Me causou espanto e depois preocupação quando me deparei
com noticias a respeito de uma possível aproximação entre pastores,
auto-proclamados “porta-vozes da comunidade evangélica”, e a rede Globo de Televisão. Veja aqui
matéria a respeito. Me espantei porque desde sempre essa emissora é inimiga
declarada dos evangélicos deste país.
Senão vejamos:
- Duas
Caras (com cenas tão descaradamente preconceituosas em relação aos
evangélicos que chocaram
até os católicos; a trama apresentava um casal gay mas curiosamente contava com música de Aline Barros na trilha!); tinha ainda um pastor que vivia pedindo orientações à mãe, dona de um terreiro de macumba (!);
- Avenida Brasil, onde uma evangélica tinha “recaídas” (?) e incorporava a “pomba-gira”;
- Avenida Brasil, onde uma evangélica tinha “recaídas” (?) e incorporava a “pomba-gira”;
- A série “Ó Pai Ó” (em especial o episódio
10, “A Cara do Pai”);
- América, novela de 2005, onde a recatada Creusa (Juliana Paes) de dia usava roupas comportadas, e à note traía o marido incorporando uma espécie de “pomba-gira”; óbvio, foi concebida por ela, sempre ela, auto-denominada “escritora”, Glória Perez...
- Meu Bem Querer, de 1998, onde duas irmãs “evangélicas” se revezavam em “ficar” com o mesmo homem;
- Decadência: sem comentários.
Recentemente divulgou-se: a próxima novela das nove tem o título provisório de “Em Nome do Pai”, e está sendo escrita por Walcyr Carrasco, que já ressabiado, prometeu um personagem evangélico, “sem caricaturas”. Afirmou o “escritor” que “seja católico, evangélico, budista, espírita ou rosa-cruz como eu, a fé transforma. É sobre isso que vou falar na novela, revelando ainda que vai ter uma das tramas mais originais da novela, um triângulo [amoroso]... se Deus quiser”. Veja você se Deus vai querer triângulo amoroso e ainda mais escrito por um rosa-cruz... Será que um rosa-cruz, de sobrenome carrasco, contratado pela Globo, vai retratar fielmente um evangélico? Me poupe. Isso é só mais uma “pegadinha”: escolheram para interpretar uma “maria-chuteira” convertida uma atriz de comédia famosa por ridicularizar evangélicos...
Além do mais, a própria mídia já reconhece que para fazer sucesso tem que ter escândalo. Leia aqui sobre isso.
Não preciso citar outras produções que fazem apologia ao candomblé, em especial as baseadas em JorgeAmado e Dias Gomes. Ou até mesmo um tosco programa de auditório, em seu episodio de 3/12/2012, com direito a sermão e apelo... Mas lembro a “guerra santa”
forjada para criar animosidade com os evangélicos, com o pano de fundo da
rivalidade com a Rede Record, de propriedade do mesmo grupo que controla a
Igreja Universal. E me preocupei porque essa “aproximação” me lembra uma
passagem bíblica.
O livro de Josué (cap. 9) descreve o
encontro dos hebreus com os gibeonitas, um povo que habitava ao norte de onde
fica Jerusalém hoje. Quando os israelitas chegaram a Canaã, vindos do Egito,
logo começaram a conquistar as cidades e se multiplicar. As notícias de suas
vitórias se espalharam e logo os de Gibeão perceberam que Deus estava com Josué
e seu povo. Talvez tenham percebido que os cananeus, de modo geral, seriam
derrotados, pois ficou claro a eles que Israel era um instrumento de Deus para
castigar a extrema maldade daqueles povos. A medida da ira de Deus havia se
esgotado; durante o tempo dos hebreus no Egito, os cananeus atingiram um nível
de degradação raramente visto. E então Deus decidira acabar com eles, usando os
israelitas como flagelo. Ver Deuteronômio 9:5
(certos intelectualóides nunca leram essa passagem e vivem questionando por que
Deus mandou matar tanta gente; aí está a explicação).
É importante esclarecer quem eram esses “cananeus” (descendentes de
Canaã, neto de Noé):
- os heveus, que habitavam próximo a Gibeão, a oeste do
monte Hermom (Josué
11:3 e Juízes
3:3). Um heveu violentou Diná, filha de Jacó (Gênesis 34);
- os heteus, um ramo dos hititas (Gênesis 10:15-17; 23:10; 25:9);
- amorreus do sul e leste de Jerusalém e
Transjordânia (“além do Jordão”, Números 13:30).
Deram trabalho aos israelitas, como quando Josué pediu a Deus que o Sol e a Lua
parassem (Josué 10:4,5);
- os ferezeus (ou perizeus), que no tempo de Abraão viviam
na região de Betel (Gênesis
13:7). Nos dias de Jacó havia uma colônia deles próximo a Siquém (Gênesis 34:30);
- jebuseus (de “Jebus”, o antigo nome de Jerusalém e arredores,
Josué 10:23,24).
