sábado, 23 de junho de 2012

Sangue na tela!

O canal “Animal Planet” exibiu um dos filmes da série “Undeworld”, traduzido em português como “Anjos da Noite”, com Kate Beckinsale no papel da bela e centenária vampira Selene. Achei aquilo duplamente estranho, pois nesse canal só passam programas relativos a bichos, como “O Encantador de Cães” e “A Guerra dos Suricatos”. Desde quando vampiro é bicho? Será por causa do enredo mirabolante do tal filme, que mostra uma guerra entre vampiros e lobisomens? Aí sim... se considerarmos o lobisomem uma espécie do reino animal... a outra coisa estranha é que dias antes a TV exibira “Hellboy 2”, outro filme pródigo em seres “das prefundas”. E então comecei a lembrar do que havia escutado há muitos anos.

Estudos sobre a “Nova Era” diziam que seria plano de Satanás, dentre outros, inundar esta terra com tanta demonologia quanto fosse possível, incluindo não só adoração a Lúcifer, satanismo e culto a demônios, como também atrair as gerações mais novas para essas coisas, usando formas mais suaves de sedução. Muitos pensavam na época que isto era certo exagero, há 20 ou mais anos, mas quando começaram a se espalhar os videogames violentos e de cunho abertamente satânico, como esses aqui, ficou claro que se tratava de uma infestação. Para piorar, agora até no chamado “meio cristão” já existem similares. Veja aqui. Acompanhando essa vertente, junto com a música pesada, os filmes de terror e violência se multiplicaram. Será que basta proibir nossos filhos de assistirem esses filmes na TV ou no cinema, e de comprarem ou baixarem esses jogos? Ainda temos como combater esse tsunami?
Veja os vários títulos que surgiram nos últimos 10 ou 15 anos. “Blade, o Caçador de Vampiros” virou uma franquia com, se não me engano, 4 filmes até agora. Wesley Snipes encarna um vampiro “do bem” (!), que extermina os “do mal”. “Hellboy” já tem dois, com Ron Perlman vivendo um demônio “do bem” (!!), capturado por cientistas e educado para ficar ao lado dos humanos contra seres malignos que querem, como sempre, dominar o mundo. “Caça Às Bruxas”, com o mesmo Ron Perlman (feio pra caramba, só se dá bem nesses filmes mesmo) e Nicholas Cage, conta a história de dois ex-cruzados que têm que levar uma jovem acusada de bruxaria para ser julgada pela Inquisição medieval. No enredo, vários feitiços e mortes, incluindo vale-tudo contra o capeta em pessoa, com direito a sopapos e cabeçadas no meio dos cornos do demo.
Por falar em Nicholas Cage, acaba de sair “Motoqueiro Fantasma 2 – Espírito de Vingança”. Continuação do primeiro “Motoqueiro Fantasma”, um cara amaldiçoado pelo diabo e destinado a vagar pela terra fazendo não sei o que mais, não me lembro. Enfim, mais espíritos desencarnados (do mal, obviamente) sendo combatidos por uma alma condenada ao inferno. Tudo muito edificante, como se vê.
Há uns anos teve também “Van Helsing”, com o papel-título cabendo a Hugh “Wolverine” Jackman, que caça não só vampiros, mas também lobisomens, Jekyll/Hyde e até o Frankesntein, numa barafunda total. Esse tem também Kate Beckinsale, também condenada a não-me-lembro-mais-o-que, que só “se liberta” quando morre no fim (é, estraguei o final mesmo, ela morre). Aliás, ela estrela o quarto “Underworld” por agora.
Uma passagem de “30 dias de Noite” é especialmente demoníaca: a certa altura, uma vítima prestes a ser morta pelo chefe dos vampiros clama “Meu Deus”. Ao que ele, olhar injetado e boca suja de sangue coagulado, olha para o alto com desdém e diz com uma voz gutural e quase incompreensível: “Deus? Não há Deus”.   Exatamente a mesma frase que os ateus adoram repetir ad nauseam.
