quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Obituário: quem morreu em 2012

Vai com Deus, descanse em paz...

2012 chegou ao fim e grandes cidades do mundo não foram devastadas. Os pólos da Terra não se inverteram. Os continentes não mudaram de lugar, o Sol não torrou tudo, nem meteoros caíram, nem aviões perderam a orientação e colidiram. Não morreram bilhões de pessoas como alguns idiotas vaticinaram.
Mas infelizmente, somente nesse ano, cerca de 30.000 pessoas perderam a vida nos conflitos na Síria.
Número aproximado de vítimas de catástrofes naturais, como o furacão Sandy – que ceifou cerca de 200 vidas desde o Haiti até Nova York, e o tufão Bopha, que assolou o Sudeste Asiático no início de dezembro deixando quase 1000 mortos e desaparecidos. Na Russia, mais de 150 morreram numa onde de frio na semana do Natal.
Mais de 100 jornalistas morreram no exercício da profissão, a maioria em zonas de conflitos. Conflitos que parecem eternos e seguem sua triste jornada: cerca de 1.470 pessoas foram assassinadas este ano só no Paquistão em 1.293 ataques, e 910 no Afeganistão em 364 atentados.
A guerra do trânsito nas ruas brasileiras foi responsável por ainda mais mortos – passam de 40.000, por mais que as autoridades noticiem planos e mais planos para reduzir essa estatística.
Numa escola dos Estados Unidos, 27 pessoas – dentre os quais 20 crianças – foram massacradas por mais um maníaco, depois de outro doido matar 7 num cinema, durante um filme do Batman; outro abrir fogo em um shopping center, matando mais dois, e ainda mais um invadir a empresa de onde fora demitido e matar cinco. Não nos esqueçamos do tiroteio perto do Empire State, em NY; do coreano que fuzilou sete numa faculdade em Oakland, e dos sete adeptos da religião sikh em Wisconsin, em agosto. E aqui no Brasil tem maluco defendendo a liberação do porte de arma.
Quase 100 policiais morreram assassinados por bandidos somente em São Paulo. Inocentes atingidos por balas perdidas são impossíveis de ser contabilizados. 
Entre os famosos, desde o primeiro dia do ano desapareceram muitas caras conhecidas.

No dia 1º de janeiro, morreu Carlos Valadares, narrador em várias Copas do Mundo. Na Alemanha em 1974, era da Rádio Itatiaia. Em 1978 na Argentina e 1982 na Espanha, fazia parte da equipe da Rede Globo; no México em 1986 Itália (1990) e Estados Unidos (1994) narrou a Copa para o SBT. Tinha 63 anos. 

Etta James - grande nome do blues e do jazz, tinha 73 anos e morreu no dia 20 de janeiro, devido a complicações decorrentes da leucemia. O auge da carreira aconteceu nas décadas de 50 e 60, e seu maior sucesso foi a música “At Last”, de 1961, usada em filmes, como “Wall-E” (2008) e regravada por importantes cantoras da atualidade, como Beyoncé e Christina Aguilera. 

Wando - Faleceu em 8 de fevereiro aos 67 anos. Conhecido pelas músicas românticas de estilo "brega", e por colecionar calcinhas que suas fãs costumavam atirar ao palco quando se apresentava, não resistiu a uma série de complicações originadas de uma parada cardiorrespiratória. 

Whitney Houston - Encontrada morta imersa numa banheira, no dia 11 de fevereiro. Autora de sucessos como “I Will Always Love You” e “I Have Nothing”, e protagonista do filme “O Guarda-Costas” (de 1992), enfrentava o vício em drogas. Um relatório concluiu que a morte ocorreu após uma overdose de cocaína, álcool e remédios. 

Maurício Corrêa - advogado, jurista, magistrado, ministro e político mineiro, participou de vários governos, desde a redemocratização do Brasil em 1985, iniciada com a eleição de Tancredo Neves. Morreu em virtude de uma parada cardíaca em 17 de fevereiro, aos 78 anos, em Brasília.

Peri Ribeiro - Faleceu na manhã de 24 de fevereiro, aos 75 anos, em decorrência de um infarto fulminante. Seu nome verdadeiro era Peri de Oliveira Martins e era filho de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, ambos cantores de sucesso na chamada “era do rádio. Cantor e compositor, ficou famoso a partir dos anos 1950. Ganhou prêmios e gravou 12 discos dedicados à Bossa Nova. 

