sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Iemanjá: rainha do mar?

A novela “Porto dos Milagres”, exibida pela Rede Globo em 2001, se passava um cenário paradisíaco, em Comandatuba (Bahia), mas era baseada em um conteúdo no mínimo discutível, como tudo que a Globo produz. A trama original é de Jorge Amado, que na maioria de seus escritos faz apologia a cultos de origem africana e a Iemanjá, com capítulos inteiros dedicados à “rainha do mar”.
Causa espanto a quantidade de obras desse autor baiano adaptadas pela Globo: “Tenda dos Milagres” (de 1985; não confundir com “Porto dos Milagres”, de 2001), “Gabriela” (em 1975 e requentada em 2012), “Terras do Sem Fim”, “Tieta”, “Tereza Batista”, “Dona Flor”, “Pastores da Noite”, “Mar Morto” e “A Descoberta da América pelos Turcos” –as duas últimas misturadas em “Porto dos Milagres”, onde o personagem “Guma” é salvo de um naufrágio e acredita que sobreviveu graças à proteção de Iemanjá; por isso se torna “devoto” dela. E nem falamos de Dias Gomes, outro notório adepto de um terreiro e adjacências.
O que tem de especial essa entidade que parece seduzir tantas pessoas, ainda mais as que se acham esclarecidas e cheias de lógica? O que hipnotiza de maneira tão profunda esses “formadores de opinião”, que hoje parecem muito sensatos e amanhã expressam devoção cega à entidade de um culto animista, como Tupã, Araci ou Kurupi dos antigos indígenas?
Iemanjá é um “orixá” africano, em forma de uma linda mulher, por vezes com os seios descobertos simbolizando a maternidade espiritual, e é uma das mais lendárias entidades das religiões “afro-brasileiras”. Seu nome deriva da expressão Yeye omo eja (na língua yorubá, “mãe cujos filhos são peixes”, pois yeye=mãe; e eja=peixe”). É aparentada com a sereia européia e a Yara dos índios tupis. Curiosamente, seu outro nome – Janaína – não é indígena como pode parecer, mas ibérico. Em certas regiões de Portugal e Espanha jana designa uma espécie de sereia ou ninfa dos rios.
Por aqui, no dia 2 de fevereiro milhares se vestem de branco e vão a locais com água – praias, rios, lagos e até praças com fontes – para depositar oferendas “... amontoados num imenso cesto: sabão, perfumes, flores naturais ou artificiais, velas, lenços de renda, cortes de tecidos, colares, braceletes, dinheiro... [e] cartas com súplicas dos fiéis, que pedem uma graça. Tudo é lançado ao mar... para que tais oferendas sejam aceitadas [sic] por Iemanjá, devem ser mergulhadas nas águas. Se boiarem é sinal de recusa e descontentamento. Será preciso então fazer novos sacrifícios e novas oferendas para que o ofertante alcance a proteção da entidade” [1]. Os adeptos se aproveitam de praticamente toda e qualquer festividade que tenha água por perto: misturam-se com os católicos no dia de “nossa senhora” dos Navegantes, e com todo mundo no “réveillon”, emporcalhando tudo com suas quinquilharias. O engraçado é que a dita “grande imprensa” não reclama dessa sujeira, e só grita quando acontece algum evento evangélico... mas... prossigamos. Trata-se de uma “deusa vaidosa” (comum entre os “orixás”) que “gosta” de produtos de beleza, bijuterias e perfumes – ou seja, é uma entidade carnal, sensual, que incentiva a vaidade e o culto do corpo.
Abguar Bastos[2] explica que esses cultos usam nomes diferentes, mas pouco se distinguem nos ritos ou nas entidades cultuadas. Por isso, “macumba” no Rio é “candomblé” na Bahia; “xangô” no Nordeste é “canjerê” em Minas, Pará, Rio Grande do Sul, etc. E os mitos também variam: conta-se que Iemanjá (as águas) se casou com Aganju (terra firme). Dessa união nasceu Orugan (o ar e as alturas). Mas, certo dia, na ausência do pai, Orugan violentou a própria mãe. Após o ato, que até parece coisa do rei Édipo, Iemanjá morreu e de seu ventre nasceram os demais “orixás”. É por isso que ela é “a mãe de todos os orixás”.
