domingo, 14 de março de 2010

Mais de um milhão na fila

O Sudário vende. Essa parece ser a primeira abordagem adotada pela cidade italiana de Turim para a exibição do sudário que, segundo muitos fiéis, traz a impressão do corpo de Jesus, mas que a maioria dos cientistas considera uma fraude produzida durante a Idade Média.
Pelo menos 1 milhão de reservas de todo o mundo foram feitas, afirmaram os organizadores de uma exibição especial em que eram esperadas pelo menos 2 milhões de pessoas em 44 dias da mostra. O interesse foi ampliado pela presença do “papa” Bento XVI no dia 2 de maio de 2010, na Catedral de Turim onde o sudário é normalmente mantido oculto das vistas do povo. Visitar o pano é grátis para quem tiver a reserva, que pôde ser feita online, mas o tempo para cada visitante contemplar o sudário depende da lotação da catedral, não mais do que cinco minutos.
Tradicionalmente, o público tem um vislumbre da relíquia a cada 25 anos, mas as autoridades eclesiásticas, “compreendendo a importância para a economia e o emprego” na cidade, permitiram a nova exibição fora do programa, disse Fiorenzo Alfieri, que encabeça o Comitê do Sudário. “A mostra representa uma ocasião preciosa para turistas que pretendam incluir Piemonte e Turim em seus itinerários”, disse.
Recentemente, um pesquisador do Vaticano disse ter usado imagens do sudário, ampliadas digitalmente, para encontrar inscrições em grego, latim e aramaico no pano. Mas céticos afirmam que ele está enxergando demais nas marcas indistintas, e lembram que a datação por carbono 14 feita em 1988 sugere que o tecido é do século 13 ou 14. Já os críticos da datação dizem que o tecido pode ter sido contaminado por material mais recente.
Nos últimos anos, foi demonstrado que uma imagem como a do sudário poderia ter sido produzida por artesãos medievais, com o uso de técnicas e materiais conhecidos na época. O Vaticano evita tratar da questão, alegando apenas que o sudário é um símbolo do sofrimento de Jesus, como afirma Jorge Bergoglio, ou “papa” Francisco, o mais recente chefe de Roma. O monsenhor Giuseppe Ghiberti, presidente da comissão da arquidiocese de Turim para o sudário, refere-se a ele como “instrumento de evangelização”. Fonte: Estado de S.Paulo via Antena Cristã e G1.
O que é o Sudário de Turim ou “Santo” Sudário - é uma peça de linho que mostra a imagem de um homem, vítima de traumas físicos consistentes com a crucificação. Há diversas narrativas envolvendo esse tecido, principalmente da época das Cruzadas. Antes, só há lendas esparsas e histórias duvidosas. O Sudário pertence oficialmente ao Vaticano desde 1983.
A imagem no manto é mais nítida na impressão “preto-e-branco” do negativo fotográfico, e foi vista pela primeira vez em 1898, pelo fotógrafo amador Secondo Pia, que recebeu a permissão para fotografá-lo durante a uma exibição.
A Universidade de Oxford, a Universidade do Arizona e o ETH Zürich (Suíça) analisaram pedaços do tecido e revelaram idades entre os séculos XIII e XIV, mais concretamente no intervalo 1260-1390. O Vaticano, com o argumento de que a coleta de mais amostras pode danificar a peça, recusa-se a submeter o sudário a outros testes. O diretor da Universidade de Oxford, Gordan Ramsey, enfatizou que ficaria surpreso se fosse comprovado um erro de dez séculos.
Hipóteses - Uma teoria para a formação da imagem é reação de Maillard, na qual gases libertados por um corpo em decomposição reagem com a fina camada de carbo-hidratos, a celulose das fibras do tecido. Mas se como a Bíblia diz, o corpo de Jesus não chegou a entrar em decomposição, como explicar a impressão no tecido? Só restaria uma alternativa: uma fraude deliberada. O que seria mais fácil que esticar um pano por um tempo determinado sobre um defunto com feições convenientes, ainda mais nos tempos medievais, pródigos em “fraudes piedosas”?
A acusação é antiga e foi lançada até pelos arcebispos contemporâneos da descoberta. Um deles, Pierre d’Arcis, escreveu ao “papa” de sua época detalhando os pormenores da impostura, que considerava ser uma forma ardilosa de roubar dinheiro de peregrinos piedosos. A missiva foi prontamente ignorada, obviamente.