Numa linha pretensamente mais “light”, não é preciso falar de Harry Potter, a saga que literalmente enfeitiçou milhões de crianças e adolescentes ao redor do planeta, proporcionado-lhes uma grande familiaridade com o mundo das trevas, bruxedos e encantamentos. Dizem que a autora se converteu recentemente ao Cristianismo e teria abandonado esses temas sombrios, e até estaria escrevendo outros livros para tentar desfazer o mal que deixou como legado a toda uma geração. Não sei se é verdade, mas se for, o que ela deveria fazer era abrir mão de todo o dinheiro que ganhou – e deve continuar ganhando – com os lucros dos abracadabras e hocus-pocus dos bruxinhos que criou. Vejamos.
Já vimos vampiros sedutores em “A Hora do Espanto” (refilmado recentemente), rebeldes em “Garotos Perdidos”, gays em “Fome de Viver” e “Entrevista com o Vampiro”, e bruxinhas bonitinhas em “Jovens Bruxas - The Craft” (em que quatro amigas de colégio que “se descobrem bruxas” e passam a se dedicar à magia negra que foge ao controle, gerando conseqüências trágicas). Lá nos anos 1980, “As Bruxas de Eastwick” mostrava três solteironas seduzidas pelo diabo Jack Nicholson, que lá pelas tantas consegue destruir uma mulher, crente, que havia descoberto quem era quem nessa trama. Mais explícito que isto, vai ser difícil.
Outra produção que dispensa comentários, por já ter sido extensamente debatida em milhares de sites e blogs evangélicos, é a série “Crepúsculo”, que mostra vampiros branquelos e lobisomens sarados apaixonados por uma adolescente assanhada. Apesar de um dos protagonistas ser um ator assumidamente homossexual, milhões de moçoilas suspiram só de ver o seu olhar mortiço, e babam para suas fotos em wallpapers e capas de cadernos.
Qualquer criatura com mais de dois neurônios é capaz de detectar que esses filmes criam uma espécie de “boa vontade” com os vampiros. Afinal, eles também são gente, não querem apenas nos matar e beber nosso sangue, não são aqueles demônios que nossos pais e a Igreja nos ensinaram, e eles também têm direito ao amor e à felicidade.
“O Senhor dos Anéis” também abunda em feitiçaria e interação com monstros infernais, bichos dos subterrâneos e fadas “do bem”. Vejam só, uma raça estranha na saga é chamada de os “orc”, claramente uma referência ao “Orco”, nome antigo e em desuso que designa, pura e simplesmente, o inferno. Como “o tártaro”, que andou em moda uns tempos atrás por conta de determinada novela global. A trilogia dos hobbits deixou outra geração enfeitiçada, inclusive com mais marmanjos e nerds do que crianças e adolescentes, embora todos admirem tais universos fantasiosos e, por isso mesmo, aceitáveis. Com todas as suas mensagens subjacentes.
Ah, mas você dirá, “Guerra Nas Estrelas” também tinha um quê de misticismo, com a tal da Força e seu lado negro, Darth Vader enforcando inimigos só com um gesto e aquela mistura de filosofia oriental dos Jedis. Sim, eu direi, e aquilo tudo podia muito bem ser apenas o inicio de tudo, quem sabe. Assim como os filmes de vampiros dos anos 1950, que deram fama a astros como Christopher Lee, o eterno Drácula, e Peter Cushing, o Dr. Van Helsing (curiosamente, os dois atuaram também na série “Guerra Nas Estrelas”). Veja que há um filme antigo com esses dois que se chama, apropriadamente, “Drácula, o Príncipe das Trevas”. Melhor, ou pior, impossível. E um outro sobre o conde romeno, que chocou meio mundo com cenas de sexo e violência, foi o “Drácula” de Bram Stoker, filmado por Coppola, cujo protagonista era Gary Oldman. Winona Rider era sua mulher reencarnada, Anthony “Hannibal” Hopkins o caçador de vampiros Van Helsing; Keanu Reeves era o marido traído e Monica Bellucci uma escrava do chupa-sangue. Curiosamente, Reeves e Bellucci atuaram de novo juntos em “Matrix”.