Chico Anysio – Humorista, faleceu em 23 de março, de parada respiratória e falência múltipla dos órgãos, devido ao choque séptico provocado por uma infecção pulmonar. Tinha 80 anos e já enfrentava problemas de saúde havia meses. Gênio do humor, criou mais de 200 personagens, como o Professor Raimundo, Bento Carneiro, Bozó, Nazareno e Painho.

João Mineiro, da dupla sertaneja “João Mineiro e Marciano”. Referência no gênero, fez história na música brasileira desde 1973. O sucesso atravessou os anos 80, ganhou programa na TV e culminou em uma turnê nos Estados Unidos, em 1990, e a gravação de um disco em espanhol, em 1991.  João Sant'Angelo (seu nome verdadeiro) faleceu em 24 de março. 

Millôr Fernandes - Aos 88 anos, o escritor, desenhista, humorista, dramaturgo e tradutor  morreu no dia 27 de março, de falência múltipla nos órgãos. Foi colaborador de importantes veículos de comunicação, como as revistas O Cruzeiro e Veja, e um dos fundadores do jornal O Pasquim, no final dos anos 1960.

Jim Marshall, pioneiro dos amplificadores de guitarra e apelidado de “pai do barulho”, considerado um dos responsáveis pelo “som do rock”. Seus amplificadores são presença constante nos palcos do mundo inteiro, foram celebrizados por astros como Jimi hendrix e desde então têm a fama de serem os melhores já produzidos e preferidos por inúmeros guitarristas e bandas por todo o mundo. Em 5 de abril, aos 88 anos, de causas não reveladas.

Marly Bueno – atriz, tinha 78 anos quando faleceu em 12 de abril, em decorrência de uma infecção intestinal. Veterana de várias novelas e filmes, seu último trabalho na TV foi interpretar Ainoã, a malvada esposa do rei Saul, na minissérie “Rei Davi”, da TV Record. 


Tinoco (José Salvador Perez), faleceu em 4 de maio, aos 92 anos, vítima de insuficiência respiratória. Como membro da dupla sertaneja Tonico e Tinoco, realizou cerca de 40 mil apresentações em toda a carreira. Dentre seus maiores sucessos estão “Tristeza de Jeca”, “O menino da porteira”, “Chico mineiro” e “Moreninha linda”. Permaneceu em atividade por 82 anos.

Donna Summer - Em 17 de maio, vítima de câncer de pulmão. Tinha 64 anos. Conhecida nos anos 1970 como a Rainha do Disco, LaDonna Adrian Gaines vendeu aproximadamente 130 milhões de discos em todo o mundo.

Robin Gibb - Membro fundador da banda Bee Gees ao lado de seus irmãos Barry e Maurice, de enorme sucesso principalmente no fim dos anos 1970, quando chegaram a vender mais de 250 milhões de discos ao redor do planeta. Faleceu vítima de câncer aos 63 anos, em 20 de maio.

Jon Lord - Tecladista e membro fundador do Deep Purple, sofria de câncer no pâncreas mas morreu de embolia pulmonar, em 16 de julho, aos 71 anos. Um dos autores do clássico “Smoke on the Water” e outros sucessos, seu trabalho com o Deep Purple durou até 2002, quando passou a se dedicar apenas à carreira solo, que levava paralelamente à banda desde os anos 1970.

Tony Scott - Diretor de cinema, irmão do também cineasta Ridley Scott, pulou de uma ponte no dia 19 de agosto, em Los Angeles. Conhecido pela direção de filmes marcantes como “Top Gun – Ases Indomáveis” (1986), “Maré Vermelha” (1995), “Inimigo do Estado” (1998), “Chamas da Vingança” (2004), “Déjà Vu” (2006) e “Incontrolável” (2010).

Félix, goleiro titular da seleção brasileira tricampeã mundial na Copa de 1970. Era apelidado pelos outros jogadores de “Papel, devido à sua magreza e aos vôos que protagonizava em suas defesas - diziam que voava como um papel. Fumante inveterado, sucumbiu a um enfisema pulmonar em 24 de agosto, aos 74 anos. 

