendeu a mente farisaica, e lhes mostrou que o evangelho ia muito além das leis e ordenanças. Não extrapolou a mensagem de Jesus! Aliás, como discípulos, não devemos viajar na maionese e reinterpretar o que Jesus pregou. Mateus 10:24 “Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor”. Se Jesus não fez concessões, por que devemos nós fazê-las? Se Jesus não adaptava sua mensagem ao gosto do freguês, por que deveríamos fazer isso?
E quando Paulo diz que “para ganhar os que estão sem lei” foi “como se estivesse sem lei”, não está dizendo que entrou a beber com os coríntios, conhecidos por sua devassidão homérica. Porque o próprio Paulo diz, claramente, que não se portou “para os que estão sem lei” da mesma forma que eles, pois estava “mas debaixo da lei de Cristo” (v. 21). E qual é a lei de Cristo sob a qual devemos estar?
E em segundo lugar, quando esteve na Grécia, Paulo não entrou na deles, mas expôs o evangelho com sabedoria. Começou falando da mitologia grega, mas logo mostrou que Deus estava muito acima desses conceitos. Leia Atos 17:16-34, notando os dois últimos versos:
“Assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, alguns homens aderiram a ele, e creram, entre os quais Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros”.
Esses, que querem ser “como gregos”, se encaixam naquele tipo de pessoa descrita por Pedro em sua segunda carta, cap. 3:15-16: “e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição”. Indoutos e inconstantes, torcendo ensinos que não compreendem, para sua própria perdição.
E com isso, acabam criando um evangelho da porta larga, onde cabe tudo. Gálatas 1:
6 Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,
7 o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.
9 Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
O que pretendemos fazer da nossa breve estada neste mundo?
Ainda há sabor nesse sal?
Ainda brilha essa luz?
Porque “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens” (Mateus 5:13).
E “sois a luz do mundo” (Mateus 5:14). Mas “se a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!” (Mateus 6:23).
Uma vez, quando ainda se pregava o evangelho genuíno neste país, ouvi um homem de Deus dizer que a igreja é como um barco no mar. O barco precisa entrar no mar, mas o mar não pode entrar no barco.
A igreja é o barco, e o mar é o mundo.
Faça a analogia.
A igreja precisa de uma reflexão. Onde é que nós estamos? Não estaríamos como um barquinho no meio do mar, sem saber que rumo tomar?
E o pior... a água está entrando.
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