... Mas não estão!
Todo mundo conhece a Bíblia, ou pelo menos deveria. Afinal, ela é o livro mais famoso da História, assim como o vendido e o mais roubado no mundo, e existem traduções dela em mais de 2,4 mil línguas. No entanto, são poucos os que realmente conhecem a Bíblia e o seu conteúdo profundamente. Tanto que não faltam mal-entendidos com respeito aos textos e às suas interpretações, e, como você verá a seguir, inúmeras coisas que muita gente pensa estar nas Sagradas Escrituras não estão!
1 - O purgatório. Basicamente, a ideia é de que os
bons vão para o céu, os maus para o inferno e os “mais ou menos” vão passar uma
temporada no Purgatório para purificar suas almas antes de
serem despachados para o “andar de cima”. No entanto,
embora esse lugarzinho sombrio seja pra lá de popular entre os seguidores do
catolicismo, na Bíblia não existe nenhuma descrição literal sobre ele.
Na realidade, a existência do purgatório
foi introduzida no século XVI pelo Concílio de Florença como forma de explicar
aos fiéis o que acontece com aqueles que morrem e não se qualificam
imediatamente para ir para o paraíso - ou para o inferno - porque, apesar de
terem sido boas pessoas, eles precisam ser submetidos a um período de punição
para se livrar de todos os pecados que cometeram em vida. Uma baita heresia,
porque a Bíblia explica que a salvação não é pelas obras, mas pela graça de
Deus. Ver Efésios 2:8-9 (“Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom
de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”); Atos 15:11 (“Mas cremos que
seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também”); e Romanos 3:24 (“sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus”). Mais claro do que isso,
impossível.
A lenda do purgatório surgiu porque a Bíblia não trata da questão de para onde foram as almas
das pessoas tementes a Deus que perderam suas vidas antes da vinda de Cristo, nem do que
acontece com os bebês que faleceram sem batismo (veja este link sobre batismo infantil). Nesse caso, inventaram
ainda outro purgatoriozinho “light”, chamado “limbo”, que seria o lugar que
abriga essas almas “perdidas” antes do advento de Cristo e as crianças
falecidas. Esse negócio foi absorvido pelo catolicismo, e também surgiu
após a Bíblia ser escrita. Resumindo: se você precisa se purificar (“purgar”)
pelo fogo, ou pelo sofrimento, ou por qualquer outro meio que não seja o Sangue
de Jesus, então o sacrifício Dele na cruz foi incompleto, insuficiente, incapaz
de salvar. Cristo então teria falhado em Sua missão!
2
- A prostituta Maria Madalena. Quem nunca ouviu a história
de Maria Madalena, “a prostituta que encontrou Jesus” e, após se arrepender
de seus pecados, pediu perdão e se tornou uma de Suas mais fiéis seguidoras?
Ela é um dos mais famosos personagens bíblicos e, segundo muitos acreditam
(especialmente os que leram “O Código Da Vinci” de Dan Brown), Maria Madalena
foi a única “apóstola” mulher e favorita de Cristo - dando origem a lendas do
tipo “eles se casaram e até tiveram filhos”.
Entretanto,
apesar de Maria Madalena aparecer na Bíblia como sendo uma discípula - disso
não restam duvidas, o nome dela está lá! - em nenhum lugar está escrito que ela
foi a única, muito menos que era prostituta. Aparentemente, essa história
surgiu depois que a pobre mulher começou a ser confundida com outras
personagens bíblicas que também se chamavam Maria. E, como você deve saber, não
faltam Marias nas Sagradas Escrituras.
Uma das teorias é que, por conta de tantos personagens com o mesmo nome - sem falar das muitas mulheres não identificadas que aparecem na Bíblia - Maria Madalena acabou se transformando em um emaranhado de todas elas. E, para complicar ainda mais a situação, o “papa” Gregório I declarou que Maria Madalena era a mesma mulher que todas as demais chamadas Maria que aparecem nas Sagradas Escrituras, exceto pela mãe de Jesus. Para você como esses “infalíveis” falam e fazem besteiras há séculos...