Neil Armstrong - O primeiro homem a pisar na Lua morreu em 25 de agosto, aos 82 anos. O ex-astronauta foi um dos tripulantes da Apollo 11, em 1969, com Michael Collins e Edwin “Buzz” Aldrin. É dele a famosa frase: “este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”. Cristão, dizia dar mais valor às pegadas de Cristo do que ter deixado pegadas na Lua.

Michael Clarke Duncan - Ator americano, morreu no dia 3 de setembro, aos 54 anos, em Los Angeles. Interpretou um homem injustamente condenado à morte no filme “À Espera de um Milagre” (1999), e também atuou em “Armageddon”' (1998), “O Planeta dos Macacos” (2001), “O Escorpião Rei” (2002), “Sin City” (2005), e “Kung Fu Panda” (2008).

Hebe Camargo - Aos 83 anos, a atriz, cantora e apresentadora de TV, morreu na madrugada do dia 29 de setembro, deixando saudades para o público brasileiro, depois de lutar contra o câncer. 

Eric Hobsbawm - Historiador e professor emérito da Universidade de Londres, morreu em 1º de outubro, aos 95 anos. Por suas convicções marxistas, Hobsbawm era muito respeitado, mas também polêmico. Ele foi o autor dos livros “A Era das Revoluções”, “A Era do Capital”, “A Era dos Impérios” e “A Era dos Extremos”. 

Regina Dourado – atriz, fazia tratamento contra um câncer de mama desde 2003, mas não resistiu às complicações da doença e faleceu no dia 20 de outubro, aos 59 anos. O estado de saúde dela era crítico: estava inconsciente e já não respondia a estímulos.

Marcos Paulo, galã de novelas e mini-séries como “Sinhá Moça” e “Primo Basílio”, e também chegou a dirigir filmes. Morreu no dia 11 de novembro, devido a uma embolia pulmonar. O ator e diretor de 61 anos havia passado, em 2011, por um tratamento contra um tumor no esôfago.

Joelmir Beting, jornalista e comentarista de economia e política. Sociólogo, tornou-se editor de Economia do jornal Folha de S. Paulo, lançando uma coluna diária a partir de 1970, desmistificando e traduzindo a Economia em termos populares e jocosos. Criou bordões como “quem não deve, não tem” e “na prática, a teoria é outra”. Aos 75 anos, em 29 de novembro.

Dave Brubeck, pianista de jazz norte-americano. Reconhecido como um gênio em sua área, ele compôs vários jazz standards, incluindo “In Your Own Sweet Way” e “The Duke”. Em 5 de dezembro, aos 92 anos.

Oscar Niemeyer – o renomado arquiteto brasileiro se notabilizou por mudar a paisagem de várias cidades no Brasil e no Mundo. Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Niterói, Paris, Nova York e Curitiba são apenas alguns lugares onde o seu traço inconfundível pode ser visto em obras que permanecerão como verdadeiros ícones durante muito tempo. Em 5 de dezembro, às vésperas de completar 105 anos de vida.

Ravi Shankar, músico indiano. Virtuose da cítara, instrumento típico de seu país, influenciou a música dos Beatles e especialmente a de George Harrison. Tocou em vários festivais importantes, inclusive Woodstock e Concerto Para Bangladesh, um dos primeiros realizados para arrecadar fundos para vítimas de catástrofes.  Era pai da cantora Norah Jones e da – como ele – instrumentista Anoushka Shankar. Em 11 de dezembro, aos 92 anos.

Este longo obituário podia ser maior ainda. Com certeza, você se lembrará de mais alguém, famoso ou não. Afinal, estima-se que, atualmente, morrem mais de 54 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo.
Isto nos faz parar para pensar.
Onde estaremos daqui a um ano?

Será que vamos fazer parte dessa longa lista de desaparecidos?
E se sim, será que deixaremos saudade? As pessoas sentirão falta de nós? Chorarão nossa perda?
E, caso não estejamos mais aqui, onde estaremos?
Vivendo uma nova, eterna e melhor vida ao lado de Jesus – como ele prometeu ao ladrão na cruz, “ainda hoje estarás comigo no paraíso”? Ou estaremos numa terrível expectativa de um julgamento do qual não sairemos com veredito favorável? Quantos desses mais de 54 milhões descansam em paz hoje? Quantos já sentem o calor e o cheiro de enxofre?
É para pensar. Pensar e agir, enquanto ainda temos o fôlego da vida e oportunidade para escolher onde queremos passar a Eternidade.

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