domingo, 8 de maio de 2011

As dez pragas do Egito

Cientistas tentam dar explicação "natural"
Na época da páscoa, como no Natal, os canais de TV desenterram documentários e mais documentários sobre temas bíblicos - um eufemismo para programas de fundo pseudo-científico, onde certas medocridades do mundo intelectual tentam dar explicações naturais para os milagres narrados nas Escrituras. 
Sobre a saída dos hebreus do Egito, por exemplo, fato central da Páscoa judaica, certos “pesquisadores” atribuem tudo a uma cadeia de fenômenos climáticos e catástrofes naturais. Isto até já saiu em alguns blogs e portais cristãos, e agora resolvi dar o meu pitaco.
Descobriram que a capital egípcia da época do Êxodo, a cidade de Pi-Ramsés, parece ter sido abandonada há 3.000 anos, durante o reinado de Ramsés II (entre 1.279 e 1.213 a.C.), e as 10 pragas que caíram sobre o Egito poderiam explicar a razão. Climatologistas descobriram uma mudança drástica na região, naquela época. Ao estudar estalagmites em cavernas egípcias, eles formaram padrões de tempo usando os traços de elementos radioativos da formação calcária. Antes de Ramsés havia um clima quente e úmido, mas depois houve seca.
O professor Augusto Magini, paleoclimatologista da Universidade de Heidelberg, disse que “Ramsés II reinou durante um período muito favorável. Houve muita chuva e o país floresceu. Este período úmido durou algumas décadas. Depois o clima faz uma curva acentuada para baixo. Há um período de seca, que certamente teria tido conseqüências graves”. Essa mudança no clima seria o ponto de partida para as pragas. 
O aumento da temperatura teria feito o rio Nilo secar, transformando o fluxo rápido em um movimento lento de água lamacenta, perfeito para a primeira praga, que na Bíblia é descrita como as águas transformadas em sangue.
O dr. Stephan Pflugmacher, biólogo do Instituto Leibniz de Água, Ecologia e Pesca Interior, em Berlim, acredita que esta descrição poderia ter sido o resultado de uma alga tóxica de água doce. Ele disse que uma bactéria conhecida como “borgonha’ ou algas Blood Oscillatoria rubescens provocam efeitos semelhantes. “Ela se multiplica maciçamente no movimento lento das águas quentes com altos níveis de nutrição. E quando morre deixa manchas vermelhas na água”, disse.
Os cientistas também afirmam que a chegada das algas acarretou a chegada da segunda, terceira e quarta pragas – rãs, piolhos e moscas. O desenvolvimento de girinos é regulado por hormônios que podem acelerar o seu desenvolvimento em tempos de estresse. A chegada das algas tóxicas forçou os sapos a deixarem a água em que viviam. Com a morte das rãs, mosquitos, moscas e outros insetos teriam se multiplicado por causa da falta de predadores. E isso teria ocasionado a quinta e sexta pragas - gado doente e furúnculos.
“Sabemos que muitas vezes os insetos portadores de doenças como a malária provocam uma reação em cadeia, que é o surto de epidemias, fazendo com que a população humana fique doente”, explica o professor Werner Kloas, outro biólogo do Instituto Leibniz. Ele só não explica como o povo judeu e seu rebanho adquiriram imunidade instantânea, pois só os egípcios (homens e animais) foram contaminados.
Uma catástrofe que ocorreu a mais de 400 quilômetros de distância poderia, segundo os cientistas, ser a responsável pela sétima, oitava e nona pragas, granizo, gafanhotos e trevas: um vulcão perto de Creta, explodiu há cerca de 3.500 anos atrás, despejando milhões de toneladas de cinzas vulcânicas na atmosfera.
Espere aí, doutor: as pragas não foram há 3.000 anos? Como o vulcão que explodiu perto de Creta poderia ter relação com as catástrofes nas terras do Faraó, 500 anos depois? Furos na teoria científica...
Os cientistas encontraram pedra-pomes, lava vulcânica que esfriou, durante as escavações no Egito, apesar de não haver qualquer vulcão por lá. A análise das rochas mostra que ela veio de Santorini, fornecendo evidências físicas de que cinzas da erupção atingiram a costa egípcia500 anos antes das pragas, mas tudo bem.
Nadine von Blohm, do Instituto de Física Atmosférica da Alemanha, fez experiências sobre como se forma o granizo e acredita que as cinzas vulcânicas de Creta podem ter relação com trovoadas no Egito para produzir tempestades de granizo.
Bem, vamos lá. Usemos o método científico e esqueçamos esse pequeno detalhe. Para desacreditar a Bíblia, vale tudo, desde omitir informações até incluir outras discrepantes.
