Eu acho
muito boas as campanhas que igrejas e denominações fazem sobre missões. Inclusive,
penso que esse deve ser o principal objetivo das igrejas da atualidade, o
evangelismo e as missões, sem foco em proselitismo particular (aquele que visa
engrossar as fileiras desta ou daquela corrente ou “visão” ou “apóstolo”).
Missões aos indígenas, às pequenas cidades do interior, missões urbanas,
nacionais ou estrangeiras, devem sim ser incentivadas e sustentadas, desde que
visem ganhar almas e não apenas prover a alguns espertalhões a
experiência de viver em Nova
York, Londres ou Amsterdam, para logo depois conseguir um green-card e assegurar um bom
futuro para os filhos. Não – missões devem ser levadas a sério
e com responsabilidade.
Mas é fácil perceber que existe uma
confusão generalizada de conceitos como “nações” e “povos”, e chego a pensar
que essa confusão é intencional, como veremos adiante.
Obviamente, as definições de “Nação” e “Povo”
precisam ser esclarecidas, pois também se distinguem de “Tribo”, “Língua”, “Estado”,
“País” e outros similares; mas a principal confusão se dá entre “Nação” e “Povo”.
Você pode depois procurar as definições desses verbetes em qualquer dicionário ou enciclopédia que queira:
Povo - País - Estado - Nação - Etnia - Cultura
Povo - País - Estado - Nação - Etnia - Cultura
Não discutiremos questões envolvendo raça, assunto
que não nos interessa por ora. Mas é importante notar que o tratamento que Deus
dá a cada um dos conceitos acima é diferente, e em cada dispensação
o Senhor tem um plano. No Velho Testamento, por exemplo, claro está que Deus
tratava com as nações de forma diferenciada. Ele escolheu Israel como
sua propriedade particular, para dar testemunho aos outros povos, como vemos em
Isaías 55:4 (“Eis que eu o dei como testemunha aos povos,
como príncipe e governador dos povos”) e Êxodo 19:5 (“... sereis a minha possessão peculiar dentre todos os
povos, porque minha é toda a terra”).
Isto é, antes de existir a Nação, o
País ou o Estado de Israel, Deus já trabalhava com o Seu Povo. Na verdade, há
quem diga que Israel só se tornou uma nação depois de passar pela provação do
deserto, que solidificou os laços de união entre as tribos. Mesmo assim ainda
tiveram desavenças sérias (Juízes cap. 19 e 20 fala da guerra
contra a tribo de Benjamim, que quase foi extinta, e I Reis 12 relata a
divisão do reino). Uma nação dividida, mas acima de tudo uma nação, isto é, um
povo com laços em comum, habitando um determinado território geográfico.
“Povo” é diferente de nação:
durante 1.900 anos o povo de Israel não tinha um país, um território com capital e governo estabelecido; apenas
o povo - com suas características históricas e culturais intactas
- disperso “entre as nações”. O que mais se aproxima dessa situação, hoje,
é, mal comparando, talvez, o povo “palestino”, que embora tenha governo, bandeira
e representação diplomática, dificilmente seria considerado uma nação, por lhe
faltarem os demais atributos que possam caracterizá-lo como tal. Talvez.
Outro exemplo: ainda hoje, pode-se dizer que o
povo de Israel ainda está espalhado por vários países. Muitos judeus não
residem no País de Israel, e são até mesmo cidadãos de outros países. Mas
pertencem ao povo de Israel. Assim também se pode dizer que alguém pode habitar
em Israel mas ser oriundo de outra nação ou outro povo: a população israelense,
hoje, inclui muitos cidadãos de origem árabe, armênia etc. Atos 2:5 diz: “Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de
todas as nações que há debaixo do céu”...
Houve
pessoas que se tornaram judias mesmo quando não havia o Estado de Israel, mas
passaram a fazer parte da nação. Ester 8:17 = “Também
em toda a província, e em toda cidade, aonde chegava a ordem do rei ao seu
decreto, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e festas; e muitos,
dentre os povos da terra, se fizeram judeus, pois o medo dos judeus tinha caído
sobre eles”. Veja a
diferença entre esses conceitos - povos e nações, nações e países, etc. (clique para ler): Salmo 44:2 - Salmo 47:3 - Salmo 67:4 - Salmo 78:55 - Salmo 105:44 - Salmo 108:3 - Salmo 117:1. E Ezequiel
5:5 também fala da diferença entre “nações” e “países”: “Assim
diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os
países ao seu redor”.
Josué 23:12-13 mostra que, apesar de Israel já
estar estabelecido como um País na terra de Canaã, ainda havia “nações” convivendo
no mesmo espaço geográfico: “Porque se de
algum modo vos desviardes, e vos apegardes ao resto destas nações que ainda ficam entre vós, e com elas
contrairdes matrimônio, e entrardes a elas, e elas a vós, sabei com certeza que
o Senhor vosso Deus não continuará a expulsar estas nações de diante de vós;
porém elas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos
aos vossos olhos, até que pereçais desta boa terra que o Senhor vosso Deus vos
deu”. Veja também Ezequiel 20:32; 25:7; e 36:20 e 24.
