...A última ceia com os apóstolos teria
sido diferente. Ele não teria partido o pão, mas distribuiria pequenos
biscoitos redondos de massa finíssima e teria dito para os apóstolos não
morderem, mas deixarem derreter na boca. E depois pegaria o cálice de vinho e
beberia sozinho, sem dar nada para ninguém, estragando todo o simbolismo da
cerimônia. (Lucas 22:17-20; I Coríntios 11:23-25)
Se Jesus fosse católico, não teria dito ao ladrão na cruz ao lado que
estaria com ele no Paraíso naquele mesmo dia. Pelo contrário, teria afirmado
que, por não ter sido batizado e portanto ser um pagão, o ladrão teria que
cumprir uma longa jornada no purgatório, para só então pode ser purificado –
pelo fogo, não pelo sangue que estava sendo derramado naquela mesma hora – e
então, talvez, ser admitido no céu. (Lucas 23:43; I João 1:7)
Se Jesus fosse católico, teria dito também que,
para garantir a entrada no céu, a família do ladrão deveria mandar rezar uma
missa de corpo presente, antes do seu sepultamento. Depois de uma semana,
mandariam rezar uma missa de sétimo-dia. O mesmo procedimento deveria ser feito
após um mês e após um ano da morte do coitado. E todos os anos, no dia de
finados, eles deveriam ir rezar pela alma do condenado. Assim talvez ele entrasse
no céu.
Se Jesus fosse católico, nunca teria afirmado que tudo que pedíssemos em
Seu Nome receberíamos, mas sim que deveriam esperar que todos os apóstolos
morressem, e só então, os devotos poderiam começar a rezar para os falecidos apóstolos para que eles, mesmo mortos, recolhessem as preces e as levassem a Jesus. Talvez,
alguns pedidos mais simples fossem atendidos pelos próprios apóstolos defuntos, outros seriam distribuídos aos santos - igualmente finados - como numa repartição pública; e os
casos mais complicados seriam atendidos só mesmo depois de levados à sua santa mãe. Jesus mesmo só em último caso, pois Ele estaria sempre muito ocupado. (João 14: 13, 14;
16:23)
Se Jesus fosse católico, de forma alguma teria entrado em Jerusalém montado
num jumento, mas sim numa carruagem moderna, toda pintada de branco, com uma cabine de
vidro à prova de flechas, doada pelo melhor fabricante de carruagens de todo o
império romano. (Mateus 21:1-15)
Se Jesus fosse católico, não teria repreendido Pedro dizendo “para trás de mim, Satanás, que me serves de
escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que
são dos homens”; ele teria seguido à risca o palpite do apóstolo
e não teria ido a Jerusalém morrer por todos nós. Ele teria dito a Pedro: “sim, santo padre, perdoai minha fraqueza”.
(Mateus 16:23)
Se Jesus fosse católico, Ele diria claramente que
a pedra de esquina sobre a qual se ergueria a Igreja era Pedro. (Mateus
16:16-18). Aliás, se Jesus fosse católico, Ele teria se ajoelhado diante de
Pedro e beijado os seus pés.
Se Jesus fosse católico, não existiria Cristianismo, porque Ele teria
obedecido todos os ditames do antigo Judaísmo, para não causar nenhum cisma na
religião de seus pais. Afinal, o Judaísmo era mais antigo, mais tradicional e
mais conhecido. Ele nascera no Judaísmo tradicional e portanto, morreria no
Judaísmo tradicional, ensinando o Judaísmo tradicional. Ele não poderia se
sujeitar a ser chamado de cismático. (Mateus 5:22, 28, 32, 34, 39, 44 etc.)
Se Jesus fosse católico, não diria que o maior
deve servir ao menor. Mas ao contrário, Ele estabeleceria uma escala entre os
apóstolos, sendo Pedro o chefe e os demais seus subordinados, numa espécie de
colégio apostólico de rígida hierarquia. (Marcos 10:42-45)
Se Jesus fosse católico, nunca teria confrontado os escribas e fariseus,
porque eles seriam os guardiões da Palavra escrita, e graças a eles as
Escrituras eram preservadas através dos séculos. Quem era aquele simples
carpinteiro para questionar o Sagrado Magistério, a quem cabia ler e
interpretar a Lei e os Profetas? (Mateus 5:22, 28, 32, 34, 39, 44 etc.)