O dr. Siro Trevisanato, biólogo canadense, disse que os gafanhotos também poderiam ser explicados. “A cinza do vulcão causou anomalias climáticas, com precipitações mais elevadas e maior umidade. Isso é exatamente o que favorece a presença dos gafanhotos”, disse. Mas... peraí! Precipitações elevadas e mais umidade? O outro sujeito, o fabuloso PhD Augusto Magini, o gênio de Heidelberg, não disse ali em cima que a causa das pragas era a seca? E quinhentos anos depois da erupção, não nos esqueçamos desse detalhe científico. Depois a Bíblia é que é contraditória...
As cinzas vulcânicas também poderiam ter bloqueado a luz do sol - 500 anos depois de expelidas pelo vulcão lá no meio do Mediterrâneo - propiciando a praga da escuridão. Mas, como sempre, não explicam tudo: como os israelitas superaram essa, digamos, dificuldade? Pois a Bíblia relata que as trevas não os atingiram. Só os egípcios ficaram no escuro.
A última praga, a morte dos primogênitos, seria causada por um fungo que pode ter envenenado o abastecimento de grãos, aos quais os primogênitos teriam prioridade, e por isso foram as primeiras vítimas. Primeiras? A Bíblia diz que só os primogênitos morreram, e mesmo assim só os egípcios, inclusive os animais! Será que todos os primogênitos egípcios comeram os grãos contaminados na mesma noite, inclusive os animais? E os judeus jejuaram nesse dia?
O Dr. Robert Miller, professor de Antigo Testamento da Universidade Católica da América, confessa: “Estou relutante em avançar com as causas naturais para todas as pragas. O problema com as explicações naturalistas é que elas perdem o sentido. “E a questão toda é: o povo judeu não saiu do Egito por causas naturais. Foi pela mão de Deus”, disse.
(Texto compilado de reportagem publicada Gospel+, a partir de original do jornal Telegraph)
Comentário: programas de TV, notadamente os de documentários, adoram falar sobre as “provas científicas” dos temas bíblicos. Os milagres de Cristo, a ressurreição, a queda as muralhas de Jericó, a crucificação, a destruição de Sodoma, o Apocalipse, tudo já teve uma ou várias tentativas de explicações científicas. Mas como disse o prof. Miller, causas naturais não são suficientes. Seria necessária uma série tão extraordinária de coincidências que a probabilidade de serem fenômenos naturais é praticamente zero.
A morte dos primogênitos, por exemplo, já foi diagnosticada como conseqüência de um gás emanado das margens do Nilo, poluídas por animais mortos. Não explica porque os primogênitos hebreus nada sofreram, nem porque apenas os animais egípcios adoeceram e morreram, enquanto os dos judeus permaneceram saudáveis.  Como se vê, o fanatismo religioso dos ateus os impede de aplicar o mesmo critério - que eles acreditam ser científico - a todos os fatos.
E só para completar, uma análise simples da cronologia bíblica, perfeitamente registrada nas Escrituras, nos dá a informação de que o Êxodo ocorreu não por volta de 1200 a.C., mas sim em 1446 a.C. Antes que retornem com a velha falácia de que “naquela época se contava o tempo diferentemente”, indico a leitura deste artigo, onde provo por A + B que o ano judeu tinha, exatamente, a mesma duração de hoje, 12 meses de 28/29 dias (calendário lunar) com os dias restantes adicionados ao final para equilibrar o ano lunar com o ano solar. O solar era adotado pelos egípcios, cuja cultura Moises conhecia profundamente e não teria cometido um erro absurdo de considerar um ano como tendo 30 dias, ou seis meses, sei lá. Besteira da grossa, como já mostramos aqui, aqui e aqui.
Mas se mesmo assim não estiverem convencidos, basta contar para trás, usando a matemática, que alguns pensam ser mais confiável. Conte-se então a partir da construção do primeiro templo por Salomão, data precisamente documentada: 966 a.C., de acordo com I Reis 6:1 Sucedeu, pois, que no ano quatrocentos e oitenta depois de saírem os filhos de Israel da terra do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de zive, que é o segundo mês, começou-se a edificar a casa do Senhor.
Ora, se Salomão começou a reinar em 970 aC., o quarto ano de seu reinado foi
966 a.C. Menos 480 desde a saída do Egito, temos a data de 1446 como sendo o ano das pragas no Egito.
Erraram, mais uma vez, os fanáticos ao datar o Êxodo em 1213 a.C. Mais de dois séculos de erro! E como querem que acreditemos nas suas interpretações naturais dos milagres bíblicos, se nem mesmo sabem fazer contas simples de somar e diminuir?
Ora... tenham santa paciência...