Outros descreveram manchas de sangue com cores tão vivas que pareciam frescas. Hoje em dia (passados cerca de 550 anos desses relatos), essas nódoas são mortiças e passam despercebidas na primeira análise. Se fossem originárias do século I, não seriam mais visíveis na Idade Média. Além do mais, era costume fazerem-se cópias (decalques) do sudário para catedrais da Europa onde era venerada a “imagem real de Nosso Senhor”. O sudário foi várias vezes copiado para preservar o original (pois aos fiéis o que impressionava era poder conhecer a figura de Cristo, e não tanto admirar a antiguidade da relíquia).
Pelo que se sabe das práticas funerárias do século I, os judeus limpavam e perfumavam os seus mortos. Sendo Jesus uma figura amada pelos seus, seria pouco provável que o tenham amortalhado sem os devidos procedimentos de limpeza, que eliminariam a presença de sangue no corpo, como supõe-se pelo evangelho de João 19:40 (neste ponto é importante lembrar que os cadáveres não sangram, visto que já não há batimento cardíaco, e as manchas de sangue não podem ser posteriores à limpeza). Há quem argumente que o corpo de Jesus teria sido sepultado às pressas, devido à preparação da Páscoa, e por isso as mulheres teriam deixado para perfumar e embalsamar o corpo no amanhecer do primeiro dia da semana - no que teriam encontrado o túmulo vazio. Mas outro fato que reforça a hipótese de falsificação é que mais de um pano foi usado no corpo de Jesus. Segundo a Bíblia, um deles foi usado somente para envolver sua cabeça: “Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, e que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado à parte” (João 20:6-7). Estes dados levantam dúvidas quanto à originalidade do “sangue”, que pode ter sido colocado depois.
O professor Shimon Gibson, um dos autores do artigo “Molecular Exploration of the First-Century Tomb of the Shroud in Akeldama, Jerusalem", disse à National Geographic que o Sudário de Turim é falso. Em 2009, Luigi Garlaschelli, professor de química da Universidade de Pávia afirmou ao jornal La Repubblica ter uma réplica do sudário, feita com a utilização de técnicas disponíveis na Idade Média.
Tudo isto colocado, as evidências mostram uma fraude mais que centenária, cuja manutenção é similar a muitas outras sustentadas pelo Vaticano, na sua tentativa de manter o maior número de pessoas enganadas o maior tempo possível. Do mesmo naipe são o “santo” Graal, lascas da “cruz verdadeira”, a “lança sagrada”, pregos da cruz, fios de cabelo da Virgem, gotas de leite que amamentaram Jesus, fraldas do menino Jesus, até mesmo o prepúcio de Jesus que sobrou quando ele foi circuncidado, e inúmeros pedaços de “santos” espalhados por praticamente toda e qualquer igreja católica do planeta. Parece que sem uma velharia qualquer, muitas vezes grotescamente falsificada, Deus não pode se fazer presente. E
talvez seja por causa dessas fraudes grosseiras que Ele não costuma aparecer nesses lugares. Ao lado, o falecido “papa” JP2 em momento devocional diante da suposta relíquia.
Mas... e se um dia realmente ficar provado, sem sombra de dúvida, que esse pedaço de pano era realmente a mortalha de Jesus Cristo? Que por algum processo físico-químico ficou marcado no momento da transformação ou glorificação do corpo do Senhor no momento da ressurreição? O que significaria isto para a cristandade? Em que isso afetaria a nossa fé? Como o cristão reagiria a isto?
Me arrisco a dizer: a “cristandade” organizada poderia até ser abalada, ver um surto de gente indo mais à igreja, o catolicismo recuperaria parte dos fiéis perdidos para outras religiões, mas o verdadeiro cristão, aquele que tem sua fé firmada apenas na Palavra, a esse não afetaria em nada tal descoberta. Porque a fé não depende de coisas visíveis, antes, “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Hebreus 11:1). A prova científica, se um dia aparecer, apenas irá confirmar o que as Escrituras já nos asseguram há dois mil anos: “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite” (Mateus 12:40; 16:21; 17:23; 20:19; Marcos 8:31; 9:31; 10:34; 15:29; Lucas 9:22; 18:33; 24:7, 46).
Não precisamos de ver e tocar relíquias para crer!
“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29).

Doa a quem doer!

25800