Outra lenda diz que Iemanjá se sentia sozinha e abandonada pelos filhos. Então, ela decidiu correr mundo e, chegando em Okerê, o rei se apaixonou por ela. Mas Iemanjá fugiu, sendo encurralada, durante a fuga, por Okê (as montanhas). Iemanjá caiu e de seus enormes seios nasceram os rios, tornando-se, assim, rainha das águas. Cá pra nós: isto parece o “Hobbit” ou algo que o valha... mas celebridades e intelectualóides levam a sério!
Esses cultos vieram dos africanos que, por natureza, são extremamente religiosos. Sem dúvida, muitos deles só conseguiram resistir ao massacre colonizador devido a suas crenças. Dos escravos, veio uma vasta riqueza cultural expressa nas cores, na música, na culinária, nas artes, na linguagem e nos usos e costumes. E vieram também seus rituais religiosos; invocação de “espíritos da natureza” e dos mortos, e uma mitologia peculiar, que inclui Iemanjá.
Cuja popularização pode ser creditada em grande parte à Rede Globo. Já não se trata mais de estatuetas da “rainha do mar” em lojas de artigos de umbanda, mas de um fenômeno pretensamente cultural, que graças à TV se espalha por cenários diversos, como shows de axé, o carnaval ou as tais novelas. Eu não vou nem citar aqui as músicas de inúmeros artistas que são verdadeiras invocações a entidades da macumba: Toquinho e Vinícius, Caetano, Gil, Martinho da Vila, Ivete... você se quiser procure depois. Talvez seja essa vertente – a “cultural” – a seduzir autores globais, que disfarçam de “arte” e “dramaturgia” sua religião primitiva. Note que há pouco tempo a Globo lançou mais uma série, agora escrita por Nelson Motta, outro queridinho da mídia. Trata-se de “O Canto da Sereia”, onde a personagem Sereia (Ísis Valverde), uma cantora de axé bissexual, acaba assassinada. Como não poderia deixar de ser, papel de destaque é dado a uma “mãe de santo” (Fabíula Nascimento, como “Marina de Oxum”)... É a mesma Globo que vem desde sempre ridicularizando e descendo a ripa nos evangélicos. A mesma à qual alguns pastores evangélicos vêm se associando
E a retardada da Glória Perez, uma mulher cheia de ódio e ressentimento, que tem a ousadia de se auto-denominar “escritora, ainda quer ridicularizar os evangélicos que boicotam esse lixo global. Veja o twitt dela aqui ao lado. Mas o que me deixa mais triste é ver que muitos artistas gospelagora vão a programas na Globo e em vez de  darem o recado de Deus, apenas cantam, dançam e dizem que sua música é de cunho social positivo... Resultado: pessoas continuam indo para o inferno, como o Huck na foto ali em cima. Doa a quem doer... dona Ana Paula, pregadorLuo e muitos outros levitasterão que prestar contas do tempo perdido (e das almas perdidas).
Como se não bastasse a idolatria local, ainda fizeram uma infeliz alegoria dessa entidade para simbolizar o Brasil no encerramento da Olimpíada de Londres, envergonhando e afrontando milhões de cristãos, de Norte a Sul do país.
Mas o que ninguém diz, longe das belas cenas de novelas, coreografias olímpicas e espetáculos para turistas, é que uma vez introduzidos no culto, os adeptos ficam presos, por obrigação, ao “orixá”. Uma vez comprometidos, não podem mais desobedecer à entidade; caso contrário, sofrerão represálias e punições, como doenças, perda de emprego, mortes na família, loucura, falência etc. Tornam-se escravos dos “orixás” e obrigados a praticar rituais nada agradáveis. O filósofo Baruch de Espinoza disse: “Não há instrumento mais poderoso para manter a dominação sobre os homens do que o medo, e para conservá-los no medo, nada melhor do que mantê-los na ignorância”. No candomblé não é diferente.