Se Jesus fosse católico, jamais diria que os fariseus pecavam por darem
mais valor às tradições humanas do que às Escrituras. Pelo contrário, ele os
exaltaria como exemplo de manutenção de usos e costumes sem nenhuma relação com
a Palavra de Deus. (Mateus 15:1-9; Marcos 7:1-13)
Se Jesus fosse católico, nunca teria dito a Maria “que tenho eu contigo?”, mas pediria a ela
orientação de como agir naquela situação. E Maria nunca teria dito às pessoas “fazei tudo o que Ele vos disser”, mas
teria ela mesma dado instruções para que o milagre fosse concretizado. (João
2:4, 5)
Se Jesus fosse católico, Ele não teria irmãos e
irmãs, mas sim primos e primas. (Marcos 6:3)
Se Jesus fosse católico, não afirmaria que “o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas
o que sai” (Mateus 15:11; Marcos 7:15, 18-20). Ele teria dito
que deveríamos observar dias em que não deveríamos comer carne, apenas peixe.
(Lucas 5:33-34)
Se Jesus fosse católico, Ele teria dado o exemplo
e seria o primeiro a chamar Pedro de “nosso papa”, e jamais teria afirmado que
não deveríamos chamar ninguém de “pai”, a não ser Deus, que está nos céus.
(Mateus 23:9)
Se Jesus fosse católico, ele teria sim onde recostar sua cabeça. Ele
moraria num palácio bem ao lado do seu grande templo, com apartamentos
privativos e uma sacada de onde falaria às multidões nos dias santos. Além
disso, teria um castelo de verão para passar as férias, num local mais afastado
e tranquilo. (Mateus 8:20)
Se Jesus fosse católico, Zaqueu não teria distribuído aos pobres o que
roubara, mas teria doado tudo à santa e una igreja de Jesus como prova de
submissão e penitência, e depois de raspar a cabeça, se tornaria um monge
descalço que sobreviveria de esmolas. (Lucas 19:1-10)
Se Jesus fosse católico, nunca diria aos
discípulos que eles seriam perseguidos, açoitados e levados a interrogatório
diante dos reis e governantes deste mundo, mas profetizaria que eles seriam
honrados pelos homens, levantados como líderes mundiais, como atalaias de
nações e conselheiros de reis, para governar em nome de Deus. Diria que eles
seriam os representantes de Deus na Terra, e como tais, teriam o direito divino
de coroar e destronar reis e presidentes. (Marcos 13:9)
Se Jesus fosse católico, não pregaria nas sinagogas, nas praias e debaixo
de árvores, mas sim no púlpito de bronze da recém-inaugurada sede mundial da
“Igreja Una, Apostólica e Ecumênica”, ricamente decorada em mármore e pedras
preciosas, construída com as ofertas dos fiéis e bens saqueados dos infiéis,
incluindo ouro e prata das colônias e obras de arte de todos os cantos da Terra,
sem falar nas doações dos governantes que quisessem ficar de boa com Ele.
Se Jesus fosse católico, nunca diria que não
devemos nos assemelhar aos gentios (Mateus 6:8), nem que devemos ser sal da
terra e luz do mundo (Mateus 5:13-16). Pelo contrário, ele diria que
poderíamos continuar festejando aos deuses das nações idólatras, apenas mudando
o nome deles para o nome dos mártires cristãos. Com isso teríamos um ano
inteiro de dias santos e um calendário litúrgico com instruções especiais para
cada festa.
Se Jesus fosse católico, ele defenderia a isenção de impostos para os
líderes religiosos e seus templos (afinal, “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”). Com isso teria direito
a um terreno no melhor lugar de cada cidade destinado à construção de um
templo, nem que fosse ocupando o lugar de culto das outras religiões.
Se Jesus fosse católico, teria abençoado as galés
romanas em suas missões de invasão em outros territórios, com a garantia de que
os povos e países dominados fossem submetidos à fé cristã, e Roma deveria ter
ciência de que era apenas beneficiária da terra que seria, de fato, posse de
Cristo.
Agora, cá pra nós, se Jesus fosse católico, com toda certeza Ele reivindicaria a participação
dos cristãos no Senado imperial. Ele diria no palanque, sob aplausos, que “a voz do
povo é a voz de Deus”,
e que um país só pode prosperar se for governado por pessoas justas e tementes
a Deus.
Certamente, se
Jesus fosse católico, não sofreria tanto.
Se Jesus fosse católico, ele não morreria por mim e por você. Em vez disso,
Ele nos mandaria fazer milhares de penitências para pagarmos o nosso débito com
Deus.