sábado, 11 de agosto de 2012

Devemos pregar às Nações?

Parte 1
Por falar em Olimpíada, nações da Terra, todos os povos e nações reunidos, que tal entrar no assunto “Missões”?
Eu acho muito boas as campanhas que igrejas e denominações fazem sobre missões. Inclusive, penso que esse deve ser o principal objetivo das igrejas da atualidade, o evangelismo e as missões, sem foco em proselitismo particular (aquele que visa engrossar as fileiras desta ou daquela corrente ou “visão” ou “apóstolo”). Missões aos indígenas, às pequenas cidades do interior, missões urbanas, nacionais ou estrangeiras, devem sim ser incentivadas e sustentadas, desde que visem ganhar almas e não apenas prover a alguns espertalhões a experiência de viver em Nova York, Londres ou Amsterdam, para logo depois conseguir um green-card e assegurar um bom futuro para os filhos. Não – missões devem ser levadas a sério e com responsabilidade.
Mas é fácil perceber que existe uma confusão generalizada de conceitos como “nações” e “povos”, e chego a pensar que essa confusão é intencional, como veremos adiante.
Obviamente, as definições de Nação e Povo precisam ser esclarecidas, pois também se distinguem de Tribo, Língua, Estado, País e outros similares; mas a principal confusão se dá entre Nação e Povo. Você pode depois procurar as definições desses verbetes em qualquer dicionário ou enciclopédia que queira:
Povo - País - Estado - Nação - Etnia - Cultura 
Não discutiremos questões envolvendo raça, assunto que não nos interessa por ora. Mas é importante notar que o tratamento que Deus dá a cada um dos conceitos acima é diferente, e em cada dispensação o Senhor tem um plano. No Velho Testamento, por exemplo, claro está que Deus tratava com as nações de forma diferenciada. Ele escolheu Israel como sua propriedade particular, para dar testemunho aos outros povos, como vemos em Isaías 55:4 (“Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos”) e Êxodo 19:5 (“... sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra”).
Isto é, antes de existir a Nação, o País ou o Estado de Israel, Deus já trabalhava com o Seu Povo. Na verdade, há quem diga que Israel só se tornou uma nação depois de passar pela provação do deserto, que solidificou os laços de união entre as tribos. Mesmo assim ainda tiveram desavenças sérias (Juízes cap. 19 e 20 fala da guerra contra a tribo de Benjamim, que quase foi extinta, e I Reis 12 relata a divisão do reino). Uma nação dividida, mas acima de tudo uma nação, isto é, um povo com laços em comum, habitando um determinado território geográfico.
“Povo” é diferente de nação: durante 1.900 anos o povo de Israel não tinha um país, um território com capital e governo estabelecido; apenas o povo - com suas características históricas e culturais intactas - disperso “entre as nações”. O que mais se aproxima dessa situação, hoje, é, mal comparando, talvez, o povo “palestino”, que embora tenha governo, bandeira e representação diplomática, dificilmente seria considerado uma nação, por lhe faltarem os demais atributos que possam caracterizá-lo como tal. Talvez.
Outro exemplo: ainda hoje, pode-se dizer que o povo de Israel ainda está espalhado por vários países. Muitos judeus não residem no País de Israel, e são até mesmo cidadãos de outros países. Mas pertencem ao povo de Israel. Assim também se pode dizer que alguém pode habitar em Israel mas ser oriundo de outra nação ou outro povo: a população israelense, hoje, inclui muitos cidadãos de origem árabe, armênia etc. Atos 2:5 diz: “Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu”...
Houve pessoas que se tornaram judias mesmo quando não havia o Estado de Israel, mas passaram a fazer parte da nação. Ester 8:17 = “Também em toda a província, e em toda cidade, aonde chegava a ordem do rei ao seu decreto, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e festas; e muitos, dentre os povos da terra, se fizeram judeus, pois o medo dos judeus tinha caído sobre eles”. Veja a diferença entre esses conceitos - povos e nações, nações e países, etc. (clique para ler): Salmo 44:2 - Salmo 47:3 - Salmo 67:4 - Salmo 78:55 - Salmo 105:44 - Salmo 108:3 - Salmo 117:1. E Ezequiel 5:5 também fala da diferença entre “nações” e “países”: “Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os países ao seu redor”.
Josué 23:12-13 mostra que, apesar de Israel já estar estabelecido como um País na terra de Canaã, ainda havia “nações” convivendo no mesmo espaço geográfico: “Porque se de algum modo vos desviardes, e vos apegardes ao resto destas nações que ainda ficam entre vós, e com elas contrairdes matrimônio, e entrardes a elas, e elas a vós, sabei com certeza que o Senhor vosso Deus não continuará a expulsar estas nações de diante de vós; porém elas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais desta boa terra que o Senhor vosso Deus vos deu”. Veja também Ezequiel 20:32; 25:7; e 36:20 e 24.
