No caso da polêmica teoria da evolução, faz 200 anos que virtualmente todo ser vivo neste planeta está sob observação. Formularam-se hipóteses sobre a origem da vida a partir de organismos menos complexos à medida que se recua no tempo, até a aparição fortuita da primeira molécula de DNA, etc. Pois bem, tudo isto está em desacordo com o método científico, como demonstramos em (http://doa-a-quem-doer.blogspot.com/2008/09/como-teoria-da-evoluo-perverte-o-mtodo.html), o que fez carótidas saltarem e a produção de saliva aumentar em alguns primatas.
A teoria da evolução, portanto, carece de comprovação, pois não há experimento que a valide. Para isso, teríamos que esperar mais alguns milhões de anos até que novos saltos evolutivos sejam detectados. Obviamente, isto é uma falácia. No afã de desautorizar qualquer outra explicação da origem do universo, das espécies e da humanidade, alguns cientistas rejeitam tudo o que não compreendem. Para quem pensa dessa forma rarefeita é difícil mudar o mecanismo mental. O apóstolo Paulo já havia notado isto: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente... Porque a sabedoria deste mundo é loucura para Deus” (I Coríntios 2:14 e 3:19).
Quando alguns cientistas advogam que apenas a “ciência” pode dar a última palavra, estão sendo tão dogmáticos quanto os religiosos que eles mesmos insistem em denegrir. Na verdade, ainda estão presos ao positivismo, corrente filosófica em declínio há décadas, que prega que tudo que não for “científico” é ingenuidade: tudo o mais é tratado como vigarice, charlatanismo e obscurantismo. Esquecem-se propositalmente que nem sempre é possível ter certeza se o conhecimento em questão é realmente científico. Daqui a cem anos o que hoje é considerado “ciência” poderá perder totalmente a sua credibilidade, quanto mais as chamadas “teorias” que não têm como ser testadas e comprovadas...
O badalado cientista-pop Carl Sagan é um exemplo acabado disto. Ele afirma, com a maior cara de pau, que “o Universo tem de 8 a 15 bilhões de anos, e não 6 ou 12 mil anos”. Como pode ter tanta certeza? Quer dizer, entre uma cifra e outra há uma diferença de 7 bilhões de anos! Ou seja, a margem de erro é quase igual à própria estimativa... Se há uma coisa em que existem controvérsias, é a idade do Universo.
Esse dogmatismo cientificista comparável a uma religião, posto que possui todos os elementos de um culto, exatamente o que os intelectualóides criticam: como a maioria das religiões, possui uma narrativa (que explica o começo do mundo); depois, visando a legitimação e a validade de seu sistema cosmogônico, o intelectualóide cita uma descoberta (a “revelação”) ou a obtenção de uma sabedoria ou conhecimento superior por parte do fundador (como sucede nas religiões em geral). Os adeptos devem então fazer uma profissão de fé, isto é, defender publicamente o ponto de vista do grupo para serem aceitos na comunidade. E finalmente, defendem sua crença até a morte. E assim caem no erro sobre o qual Jesus advertiu: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão” (Mateus 7:1-5).
Mas, caso a citação bíblica provoque nova apoplexia, vamos para o campo das ciências humanas. A Psicologia e a Sociologia demonstram o fenômeno conhecido como ideologia, que explica claramente a influência de determinados conceitos, predominantes em certos grupos sociais, no modo de pensar e ver as coisas; daí a sua força, o conceito de “Ideologia dominante”, um conjunto de valores e normas que influencia, para o bem ou para o mal, a noção de conhecimento objetivo que deveria ser a Ciência. Prova disso foram os “cientistas” de ideologia nazista, para quem diferenças raciais “explicavam” a superioridade ariana (a evolução das espécies e a sobrevivência dos mais aptos serviram como luvas).
Carl Sagan pelo menos teve a coragem de assumir que “... os cientistas alimentam inúmeras doutrinas nocivas - inclusive a suposta superioridade de um grupo étnico ou de um gênero em relação ao outro, com base em medições do tamanho do cérebro, saliências do crânio ou testes de inteligência. Com freqüência relutam em ofender os ricos e poderosos. De quando em quando, alguns trapaceiam e roubam. Alguns trabalharam sem nenhum vestígio de remorso para os nazistas... gostam de se lembrar daqueles casos em que tinham razão e esquecer as vezes em que estavam errados... Talvez fosse útil que os cientistas listassem de vez em quando alguns de seus erros... Kepler, Newton, Darwin, Mendel e Einstein cometeram erros sérios. Nós temos vieses; inalamos os preconceitos predominantes em nosso meio...” (“O Mundo Assombrado Pelos Demônios”, pág. 221 e 223). Nesse livro, no capítulo “Quando os cientistas conhecem o pecado”, ele reconhece a manipulação da ciência para fins políticos e hegemônicos, e termina com a pergunta enigmática: “Que área do empreendimento humano não é moralmente ambígua?” (página 250).
Resumindo, é muito cômodo para os evolucionistas apelidarem os outros de obscurantistas, ingênuos, retrógrados e outros termos pejorativos, quando eles próprios agem assim. E pior, são incapazes de olhar criticamente para o próprio conhecimento que acreditam ter, quando suas teorias são, de acordo com os próprios métodos, impossíveis de serem comprovadas e portanto, validadas como leis. Dessa forma, voltamos ao Apóstolo dos Gentios, que há 1900 anos já havia percebido essa incapacidade, doa a quem doer.
Sagan caiu nessa armadilha. Em seu citado livro, cujo nome foi retirado de antigas escrituras hindus, pretende mostrar a validade da ciência frente às demais formas de conhecimento. E vai até bem, ao confrontar a ciência com o que o cientista argentino Carlos Lungarzo, mestre e doutor em Filosofia e Matemática, chama de “senso comum”, incluindo narrativas envolvendo óvnis, o poder das pirâmides e cristais, o fim da Atlântida, criaturas fantásticas como o yeti, etc. Mas quando se mete a falar do que não entende, fala asneiras. Ao citar a Bíblia como anti-científica, diz que “no Gênesis, lemos sobre anjos que copulam com as filhas dos homens” (pág. 113). A Bíblia não diz isto! Como Voltaire 200 anos antes, atribui à Bíblia coisas que não estão lá, e tenta culpá-la pela Inquisição e pela caça às bruxas. Como outros críticos da Bíblia, ele pensa que todos os cristãos estão na Idade Média: “As realizações máximas da teologia ... são a Summa Theologica e a Summa Contra Gentiles (contra os gentios.) de são Tomás de Aquino” (pág. 238).
E a certa altura ele questiona como um Deus amoroso ordenou que os hebreus exterminassem outros povos sem dó nem piedade. Isso se deve ao seu desconhecimento do conceito bíblico do dispensacionalismo. Aliás, mesmo alguns cristãos têm dificuldade em não discernir essa doutrina, quando confundem, por exemplo, a questão do dízimo e dos elementos judaicos no culto cristão... mas isso é outro assunto.
O que deve ficar claro, e assim encerramos este tópico, é que a crítica dos cientistas a outros sistemas de pensamento deve-se muito mais às próprias limitações no entendimento “do outro” do que propriamente às falhas dos modelos de pensamento que não sejam cientificistas e dogmáticos como, via de regra, são aqueles sob os quais se abrigam os críticos e “hereges profissionais”.
DOA A QUEM DOER!