Somente quando Jerusalém foi proclamada por Davi capital de Israel (II Samuel 5:6-9) é
que eles foram definitivamente removidos. Mas não exterminados, pois o templo
de Salomão foi edificado numa área que pertencera ao jebuseu Araúna (II Samuel 24:18-25);
- girgaseus (Gênesis 10:16).
Acredita-se que ocupavam a margem ocidental do Jordão, a oeste de Jericó.
Os gibeonitas eram aparentados a esses povos que vinham sendo
dizimados. Apesar da sua força militar e da grandiosidade da sua cidade (Josué 10:2), previram
a derrota, porque Deus lutava por Israel (5:1). Temerosos,
criaram então um ardil para enganar os israelitas. Os homens de Gibeão,
talvez em conluio com as cidades hevéias de Quefira, Beerote e Quiriate-Jearim,
enviaram uma delegação a Gilgal. Os “embaixadores”, com roupas velhas e
sandálias gastas, levando mochilas estragadas e pão bolorento, apresentaram-se
como “de uma terra distante”; portanto, “fora do caminho” das conquistas de
Israel. Reconheceram a mão de Deus no que havia acontecido aos egípcios. Mas,
malandramente, não fizeram menção do que acontecera a Jericó e Aí, pois essa
notícia era recente e não poderia ter chegado ainda à sua “terra mui distante”
antes da sua suposta partida. A delegação de Israel mordeu a isca, e fizeram um
pacto de amizade.
Todos sabem o que houve. Mesmo depois de descoberto o estratagema, os
israelitas tiveram que sair em socorro dos gibeonitas, pois precisavam honrar a
“sociedade”. Romper o pacto lançaria dúvidas sobre a fidedignidade de Israel e
causado desprezo pelo Nome de Deus entre as nações.
Alguns paralelos podem ser traçados sem esforço. O povo de Deus
hoje está sendo iludido pelos cananeus da Globo. Esses incrédulos não são
amigos de Deus nem do seu povo; mas já perceberam como o Evangelho cresce no
Brasil.
Há cerca de trinta anos, os protestantes brasileiros somavam menos
de 10 milhões, cerca de 8% duma população total de 120 milhões. Hoje, estão
entre 20 e 25% do total – 40 a
50 milhões (não entro aqui no mérito se são “crentes fiéis”, praticantes, ou
apenas nominais). De acordo com o IBGE, um crescimento de 61% apenas nos
últimos dez anos. Deuteronômio
7:7 já dizia: “O Senhor não tomou prazer em vós nem vos
escolheu porque fôsseis mais numerosos do que todos os outros povos; pois éreis
menos em número do que qualquer povo”.
Esse povo se multiplicou. Evangélicos hoje possuem mais
rádios, gravadoras, editoras, jornais; já têm canais de TV próprios e ocupam
inúmeras faixas de programação em diversos veículos de mídia. Fazem-se
representar nos três poderes da nação. Contam-se muitos entre atletas e
artistas de várias modalidades (embora alguns sejam bastante polêmicos). Suas
músicas romperam as barreiras das rádios comunitárias e hoje têm faixas
próprias em portais seculares (como UOL, Terra etc.) e em operadoras de TV a
cabo; não raro, tocam durante a exibição do “gol da rodada”. Lojas virtuais de
aplicativos para I-phone e Android possuem espaços exclusivos, agrupados na
prateleira “gospel”. Os cananeus gostando ou não, o povo de Deus está
ocupando espaço.
Mas os gibeonitas também estão aí, nas redondezas, e ainda praticam
o ditado “se não pode com eles, junte-se
a eles”, como fizeram com Josué. Negociam com pastores oferecendo engodos
como o “Troféu
Promessa”, como se estivessem propagando o Evangelho ou o Nome de Deus.
Muitos caem nessa esparrela, hipnotizados pelas luzes da ribalta e das chamadas
televisivas. Fingem não saber que o interesse dos gibeonitas é o próprio
ventre. Gibeão só quer manter a sua “fatia do mercado”, ou seja, mesmo com o
crescimento evangélico, não quer perder a boquinha. Se os “crentes” não compram
trilha sonora de novelas, porque não gravar DVDs no “padrão Globo de qualidade”,
embalar em capas esfuziantes e vender aos que antes evitavam o Jardim Botânico[1]?
Deus? Evangelho? Bíblia? Não, deixa isso pra lá. Como no tempo de Josué, eles
não dizem toda a verdade. E como naquela época, os israelitas não perguntam a
Deus se este negócio é Dele (Josué 9:14).