Uma das teorias é que, por conta de tantos personagens com o mesmo nome - sem falar das muitas mulheres não identificadas que aparecem na Bíblia - Maria Madalena acabou se transformando em um emaranhado de todas elas. E, para complicar ainda mais a situação, o “papa” Gregório I declarou que Maria Madalena era a mesma mulher que todas as demais chamadas Maria que aparecem nas Sagradas Escrituras, exceto pela mãe de Jesus. Para você como esses “infalíveis” falam e fazem besteiras há séculos...
Revendo
as evidências da Bíblia, fica claro que Maria Madalena é identificada
como pecadora - mas os textos não especificam se, com “pecadora”, ela era
prostituta. Essa dedução é por conta de cada um. E por que a Igreja teria
deixado que ela ficasse conhecida dessa forma? Alguns estudiosos acreditam que
isso ocorreu porque a instituição queria usar as poucas e confusas “sugestões”
sobre Maria Madalena para manter as mulheres fora do clero.
As passagens que dão alguns poucos
detalhes sobre Maria Madalena dizem que “algumas mulheres que haviam sido curadas de
espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram
sete demônios” (Lucas 8:2, confirmado por Marcos 16:9). Depois é narrado que
Jesus apareceu a ela depois de ressurreto, mais nada.
3
- Sete pecados capitais. Gula, avareza, luxúria, ira, inveja,
preguiça e soberba (ou vaidade). Todo mundo já ouviu falar a respeito dos sete pecados
capitais, ou seja, as piores transgressões que podemos cometer. No entanto,
apesar de eles serem super-famosos - e tão conhecidos como os Dez
Mandamentos - em sua forma atual, eles não se encontram na Bíblia. Pode
procurar, se você quiser!
Se
você parar para pensar, os sete pecados consistem em condições humanas
bem comuns - e difíceis de evitar - e essa classificação de “vícios” (por assim
dizer), surgiu antes do cristianismo. A listinha foi tomada emprestada pela
Igreja Católica durante a Idade Média e levemente reformulada para que ela
pudesse ser utilizada com o objetivo de proteger, educar e controlar os fiéis.
Assim, primeiro no século IV, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto apresentou uma lista contendo oito pecados (gula, avareza, luxúria, ira, melancolia, preguiça, orgulho e vanglória) e, mais tarde, no século VI, o “papa” Gregório I definiu uma nova classificação, que consistia em sete crimes — orgulho, inveja, ira, indolência, avareza, gula e luxúria.
Depois, no século XIII, Tomás de Aquino propôs que a transgressão da melancolia fosse substituída pela preguiça, e foi então que a lista tomou a forma como conhecemos hoje em dia. Mas os sete pecados só foram se tornar famosos pra valer depois da publicação da “Divina Comédia” de Dante, que divide o inferno em sete círculos que correspondem aos crimes capitais.
Vale mencionar ainda que o “papa” Bento XVI sugeriu a inclusão de sete pecados modernos, que seriam: a pressa, a manipulação genética, ser muito rico, usar drogas, causar injustiça social, interferir no meio ambiente e causar a pobreza.
Assim, primeiro no século IV, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto apresentou uma lista contendo oito pecados (gula, avareza, luxúria, ira, melancolia, preguiça, orgulho e vanglória) e, mais tarde, no século VI, o “papa” Gregório I definiu uma nova classificação, que consistia em sete crimes — orgulho, inveja, ira, indolência, avareza, gula e luxúria.
Depois, no século XIII, Tomás de Aquino propôs que a transgressão da melancolia fosse substituída pela preguiça, e foi então que a lista tomou a forma como conhecemos hoje em dia. Mas os sete pecados só foram se tornar famosos pra valer depois da publicação da “Divina Comédia” de Dante, que divide o inferno em sete círculos que correspondem aos crimes capitais.
Vale mencionar ainda que o “papa” Bento XVI sugeriu a inclusão de sete pecados modernos, que seriam: a pressa, a manipulação genética, ser muito rico, usar drogas, causar injustiça social, interferir no meio ambiente e causar a pobreza.
O que eu posso dizer a você é: melhor largar mão dessas
superstições que, embora surgidas de boas intenções, mais atrapalham do que
ajudam. Fique só com a Bíblia e jogue fora lendas, mitos e tradições humanas.
Fontes