A onda vampiresca/diabólica, diriam alguns, começou lá no século XIX com o Frankenstein de Mary Shelley, (que também já ganhou inúmeras versões), o citado “Drácula” de Bram Stoker e seu clone “Nosferatu”. Da mesma época vêm “Jekyll & Hide” (“O Médico e o Monstro”) e “O Retrato de Dorian Gray” – mas esses dois são mais de suspense psicológico do que terror propriamente.
O que não se pode questionar é que a moda se intensificou na segunda metade do século XX, aportou na TV e ali já fez morada, com “Vampire Diaries”, “True Blood”, “Supernatural” e outras, precedidas pelas bruxinhas bonitinhas de “Charmed” e a matadora “Buffy”; até novela de vampiro já teve, com música de Rita Lee e tudo. Vou pular as comédias como “A Dança dos Vampiros” e “Um Drink No Inferno”. E também os incontáveis filmes de zumbi, que podem ser metralhados, decapitados e desmembrados sem dó, pois afinal, já estão mortos mesmo. Aliás, ainda não entendi porque os zumbis querem comer os vivos. Eles estão mortos, então não era pra sentirem fome, e mesmo se não comerem, o que pode acontecer com eles? Morrer de fome? Como, se já estão mortos? Quanta idiotice... Pura desculpa para violência gratuita, assim como as sub-produções do tipo “Jogos Mortais”. Aí já é o lixo do lixo.
A conclusão disso tudo pode até parecer uma teoria da conspiração – e talvez seja... Sou obrigado a tirar o chapéu para aqueles que, anos atrás, pregavam sobre a chegada iminente da “Nova Era”, e nos alertaram para a intensificação da batalha pela posse da mente – e da alma – de nossos jovens e adolescentes. Muitos deles já são adultos hoje, e talvez nunca se saiba quantos terão sido seduzidos por esses temas de ocultismo. Quantos freqüentavam templos cristãos, e foram engabelados pelo “doce veneno”? Quantos terão sucumbido a vampiros sensuais e belas bruxinhas (“góticas”) usando corpete preto, maquiagem pesada e um monte de piercings? Quantos envolvidos em crimes bizarros, cometidos em cemitérios e outros locais ermos, terão se iniciado nessa senda tenebrosa por meio de filmes violentos e videogames satânicos? Quantos hoje já afirmam descaradamente, como o vampiro-chefe de “30 Dias de Noite”: “não há Deus”?
Rebecca Brown, em um de seus livros (não me lembro agora qual), dizia que existem mesmo, andando por aí, vampiros e lobisomens. Seriam pessoas num estado de possessão demoníaca tão profunda que se comportariam como animais, até mesmo matando pessoas e bebendo seu sangue. Eu não desacredito totalmente dessa hipótese, embora pareça improvável. Mas não impossível. E você, o que acha?

Eu gosto de terminar sempre que possível apontando uma saída ou uma possível solução. Mas dessa vez está complicado, porque o mundo realmente jaz no maligno. E não apenas jaz, como afunda cada vez mais rápido; é uma imersão total. Pode-se ver claramente que o maligno domina a mídia e a indústria cultural, desde a moda e o cinema, passando pela música e teatro, até a TV e os joguinhos. Duvida? Leia mais aqui.
Acho que o que nos resta, como discípulos, é anunciar cada vez mais ousadamente o Evangelho da Graça, para tentar “arrebatar alguns do fogo” (Judas 23). Ou então podemos considerar uma geração dada como perdida – nossos “garotos perdidos”? – e nós daremos conta disso no Tribunal.


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