sexta-feira, 19 de março de 2010

Estaria errada a cronologia?

Professor levanta dúvida sobre idade de Jesus ao morrer

O debate sobre o dia em que Jesus Cristo foi crucificado no Gólgota continua cheio de incógnitas e contradições surgidas dentre os documentos históricos, dos evangelhos, da astronomia e da “tradição”.
Faltando uma prova esclarecedora, para chegar a uma conclusão é preciso decifrar um complexo quebra-cabeças de pistas: “pegar o bisturi da crítica” frente ao conteúdo dos evangelhos e desvendar com temor reverencial e dor de cabeça teológica o que há de histórico. Quem explica isso é o professor de Filologia Grega da Universidade Complutense de Madri e especialista em Linguística e Literatura do Cristianismo Primitivo, Antonio Piñero, autor do livro “La Verdadera Historia de la Pasión”. Com esta pesquisa, foram derrubados alguns ícones, como o da idade de Jesus quando morreu.
Historicamente, não se pode dizer que Jesus morreu com 33 anos”, explica Ramón Teja Casuso, professor de História Antiga da Universidade da Cantábria e professor honoris causa da Universidade de Bolonha, em entrevista à Agência Efe. “Cada povo parte de seu feito mais importante para medir o tempo. O monge e matemático Dionísio, que estabeleceu no século VI qual era o ano em que Jesus nasceu - o Anno Domini - estava errado”, assegura Teja.
Investigações históricas posteriores demonstraram que Herodes, o Grande, que era rei da Judéia durante o nascimento de Jesus e responsável pela perseguição e massacre das crianças com menos de dois anos, teria morrido, na realidade, no ano 4 a.C., e, por isso, Cristo teria nascido no ano 5 ou 6 a.C., paradoxalmente. Por isso deveríamos dizer “antes da Era Cristã” e não “antes de Cristo”. Os judeus dizem “antes da era comum” – a.e.c. Dionísio esqueceu de incluir, por exemplo, o “ano zero” – ele pulou imediatamente do ano 1 “antes de Cristo” para o ano 1 “depois de Cristo”.
Essa opinião deve ser comparada com o fato de que Pôncio Pilatos, o prefeito de Judéia, “lavou as mãos” antes de decidir se executaria Cristo ou Barrabás. Pilatos “ocupou este cargo entre 29 e 37 d.C.”, afirmou Teja, o que significa que Jesus morreu com algo entre 34 e 42 anos.
De onde vem, então, a ideia de que Cristo morreu aos 33 anos de idade? Os escritores bíblicos nunca afirmaram tal coisa, mas Lucas, no capítulo 3:23 de seu evangelho, conta que “quando Jesus começou o seu ministério, tinha cerca de 30 anos” e no 4:16 completa: "Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler". 30 anos era a idade em que o judeu era considerado adulto. O Evangelho de João descreve até três Páscoas nas quais Jesus vai a Jerusalém (curiosamente, Marcos, Mateus e Lucas só falam de uma), o que fundamenta a crença popular de que seriam 33 os anos de vida do Messias. Para se aproximar mais de uma data exata, Antonio Piñero considera que é preciso fazer uma investigação astronômica.
Ele morreu na Páscoa, comemorada na lua cheia, e por isso sabe-se que o dia 15 de Nissan - que é quando se comemora a Páscoa judaica - reunia essas condições” entre os anos citados. “Há duas opções: 7 de abril do ano 30, segundo o qual Cristo teria morrido com 35 ou 36 anos, e 3 de abril de 33, no qual Cristo teria cerca de 39″, assegura.
Piñero considera mais provável a data de 7 de abril do ano 30 como data de sua morte, e encontra a explicação em Paulo de Tarso, também conhecido como São Paulo, e uma das fontes mais fidedignas através de suas epístolas: “A descoberta de uma inscrição demonstra que o governador que julgou Paulo em Corinto, capital da Acaia, esteve nessa cidade entre junho de 51 e junho de 52″, explica o professor, levando em conta que Paulo passou, após a morte de Jesus, três anos meditando e, depois de 15 dias em Jerusalém, outros 14 anos pregando.
Jesus teria morrido, então, em 7 de abril do ano 30? Piñero ainda expõe uma ressalva: “É minha opinião, mas acho que é mais provável que Jesus tenha sido crucificado na quinta-feira, pela simples razão de quem se foi crucificado às 15h de sexta-feira, teria morrido caída a tarde. Isso, para os judeus é o novo dia, ou seja, sábado (Shabat), dia de descanso”, argumenta Piñero. “A crucificação em dia de descanso teria sido uma profanação monumental. É mais possível que não tenha sido crucificado na sexta-feira, mas na quinta-feira. Ou seja, não em 7, mas em 6 de abril do ano 30 d.C.”, opina.
COMENTÁRIO – Não devemos nos preocupar tanto assim com a data exata em que tudo isto aconteceu. Embora muitos creiam que a Bíblia contém erros, uma pesquisa criteriosa mostra que o Senhor é um Deus de perfeição. Já vimos isto antes quando discutimos a extrema precisão do calendário hebraico, que muitos desdenham. O relato do dilúvio mostra que um dia realmente é um dia de 24 horas, e um ano tem 360 dias (pois o ano judeu segue o calendário lunar). O que realmente importa é que no dia determinado desde a eternidade, Jesus Cristo foi imolado pelos nossos pecados, levando sobre Si toda a iniquidade da humanidade e três dias depois venceu a morte, ressurgindo do túmulo. Isso sim é inquestionável – não é um “dogma” como o da “virgindade perpétua” de Maria; não, o nascimento, a vida e a morte de Nosso Senhor estão perfeitamente documentados!
Quanto ao ano exato, os pesquisadores parecem ter fundamentos. Entretanto, se o professor Piñero mostra que no ano 30 Jesus deveria ter mais idade do que é normalmente aceito, por outro lado há evidências que também mostram que, na verdade, o dia mais provável da crucificação foi, de fato, a quarta-feira. O professor ainda se enganou ao dizer que “Jesus foi crucificado às 15 horas”. Na verdade, se lermos atentamente os Evangelhos, veremos que a crucificação foi às 9 horas (a hora terceira) e a morte é que ocorreu às 15 horas (a hora nona). Assim, o sepultamento não ocorreu após cair a tarde, pois José de Arimatéia acelerou o sepultamento justamente para não profanar o sábado. Mas... sábado como, se era quarta-feira?
Aguarde... doa a quem doer.
Com informações da Agência EFE e Gospel+ , quinta-feira, 9 de abril de 2009 (http://noticias.gospelmais.com.br/professor-levanta-duvida-sobre-idade-de-jesus-ao-morrer.html)
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