Entram de cabeça, achando que aparecer na Globo é “para a glória de
Deus”, e que “a
Globo está se rendendo ao Evangelho”. Em vez de lutar pela Verdade pedem
por mais
ilusão e mais ficção. Aceitam o pão bolorento dos gibeonitas.
Por isso fico a pensar: por causa do “trato com os
gibeonitas”, quando chegar a hora de defender a Globo, o que será que ouviremos
de alguns púlpitos? O que dirão esses que se arvoram em “lideres evangélicos”? Eu não sei se rio ou se choro: igrejas que no passado
denunciavam os escândalos globais, pedindo aos membros que não assistissem nem
comprassem nada relacionado à “Vênus Platinada”, agora celebram com
estardalhaço sua
parceria com a emissora! Também aqui.
E é assim que vemos umas cabeças-de-camarão defendendo esse acordo em
vários sites e blogs, geralmente editados por gente nova, que não
viveu os tempos duros da conquista e da oposição cananéia (Juízes 2:10).
Isso não vai dar certo: os objetivos são
incompatíveis. Diz Julio
Severo: “ganhar audiência é a meta da
Globo; ganhar almas para Cristo é a meta do verdadeiro cristão... AGlobo fechou 2012 com o pior ibope de sua história. Para
quem queria entender a ‘bondosa’ atitude da emissora de se aproximar de líderes
e cantores evangélicos de destaque, a resposta é óbvia: melhorar o ibope”. “Que sociedade tem a
justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas?” (I Coríntios 6:14). Efésios 5:11 - “E não vos associeis às obras infrutuosas das trevas,
antes, porém, condenai-as”. Desobedecendo a esses princípios, há
contaminação, como os israelitas fizeram. Não apenas pouparam os cananeus, ao
contrário do que Deus ordenara; mas se associaram a eles.
Muitos povos desapareceram da Terra Prometida, como os enaquins (Josué 11:21-23);
os zuzins (Gênesis
14:5); e os refains (Gênesis 15:20),
provavelmente os “de grande estatura”, como o rei de Basã, cuja cama media 4x2
metros (Deuteronômio
3:11). Mas outros permaneceram. Juízes 1 conta como os israelitas “não expulsaram aos jebuseus que habitavam em Jerusalém; pelo
que estes ficaram habitando com os filhos de Benjamim... Manassés não expulsou
os habitantes de Bete-Seã e suas vilas... porém os cananeus persistiram em
habitar naquela terra... Também Efraim não expulsou os cananeus que habitavam
em Gezer; mas os cananeus ficaram habitando no meio dele, em Gezer. Também
Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom, nem os de Naalol; porém os
cananeus ficaram habitando no meio dele... os aseritas ficaram habitando no
meio dos cananeus, os habitantes da terra, porquanto não os expulsaram. Também
Naftali não expulsou os habitantes de Bete-Semes, nem os de Bete-Anate; mas,
habitou no meio dos cananeus”.
E a conseqüência foi que, “habitando, pois,
os filhos de Israel entre os cananeus, os heteus, os amorreus, os perizeus, os
heveus e os jebuseus, tomaram por mulheres as filhas deles, e deram as suas
filhas aos filhos dos mesmos, e serviram aos seus deuses. Assim os filhos de
Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, esquecendo-se do Senhor seu
Deus e servindo aos baalins e às astarotes. Pelo que a ira do Senhor se acendeu
contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e
os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos” (Juízes 3:5-8).
Começou aí a longa e difícil servidão dos israelitas sob a tirania daqueles a
quem deveriam ter exterminado. Castigo, juízo, punição severa!
Associaram-se a eles, e acabaram dominados por eles.
Séculos mais tarde Esdras (9:1) disse: “O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, não se
têm separado dos povos destas terras, das abominações dos cananeus, dos heteus,
dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos
Ao contrário da Globo, dos portais “gospel” e de
grandes congregações por aí, este espaço é pequeno e de pouco ibope; meu
alcance é pequeno. Mas ainda
assim espero que alguns desses “líderes” ávidos por holofotes leiam isto, ou
algo semelhante, e ponham a mão na consciência; que avaliem o risco a que estão
expondo o povo de Deus, ao fazer acordo com gibeonitas. Se você compartilha da
minha preocupação, se você está entre os “sete
mil que não dobraram seus joelhos” (I Reis 19:18 ), me ajude e
dê um tweet, encaminhe para outros, e “toque a trombeta em
Sião!” (Joel 2:1).
Se não concorda, boa sorte. Espere sentado(a) para um dia assistir,
feliz e sorridente, a alguma heroína evangélica pregando o Evangelho numa
próxima novela, logo após a reapresentação do tal troféu.
Que Deus tenha misericórdia de nós.
201230