domingo, 15 de março de 2009

Verdadeira igreja?

A igreja católica define a si mesma como “a verdadeira igreja”. Em 5 de setembro de 2000, João Paulo II, em sua encíclica "Dominus Iesus", determinou que a igreja católica é a única Igreja de Cristo, e que os cristãos do mundo inteiro devem estar em comunhão com ela, e que incorrem em grave erro os que não reconhecem sua autoridade.
Será que ele tinha razão? Se pararmos para pensar um pouco sobre isso, veremos que há quase 500 anos certas verdades bíblicas foram proclamadas claramente por um padre alemão, para quem quisesse ver e ouvir. Mas até hoje os católicos ainda não se debruçaram seriamente sobre elas, e nem apresentaram a refutação bíblica que justifique a sua rejeição.
Os quatro fundamentos principais das 95 Teses de Martinho Lutero, afixadas em 1517 na porta do Castelo de Wittenberg, onde eram pregados os avisos da Universidade Católica em que lecionava Teologia Bíblica, são estes:
I - Só pela Bíblia. Autoridade absoluta da Palavra de Deus. Não ao sincretismo - a incorporação de tradições, geralmente advindas de fontes pagãs, então aceitas pela igreja.
II - Só pela fé. “... sois salvos, por meio da fé...” (Efésios 2:8).
III - Só pela graça. “Porque pela graça sois salvos...” (Efésios 2:8). ...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6.23); “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). Obras não são condição para a salvação, mas sim reflexo daquele que é salvo e as pratica como fruto do amor.
IV - Só por Jesus. Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14:6). Aquele que crê no Filho tem a vida eterna... (João 3:36). “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”. (1 Timóteo 2:5).
O desejo de Lutero não era romper com a igreja, mas transformá-la e fazê-la voltar a esses princípios bíblicos. Porém basta uma pequena olhada nas páginas da História para notar que, de fato, a igreja católica é quem vem há muito tempo se distanciando da Palavra de Deus, com a introdução de práticas e doutrinas estranhas ao Evangelho, que se tornaram “dogmas” (ou seja, devem ser aceitos sem contestação, por mais absurdos que sejam). Veja algumas invenções – nenhuma delas respaldada pela Bíblia – que se incorporaram ao catolicismo com o passar do tempo:
- orações pelos mortos e entrega de oferendas nos cemitérios, por volta do ano 310 depois de Cristo;
- cerca do ano 313: começa o costume de procissões, copiado de religiões pagãs e de cerimônias bizantinas; introduz-se o batismo de recém-nascidos; imagens e esculturas nas igrejas se tornam comuns, a princípio como peças decorativas ou didáticas, e mais tarde objetos de culto em si mesmas;
- séculos III e IV depois de Cristo (entre os anos 200 e 400): o bispo da cidade de Roma começa a ser considerado o maioral entre todos, dando origem à instituição do papado;
- acender velas nos templos, por volta do ano 320;
- adoração de santos: bárbaros recém “cristianizados” transformam seus costumes pagãos de louvar antigos heróis em “culto a santos” cristãos, cerca do ano 375;
- a partir de 590, são introduzidos, aos poucos, a “veneração” de Maria; o “sacrifício da missa” (a cada cerimônia celebrada pelo sacerdote, o sacrifício de Jesus se repete); orações dirigidas aos “santos” se tornam comuns; começa-se a imaginar um purgatório como lugar intermediário entre o céu e o inferno, onde as almas vão sofrer e se purificar antes de entrar no paraíso.
- uso de água benta, no ano 840;
- canonização de santos, em 993;
- celibato imposto aos sacerdotes, em 1074;
- populariza-se a reza do terço, no ano 1090, copiada de práticas orientais;
- instituição dos “sete sacramentos” (atividades obrigatórias para ministrar uma graça especial às almas); no ano 1140 (batismo infantil, crisma ou confirmação, penitência, eucaristia/missa, matrimônio, ordenação aos sacerdócio, extrema-unção aos moribundos);
- venda de indulgências, no ano 1190;
- dogma da transubstanciação e o confessionário, em 1215 (a hóstia se transformaria misteriosamente no corpo real de Cristo).;
- a reza da Ave-Maria, em 1316;
- 1343: indulgências (os “santos” alcançaram tanto mérito na Terra que o excedente, guardado num tesouro no céu, poderia ser “sacado” pelo papa em favor dos vivos, mediante o pagamento em dinheiro, sem necessidade de arrependimento do penitente);
- o cálice da comunhão é só para o clero, no ano 1415;
- adotada oficialmente a doutrina dos sete sacramentos obrigatórios e a criação do purgatório, em 1439;
- 1476: as indulgências são estendidas aos que já morreram, originando as missas de 7º dia e similares;
- 1545/1563: os sete livros apócrifos são incluídos na Bíblia católica. De autoria incerta, contendo lendas e poesias da antiguidade judaica, são cheios de erros, repetições, acréscimos e cópias de trechos tradicionais, como 'Judite', que imita a história de Jael e Sísera, contada originalmente no livro de Juízes. Contêm ensinos espúrios que pretendem embasar doutrinas como a da intercessão pelos mortos, adoração aos anjos, o livramento das almas após a morte e o valor das boas obras para a salvação, dentre outras, sem falar no cunho humanista e filosófico de cores helenísticas. Com isso, a Bíblia deixou de ser considerada única regra de fé e prática (pois os graves erros históricos e geográficos contidos nos apócrifos desautorizam todo o conjunto), e assim a “tradição” ou interpretação dos “sábios” católicos passou a ser equivalente à Palavra de Deus em autoridade;
- a conceição imaculada da virgem Maria anunciada, em 1854 (Maria, para poder gerar a Jesus, também deveria ter sido gerada sem pecado);
- 1863: anuncia-se que fora da igreja católica não é possível haver salvação;
- infalibilidade do Papa, em 1870; o bispo de Roma não erra quando usa autoridade eclesiástica, (como quando obrigou Galileu a afirmar que o Sol girava em torno da Terra);
- 1891: Maria, a partir dessa data, foi promovida a co-redentora da humanidade e mediadora entre Cristo e os homens;
- a ascensão de Maria, no ano 1950 (por não ter pecado, Maria não teria conhecido a morte, mas teria sido levado por anjos – com a casa onde morava e tudo – e coroada “rainha dos céus”).
Então, sobre ser “a verdadeira igreja”, guiada por homens infalíveis, lemos na Bíblia: “...sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso” (Romanos 3:4). Infalível, só Deus, o imutável Deus de amor e de justiça: o mesmo ontem, hoje, e eternamente (Salmo 90:2; Isaías 40:28; 41:4; 43:10-13; Hebreus 9:14; 13:8).
Cabe a cada um decidir se segue a Palavra de Deus, infalível e imutável, ou a tradição tosca de homens venais. O leitor verifique onde está a verdadeira Noiva do Cordeiro, Igreja Gloriosa, sem mácula nem ruga, mas santa e irrepreensível (de acordo com Efésios 5:27).

DOA A QUEM DOER.

Fontes: Earle Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, Ed. Vida Nova, 2ª ed., p. 208/209; Ankerberg & Weldon, Os Fatos Sobre o Catolicismo Romano, Obra Miss. Chamada da Meia Noite, 1ª ed., 1997, p. 22-23, 42, 58, 68. Fausto Rocha, artigo publicado na Revista Defesa da Fé. Publicado anteriormente no Boletim da Igreja Batista da Renascença, Belo Horizonte, maio de 1998.