O livro de Daniel também traz várias passagens que
diferenciam esses conceitos, como em 3:4,7 - 4:1 - 5:19 - 6:25 – e
especialmente 7:14, falando sobre o futuro Reino do Messias: “E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que
todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído”.
Também Apocalipse
(11:9) fala dessa diferença. Homens de vários povos, e tribos e
línguas, e nações verão os corpos dos dois profetas por três dias e meio, e não
permitirão que sejam sepultados.
E é justamente em Apocalipse que está uma das
principais indicações de que Deus trata individualmente com pessoas (cap. 7:9): “Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que
ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam
em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes
brancas, e com palmas nas mãos”... Notamos que a multidão é
feita de pessoas que vieram “de todas as
nações, tribos, povos e línguas”; quem está diante do trono não
são as nações, nem as tribos, mas as pessoas, remidas, lavadas, resgatadas, individualmente, uma a uma.
O que eu quero dizer
com isso? Que
é errado dizer que devemos pregar às nações, ou mandar missionários para as
nações. Devemos mandar missionários e pregar para as pessoas, por duas
razões.
1 – na atual
dispensação, Deus está tratando com as pessoas, e não com as nações. Deus
voltará a tratar com as nações (da mesma forma que tratava com elas antes da
era da Graça) somente após findar a Era da Graça (ou da Igreja). Naquele tempo,
Israel era o testemunho de Deus perante as outras nações, e hoje é a Igreja.
Quando a Igreja for tirada da Terra, voltam a vigorar as condições de antes da
existência da Igreja;
2 – as
nações da Terra são rebeldes, e por não se sujeitarem ao Senhorio e Governo de Deus,
serão destruídas em um juízo terrível que a Bíblia é chamado de “Tribulação” ou
Grande Tribulação. É desse tempo que trata o livro de Apocalipse, como veremos.
As
nações, enquanto entidades políticas, estão condenadas, pois são inimigas
de Deus!
O governo
das nações é contrário ao governo de Deus, cf. Salmo 2. As nações
não se submetem ao Senhorio de Cristo, por isso serão condenadas (também Salmo 9 - Salmo 33:10 - Salmo 59:8 - Isaías 17:13 - Isaías 34:2 - Isaías 40:15 e 17 - Números 24:8, 20 - Jeremias 46:28 e 51:20 - Ezequiel 30:3.
Joel 3:2
fala do juízo futuro, que há de acontecer ao final da tribulação, no episódio
conhecido como Batalha do Armagedom: “Congregarei todas
as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei
em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas
espalharam por entre as nações”...
Zacarias
12:3, 9 faz menção a esse evento específico e relata o procedimento das
nações da terra: “Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra
pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos.
E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra... E naquele dia, tratarei
de destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém”.
Veja também
Zacarias 14:3 -
Sofonias 3:8 - Ageu 2:7, 22. Todas
essas são passagens que tratam do juízo de Deus sobre as nações. Lembre-se: as condições dispensacionais vigentes no período do Velho Testamento
retornarão após o arrebatamento da Igreja, e então será Deus versus as nações da Terra – inclusive
Israel.
As nações
agem sob o engano de Satanás (Apocalipse 20:3, 8): “Lançou-o
no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as
nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele
seja solto por um pouco de tempo... e sairá a enganar as nações que estão nos
quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a
fim de ajuntá-las para a batalha” (Também Apocalipse 18:23).
Conforme
lemos em Isaías 17:13, as “muitas águas”, ou “o mar”, são um símbolo para as
nações: “Rugem as nações, como rugem as muitas águas;
mas Deus as repreenderá, e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a
pragana dos montes diante do vento e como a poeira num redemoinho diante do
tufão”.
É dessas
águas que surgirá o Anticristo; quer dizer, o inimigo de Deus virá das nações.
Apocalipse 13:1, 12: “Então vi subir do
mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e sobre os seus chifres dez
diademas, e sobre as suas cabeças nomes de blasfêmia... Os dez chifres que
viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas receberão
autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta”.
Apocalipse
17:1, 15: “Veio um dos sete anjos que tinham as sete
taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande
prostituta que está assentada sobre muitas águas... Disse-me ainda: As águas
que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas”.
Daniel
7:2, 3; 16, 17; 23, 24: “Falou Daniel, e
disse: Eu estava olhando, numa visão noturna, e eis que os quatro ventos do céu
agitavam o Mar Grande. E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros,
subiam do mar... Cheguei-me a um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a
verdadeira significação de tudo isso. Ele me respondeu e me fez saber a
interpretação das coisas. Estes grandes animais, que são quatro, são quatro
reis, que se levantarão... Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto
reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a
terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. Quanto
aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se
levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”.
Somente
no Reino Milenar de Cristo as nações serão restauradas!
(continua)
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