O livro de Daniel também traz várias passagens que diferenciam esses conceitos, como em 3:4,7 - 4:1 - 5:19 -  6:25 – e especialmente 7:14, falando sobre o futuro Reino do Messias: “E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído”. Também Apocalipse (11:9) fala dessa diferença. Homens de vários povos, e tribos e línguas, e nações verão os corpos dos dois profetas por três dias e meio, e não permitirão que sejam sepultados.
E é justamente em Apocalipse que está uma das principais indicações de que Deus trata individualmente com pessoas (cap. 7:9): “Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos”... Notamos que a multidão é feita de pessoas que vieram “de todas as nações, tribos, povos e línguas”; quem está diante do trono não são as nações, nem as tribos, mas as pessoas, remidas, lavadas, resgatadas, individualmente, uma a uma.
O que eu quero dizer com isso? Que é errado dizer que devemos pregar às nações, ou mandar missionários para as nações. Devemos mandar missionários e pregar para as pessoas, por duas razões.
1 – na atual dispensação, Deus está tratando com as pessoas, e não com as nações. Deus voltará a tratar com as nações (da mesma forma que tratava com elas antes da era da Graça) somente após findar a Era da Graça (ou da Igreja). Naquele tempo, Israel era o testemunho de Deus perante as outras nações, e hoje é a Igreja. Quando a Igreja for tirada da Terra, voltam a vigorar as condições de antes da existência da Igreja;
2 – as nações da Terra são rebeldes, e por não se sujeitarem ao Senhorio e Governo de Deus, serão destruídas em um juízo terrível que a Bíblia é chamado de “Tribulação” ou Grande Tribulação. É desse tempo que trata o livro de Apocalipse, como veremos.
As nações, enquanto entidades políticas, estão condenadas, pois são inimigas de Deus!
O governo das nações é contrário ao governo de Deus, cf. Salmo 2. As nações não se submetem ao Senhorio de Cristo, por isso serão condenadas (também Salmo 9 - Salmo 33:10 - Salmo 59:8 - Isaías 17:13 - Isaías 34:2 - Isaías 40:15 e 17 - Números 24:8, 20 - Jeremias 46:28 e 51:20 - Ezequiel 30:3.
Joel 3:2 fala do juízo futuro, que há de acontecer ao final da tribulação, no episódio conhecido como Batalha do Armagedom: “Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre as nações...
Zacarias 12:3, 9 faz menção a esse evento específico e relata o procedimento das nações da terra: “Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos. E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra... E naquele dia, tratarei de destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém”.
Veja também Zacarias 14:3 - Sofonias 3:8 - Ageu 2:7, 22. Todas essas são passagens que tratam do juízo de Deus sobre as nações. Lembre-se: as condições dispensacionais vigentes no período do Velho Testamento retornarão após o arrebatamento da Igreja, e então será Deus versus as nações da Terra – inclusive Israel.
As nações agem sob o engano de Satanás (Apocalipse 20:3, 8): “Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo... e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha” (Também Apocalipse 18:23).
Conforme lemos em Isaías 17:13, as “muitas águas”, ou “o mar”, são um símbolo para as nações: “Rugem as nações, como rugem as muitas águas; mas Deus as repreenderá, e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento e como a poeira num redemoinho diante do tufão”.
É dessas águas que surgirá o Anticristo; quer dizer, o inimigo de Deus virá das nações. Apocalipse 13:1, 12: “Então vi subir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças nomes de blasfêmia... Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas receberão autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta”.
Apocalipse 17:1, 15: “Veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas... Disse-me ainda: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas”.
Daniel 7:2, 3; 16, 17; 23, 24: “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, numa visão noturna, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o Mar Grande. E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar... Cheguei-me a um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a verdadeira significação de tudo isso. Ele me respondeu e me fez saber a interpretação das coisas. Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão... Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. Quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”.
Somente no Reino Milenar de Cristo as nações serão restauradas!
(continua)

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