Respeitamos os devotos de Iemanjá enquanto seres humanos, mas não se pode deixar de dizer que estão equivocados. O Deus da Bíblia não age assim, como um terrorista. Ninguém é obrigado a seguir a Cristo, porque o Senhor não deseja que ninguém O sirva por medo, mas por amor. E ainda que falhemos, Ele está sempre pronto a nos perdoar, “porque grandioso é em perdoar” (Isaías 55:7). Deus nos atrai com amor, e não com ameaças: “Atraí-os ... com laços de amor, e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento” (Oséias 11:4).
Um papel atribuído a Iemanjá é mediadora de favores. Por isso pedem a ela paz, segurança e outras coisas. Ora, isto contraria frontalmente a Palavra de Deus, como o catolicismo idólatra ao atribuir tais prerrogativas a Maria. Paulo, escrevendo a Timóteo, declara: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5). O mesmo apóstolo diz que o único meio de obtermos paz é através de Jesus Cristo: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1).
Por todo lado se vêem imagens de Iemanjá. Mas imagens não são nada mais do que idolatria. O Senhor declara: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima dos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:4). O profeta Ezequiel diz: “E tomaste as tuas jóias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, e fizeste imagens de homens, e te prostituístes com elas” (Ezequiel 16:17). Deus disse a Isaías: “Eu sou o Senhor...  não darei o meu louvor às imagens de escultura” (Isaías 42:8). E a Moisés: “Não virareis para os ídolos nem vos fareis deuses de fundição” (Levítico 19:4).Em I Coríntios 10:20-21, o apóstolo Paulo escreve: “Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios”. E também: “Portanto meus amados, fugi da idolatria” (10:14). Tanto os adeptos de Iemanjá quanto de outras entidades estão na ignorância, em trevas espirituais; “mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30). Necessitam de um relacionamento direto e pessoal com Jesus Cristo, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
A humanidade sempre foi seduzida por divindades femininas. Por isso, não faltam advertências, por parte do profeta Jeremias, aos devotos de uma suposta “rainha”: “Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses, para me provarem à ira” (Jeremias 7:18 e 44:19). A diferença aqui é somente a posição da “rainha”: em vez de céu, é o mar. O salmista coloca o ídolo como algo inerte: “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai de sua garganta. A eles se tornam semelhantes os que o fazem, assim como todos os que neles confiam” (Salmo 115:4-8). Quem deseja seguir a Deus com sinceridade deve ouvir o conselho do apóstolo João, que diz: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (I João 5:21).
Outro aspecto é o sacrifício de animais. Quando questionados, umbandistas dizem que Moisés também sacrificava animais. Havia sim sacrifícios no Antigo Testamento, mas eram símbolos do sacrifício perfeito de Jesus Cristo no calvário, e por isso foram abolidos há 2000 anos! Hebreus 10:12 diz: “Mas este [Jesus] havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus”. Isto torna qualquer outro sacrifício inútil! E sobre isto, o próprio Moisés disse: “Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus” (Deuteronômio 32:17). De novo, o apóstolo Paulo: “Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (I Coríntios 10:20).
Assim, não há sintonia entre as crenças africanas – Iemanjá inclusive – e o culto a Deus. Muitos que desejam abandonar a umbanda temem ameaças de “orixás”. Mas quem desejar encontrar a verdadeira liberdade em Jesus Cristo deve fazer isso sem medo, pois “para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (I João 3:8). Foi o próprio Jesus quem disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

Com informações de Rocha Ferida e CACP


[1] Iemanjá, Mãe dos Orixás, Zora A. Seljan, Editora Afro-brasileira, São Paulo, 1973, p. 32.
[2] Os Cultos Mágico-Religiosos no Brasil, Abguar Bastos, Editora Hucitec, São Paulo, 1979, p. 29,30

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